segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

da ausência de sentido, da brevidade da vida, daquilo que move o mundo e etc.

por quê o bambu brota?
não sabe ele que o mundo é pleno de desespero e privação?

e no entanto, nós que sabemos, continuamos a fazê-lo

muitas mentiras tecidas
desejos de manhãs ensolaradas
catedrais construídas
milhões de teorias
olhos buscando nas paredes mofadas sinais de redenção

triste destino o nosso

sim eu tambem tive outro sonho
onde as pessoas vestiam branco
e me tratavam bem

abro os olhos
na tela do vídeo
o bonito coral grita: Jerusalém
e eu começo a chorar
fecho os olhos
e penso
aquilo que move o mundo
é a mesma coisa que ajuda a matar

aqui ficava uma casa



aqui onde ficava uma casa
e se achava um luar
em algum lugar da memória
guardar

sábado, 24 de dezembro de 2011

noite feliz / a vida não cabe no bolso # 18

e tudo já deveria ficar por aqui
mas eu peço silêncio
é quase feriado nacional
e enquanto você penteia o cabelo
eu tomo mais um trago
e anseio por outro cigarro

pouco espero para entrar no carro
e pelo retrovisor olhar aquilo
que os outros deixaram morrer 
por não conseguir entender
que a vida não cabe no bolso
que tudo está aqui ao lado

enquanto eu rabisco mais um poema
jimi hendrix continua seu batuque
você voltou a sorrir
mas as coisas não duram tanto tempo para que eu possa gostar delas
e mesmo assim tudo tem que seguir
o carro está em movimento e eu não queria nunca mais sair daqui

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

ENTÃO É ISSO
EU NECESSITO DA MATÉRIA
PARA BUSCAR A COISA FINA
EXPERIÊNCIA MÍSTICA
AQUI EU VOU

E DO SUOR DO MEU TRABALHO
NASCE A ESPERANÇA DO DESCANSO
E DO DESAMOR TÃO CONSTANTE
ANTECEDE A EXPLOSÃO AMOROSA
E DA RAPINAGEM  QUE AGORA ROLA NA LIBIA
EXPLODE MINHA INDIGNAÇÃO

ENTÃO TÁ
É ASSIM QUE FUNCIONA
ENTRE O OTIMISMO E O PESSIMISMO
EU CAMINHO
VOU ENTENDENDO COMO EU SOU

PELO MENOS NÃO CORTARAM TODAS AS ÁRVORES
EU AINDA TENHO ALGUMAS AULAS PARA DAR
O ESPECIAL AINDA NÃO ESTOUROU
AINDA RESTA A CHANCE DE UM OPERAÇÃO DE RISCO
A NORAH JONES NUNCA VAI PARAR DE CANTAR
SEMPRE EXISTE A POSSIBILIDADE DO GRITO

É ASSIM QUE EU FICO
ENTRE O SORRISO E A DOR
TUDO PASSA EM POUCO TEMPO
MAS SE VOCÊ NÃO VEM COMIGO
ONDE É QUE VAI PARAR TUDO  ISSO?

O QUE FOI FEITO
E O QUE AINDA ESTÁ POR VIR
NÃO É NADA PERTO DO SEU SORRISO
EU ESPERO SEU NOVO PASSO
PORQUE É O SEU BRAÇO
QUE VAI ME TIRAR DE ONDE EU ESTOU

era uma vez um verão

em conversas sadias em volta das fogueiras juntamos as pontas para acabar as diferenças
na falta de artistas cantamos nossas musicas bonitas feitas de improviso
novos amores todos os dias aconteceram
de mãos dadas caminhamos pisando as ondas
quando voltamos já éramos melhores do que antes

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Um divisor de águas.Belo Monte e Cisternas de plástico.



Aqui e ali eu vou encontrando motivos para não apoiar o governo Dilma.

A priori eu apoio.

Não cabe aqui escrever um post gigantesco sobre o PT,o que era, ou pretensamente foi. O meu apoio á priori nasce de uma análise histórica da conjuntura do país, dos partidos políticos e daquilo que eu julgo possível, dentro do país.

Rapidamente:

1-Casa grande & Senzala; Sobrados e Mucambos,a divisão de classes, o negro e o índio envergonhados, assassinados e estuprados, a elite copiando o que de pior existe lá fora, agora Miami e Ilha de Caras, a cultura de massas sem substância nenhuma. O racismo é brabíssimo no Brasil. Sem uma revolução completa no tema - emancipação do negro e do índio - não se avança e não acontece uma verdadeira civilização brasileira.
2-Partido Popular dentro das regras midiáticas e da "democracia" brasileira é o PT.
3-Quase nada é possível aqui. A ausência de diálogo é notável. Hegemonicamente o país é muito conservador.Dentro de casa e por debaixo dos panos é diferente, isso no campo sexual, mas rola uma certa perversão, alguma coisa doentia e eu não julgo essa liberalidade como amorosa, mas com um ingrediente doentio - mas isso é uma outra coisa e outro assunto.
   Quase nada é possível porque se confunde desenvolvimento com crescimento econômico, isso tanto no macro, quanto no micro. (Não dá pra esquecer que em sessão espirita se diz: Você precisa desenvolver...)

Pensar no que é possível dentro da "legalidade", é uma merda. A vida é uma merda, e partir pra luta, pra barricada e o terrorismo é a uma saída.Mas será que o meu modelo de vida não merda - viver na Natureza, sondar o espaço, buscar a harmonia com tudo - é o melhor para todos?

Daí a opção pela "legalidade' a democracia representativa, e outros que tais.

...

Isso posto, evidentemente não me dou por satisfeito coma minha argumentação, mas estou desenvolvendo...Vou á Belo Monte, e depois ás cisternas de plástico.

Belo Monte é uma hidrelétrica, ou será, na Amazônia.

Num debate, que seria longuíssimo, apresentando argumentos contra e a favor de Belo Monte, seria falado provavelmente isso: ocupar a Amazônia e aproveitar seus recursos. e é isso que eu tenho lido:

http://www.blogbelomonte.com.br/wp-content/uploads/2011/09/REPORTAGEM%20-%20CARTA%20CAPITAL.pdf


Sobre esses argumentos, vão aqui os meus:

O que é estratégico na Amazônia? A ocupação dela e seu aproveitamento? Mas o que é a ocupação dela e seu aproveitamento?

A Amazônia está ocupada pelos índios , e pelos caboclos. E também pelo latifúndio. E por ONGs, muitas inescrupulosas.

Como aproveitar as riquezas da Amazônia?

Quem somos nós para aproveitá-las? Um acaso(?( faz com que grande parte da Amazônia seja(?) brasileira e ela está sendo destruída dia-a dia.

Então, o que eu disse:

a) A Amazônia está ocupada,e mal ocupada , pelo modo de civilização branco.
b) Não penso que nós brasileiros sejamos os mais indicados para aproveitar de seus recursos.Sob certas condições o nacionalismo pode ser muito perigoso, e a cidadania planetária é uma ideia longínqua, falaria  em "Amazônia Nossa" se tivéssemos um cuidado melhor com ela e somente se fosse pensado um novo meio de aproveitar a sabedoria ancestral aliada ao conhecimento cientifico para desenvolver métodos saudáveis de vida.O proposto é só continuar no mesmo caminho que levou a civilização ocidental ao seu fim.

A vida nas cidades é insuportável.

Não existe vida nas cidades.

Cidades pequenas e auto-sustentáveis seria uma saída honrosa.

Mas quem vai querer viver em cidades pequenas e auto sustentáveis? Auto-sustentáveis, leia-se novo modo de vida baseado em consumo consciente, rituais xamânicos e ausência de plástico e pouco uso de eletricidade.

De volta ao PT e ao governo Dilma leio no Catatau http://catatau.wordpress.com/2011/12/19/presente-de-dilma-azeda-o-natal-no-semiarido/#more-2055

que as cisternas não serão a prioridade no atual governo. As cisternas em oposição ao desvio do São Francisco, tema de minha aulinhas no EJA do Astrogildo.

As cisternas eram construídas pelas população local, nas propriedades. O proprietário é responsável pelo armazenamento e pelo uso. Com a cisterna de plástico volta a tutela do governo, dos coronéis, e todo o secular atraso.

Essa notícia, e mais Belo Monte, me trouxeram a essa crítica. É uma crítica ao modelo de desenvolvimento pretendido. O PT  não tem uma proposta que eu considere correta de civilização. Insiste num modelo antigo. É o modelo de desenvolvimento baseado em crescimento econômico.

O modelo que eu acredito é o de combate ao capitalismo, mas de crescimento espiritual e harmônico com a vida.

Eu quero outro mundo, mesmo que seja impossível ...



nao existe dor nem mágoa



outra noite e mais uma manhã
alguem sorri perto de mim
uma nuvem passa
duas ou três coisas
em que acreditar
eu e você
a brisa que vem do mar
e tudo vai acabar bem






segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

em três tempos

a terceira margem
o que lá não está
e volta e meia
volto a buscar
resisto 
a te deixar

obscura estrela
fogo a queimar
a ponta do dedo
as contas do terço
a sua luz
não me custa esperar

enquanto na praça
faço o rádio taissô
e penso naquilo que guardo
no tanto que aguardo
duas setas transpassam
o céu que parece um mar

passado e futuro no mesmo lugar


sábado, 17 de dezembro de 2011

partícula de higgs

Tudo passa nada fica
bonito acorde

Quem acredita que estava aqui
que a nuvem viu
a mão levante

Muito embora pareça mentira
nessa tarde de sol muita coisa apodrece
tantos rezam tontos nem se escutam
e tudo envelhece

Admiro o engenho daquele que procura
e vai além
onde estará a maldita partícula
qual a resposta poderá dar
onde queremos chegar

Ainda agora nesse mesmo instante
estava aqui foi ali distante
sólido fluido não emite ruído
somente um traço um risco e avante

Quando eu penso
nada mais existe
é impossível precisar
e tudo talvez esteja por um fio
frágil delicadeza
mútua dependência
mas vem uma onda e tudo derruba
sem atenção
e machuca um coração
para morrer ali adiante

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

como se tudo precisasse de um futuro melhor


os gritos do vendedor me assustaram um pouco
havia ainda algumas manchas do Sol no teu cabelo
e a fumaça não me deixava sentir mais nada
só o embaraço das nossas mãos cruzadas no peito
em sinal de respeito às velhas manias
que talvez nunca venham a nos deixar.

enquanto apaga o cigarro
você no parapeito olha assustado
a avenida e comenta que mesmo feia ela é linda
ficamos então calados por um tempo imenso
olhando para o mesmo lado
e enquanto as nuvens foram procurar outros céus
nossos corações bateram compassados
quietos pensando
que talvez o que vejamos como realidade
seja nuvens evaporadas que não estarão mais lá
quando voltarmos nosso olhar de novo para elas

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

muito trabalho a fazer


 Work to do - Mayer Hawtorne


contagem regressiva para o ano novo


muitos sorrisos fazer, longo caminho a trilhar, alegria de voltar pra casa, meu amigo me liga diz que vai operar de um cancer na garganta e nós estamos com ele todos vibrando positivamente pra que tudo dê certo, você sabe como é importante  que todo fiquemos bem, ás vezes eu acho essas avenidas horríveis tão lindas, eu tenho que pedir desculpas por muitas coisas, eu tenho que ler uma montanha de livros, eu vou dizer uma coisa pra voces, eu  queria tirar  duas musicas no violão e uma delas é: Tudo se transformou do Paulinho da Viola, e as nuvens negras vão chegar e depois vão partir, e eu tenho uns sonhos megalomaníacos de estar ajudando pessoas, crianças me procuram pra jogar bola e brincar quando estou acordado e quando estou sonhando eu abracei essas crianças também, ás vezes suave esses sonhos, outros eu atravesso umas quebradas, subindo morro  teve uma vez que o caboclo até explodiu uma pólvora quando eu passei, mas também nem sempre tudo é suave, assim disse o Seneca, a gente tem que estar preparado para tudo e um  outro meu amigo me disse hoje á tarde : esquece não precisa pedir perdão não, tá tudo em paz, e eu falo, mas eu ouço, e vejo que  ás vezes querendo fazer o bem muita gente não o faz e faz até inimigos, consciência de classe e inconsciênica cósmica sempre,  o poder da cura está chegando, e os Alquimistas tambem, upa neguinho na estrada, e Seu João do Congo eu sempre me emociono quando lembro de ti, adoro o povo cigano e é isso aí, é por aí, siga  estrada que você vai chegar lá, vamos diminuindo a distância de Deus, das coisas que não sabemos e vamos saber, viajei de avião e é um engenho humano do caralho, turbinas e levantar voo, acima das nuvens, a música é uma coisa divina, e o meu coração cabe na minha  cabeça e na palma da minha mão é só pegar, vem me dê a mão, a outra música que eu  quero tirar  no vilolão é João e Maria, e outra o mundo não é só aqui.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

os copos de vidro são feitos para serem quebrados
Epicuro é uma ótima companhia para esse dia nublado
a partícula de Deus foi encontrada
mora uma vizinha gostosa aqui ao lado
o índividuo é invenção da modernidade
ano que vem tem outro campeonato
talvez faça sol no feriado
mas o que isso tudo importa
se você não sorri mais a meu lado?

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

calendário dá um tempo

muito embora entretanto
eu cante eu dance
calendário dá um tempo
ainda não é minha hora chegada

essa rotina de felicidade com hora marcada
esse amor mal feito em vão de escada
aquela comida engolida ranço de gordura ensebada
não são pra mim
ainda não é minha hora  chegada

calendário dá um tempo
te ignoro a vida toda
num sopro faço outro itinerário
não faço arreglo
não peço desculpas
fiquemos assim
quando chegar a hora eu traço

é importante que se saiba

é importante que se saiba
dessa merda toda nascerá
a flor das flores
ylang ylang é seu nome
e ela nasce do lodo

depois de tanto barulho
e do silêncio necessário
perante a estupidez da hora
permaneço discordando da canção
por que será que a paz a criança e a flor
para nascer precisem
da dor?

nós não vamos aqui

nós não vamos aqui
buscar frases de felicidade
nem um novo cenário
de coisas vencidas colhidas ao acaso

sim tem essa moça parecida
- cuidado menina -
com a namorada de não sei quem
e que partiu em busca de algo que nunca achou

e tem o vento que balança
a libra
no velho parque abandonado
parece que eu conheço 
parece que eu me esqueço
gangorra que faz  de tudo estilhaço

eu não vou aqui supor de tudo que já foi dito
oh quanta dor
que tudo é inconciliável
que não tem mais jeito 
não tem passo nem espaço

eu bem sei que nem tudo é o que se vê
corações partidos e beijos desesperados
pois o que é meu está guardado
colo e cabelo encaracolado

eis que as coisas são um pouco assim
que todo começo tem um pouco do fim
recomeço e me contradizendo
busco a felicidade
tambem no acaso
Ciências Humanas: conhecimentos, saberes e prática docente

O objetivo do I encontro presencial na Diretoria de Ensino, do curso especialização para Docentes em Geografia da UNESP, foi discutir e refletir sobre o tema ”A produção do conhecimento na área de Ciências Humanas” e relacionar esse tema com o curso que está sendo realizado e com a prática docente.

A atividade proposta foi que a partir dos textos e dos debates realizados fosse produzido um texto dissertativo onde estivessem sistematizadas as reflexões realizadas no Encontro Presencial.

As discussões realizadas no Encontro foram admiráveis por inúmeros aspectos. A força do diálogo, a importância do trabalho coletivo e da solidariedade foi discutida. Por outro lado as falhas na organização escolar, como a falta de um real planejamento, que privilegiasse a interdisciplinaridade, não puderam ser esquecidas.

No âmbito das questões debatidas merece destaque, por relacionarem-se com o curso que está sendo realizado, a constatação da desvalorização atual das Ciências Humanas e quais estratégias poderiam ser utilizadas para uma revalorização delas dentro da organização escolar.

Ficou clara para os presentes que nas próprias especificidades das Ciências Humanas encontra-se uma perspectiva para sua revalorização e aplicação dos conhecimentos na nossa prática docente.

Atualmente as Ciências Humanas sofrem uma desvalorização comparada com ás outras disciplinas do conhecimento. Diferente das outras nos seus métodos de pesquisa, nas Ciências Humanas são exigidas uma maior capacidade de abstração e uma investigação metodológica em que a maturação das ideias requer um maior tempo de desenvolvimento.

Na exigência de uma maior capacidade de abstração reside a valorização do poder do pensamento, da crítica e do questionamento. Reivindicando maior tempo de desenvolvimento para a maturação das ideias rompe-se o paradigma do tempo acelerado a que estamos submetidos.

Sob diferentes bases metodológicas o papel das Ciências Humanas é promover, dentro do ambiente escolar, uma reflexão contínua. Aqui se encontra um destino para as Ciências Humanas dentro da escola.

Para construir esse destino o maior desafio é diminuir a distância entre o pensamento e a prática. Os temas discutidos até o momento no curso de Especialização servem de reforço a temas discutidos na Graduação, a expectativa fica por conta de maior ênfase na parte didática.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

subir a montanha e descansar na sombra das flores altas nas hastes







ao meu irmão Carlos Muniz Pinto Cesar

"labaredas do sem fim"

paganismo
antigos rituais revisitados
zé celso
tecno macumba
dioniso levanta a saia
a lua me chama
em volta da fogueira dançamos
o fogo esta sempre em movimento
entornar o vinho
o coro grego manda a resposta
tambor e guitarra
 nós e eu
 essencia e existencia
individuo e sociedade
 deixando rastros na internet eu fiz boas amizades 
vigilancia e propaganda
 departamento comercial não tá com nada
 tudo que está a venda não vale a pena,
não vale a escrita,
 duas pipas no céu
 ciencias humanas, ciencias humanas
 poesia e loucura
 xamanismo,
o mundo não acaba aqui
 subir a montanha e descansar na sombra das flores altas nas hastes

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Encontro com famosos # 12 Tony Tornado


Estava eu no Saldão do Mappin, quando havia saldos, quando havia Mappin, quando eu flanava, quando eu afanava, quando havia galos ,noites e quintais.

Uma cesta enorme cheia de meias, do outro lado da cesta, Tony Tornado.

Ele segura uma meia, estica e diz, pra uma loira linda que o acompanhava:

 - Não vai entrar...

Tony Tornado cantando BR 3 num festival na TV  1968? e dançando, e gritando: DEUS, vamos dizer, uma epifania na minha vida, um acontecimento estético, uma revelação. Minha mãe ao meu lado gritando também:

-  DEUS!

E eu gritava também: 

- Deus

Lances normais na minha goma.

Assim, pra mim, o lance que eu mais curto na vida é dançar, o jeito do negro dançar, eu sou absolutamente apaixonado por isso.

Tem o caso agora do racismo, numa escola disseram pra uma menina linda alisar o cabelo.

Isso é o Brasil:   dizer que a negra tem que alisar o cabelo, pra ter boa aparência.

O Tony Tornado mandou alisar o rabo do branco. Eu mando também.

Eu passo creme no cabelo, se não eu fico que nem o John Travolta, o cabelo igual do Elvis, um puta topete.

O lance é o seguinte:

- Estou  no Jardim da Infância, o Ângelo Martinho na rua Humaitá, uma bocada realmente. A brincadeira é Corre Cotia. Eu tenho essa cara de bobo, uso óculos desde os dois anos, tenho esse cara de sério, ninguém brincava comigo.

"Corre Cotia, na casa da tia, corre cipó na casa da vó, lencinho na mão caiu no chão, pode correr , pode!"

Finalmente alguém deixou o lenço pra mim. Foi ela: uma negra goooooorda com o cabelo crespo lá no céu.

Ela sempre sorria pra mim.

Eu peguei o lenço e alcancei ela. Aí eu escolhi o maior capeta que existia, de nome Boneco. Ele corre, mas ele não me pega.

Eu dou uma volta completa no mundo e levanto o lenço em triunfo e todo mundo grita e fica meu amigo e todos vivemos felizes para sempre.

E ah, não existe Racismo no Brasil.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

caminhando sozinho eu posso estar errado

no meio de tanta gente digna
se preocupando em cumprir o horário
ou com um jeito de ficar
com o melhor penteado
caminho um pouco triste quase muito doido
com essa conversa nonsense
que eu acabei de escutar
de que o mundo precisa acabar
que esse é o único jeito
e blá blá blá

mas minha esperança é trombar
com outra gente
com os indignados
o velho povo que anda de cabelo desarrumado
e não diz amém a algum senhor
vou andando um pouco lento, quase muito doido
buscando um caminho com sentido
transformar o mundo
enfrentar a dor
esse é o único jeito
na verdade que há

no sissi

no darkroom
no bungee jump
no parachutes


esse salto no escuro
sem cordas pra segurar
nem paraquedas


perdoem meu mau inglês
impossible not to find

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

náufragio

evidentemente
eu não conhecia
nada além
do que precisava
para respirar

coisas pequenas, poucas
o gosto do mar
as velas de canhâmo
seu jeito de amar


como só tinha que ser
tudo virou

em alguma brisa eternizada
ficou o gesto
de você ir embora
e me deixar
a ver navios
e buscar estrelas
no fundo do mar

sábado, 3 de dezembro de 2011

não gosto do cheiro dessas flores

Enquanto escuto
de olhos fechados
a Sagração da Primavera
o mundo acontece sem mim

As meninas dançam
a fome avança
nova lua desponta
os debates não têm fim


Inexatos meus sentidos
tateiam balbuciam lacrimejam
quase ninguém acredita
nessa conversa chinfrim


na verdade estou confuso pra chuchu
outra crise de um idealista
tem gente que inventa lâmpadas
eu queria fazer brotar a luz


sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

maturidade

considerando que eu acredite estar coberto de razão para ser do jeito que sou, ocorre-me a certeza absoluta que esteja redondamente enganado com a primeira observação.

eis a pedra



eis a pedra
quem aguarda o movimento dela
pode passar uma vida a espera


longe alguém a divisa
e enxerga nela
a nossa Senhora de MontSerrat


tanto a espera
quanto  quem a enxerga
por que será?

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

agora que já não posso mais
espero que não escute
mesmo que eu grite
venha


te peço para que não me siga


agora que eu não quero mais
foi você que disse
talvez em esperanto
fica


te peço que me esqueça




tudo passou
você estacou eu desandei
não existe mais agora
não peço nada
entenda


a vida é traiçoeira

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

tem um tempo
que eu não conto
quando leio um livro
revejo o mar
quando espero 
pra te ver
acordar


tem um tempo
longo
que eu tive que esperar
para o primeiro beijo
entender o que estava escrito
ver pela primeira vez o mar


tem um tempo
em que eu tento
enganar o tempo
escrevendo um livro
prolongando o beijo
nadando devagar


tem muito tempo
que eu não sofro
se vai chover no fim de semana
quando te espero
se falta muito para o livro acabar


hoje eu procuro um tempo
conciso
como escrever a faca
extenso
que movimente a vela
delicado
sem pressa pra te amar

mares de morros

renata roman

nos mares de morros a Serra recortou em silêncio um baú de belezas


aberto para quem quiser navegar