quarta-feira, 29 de junho de 2011

encontro com famosos # 11 - Raul Seixas - O dia que eu não encontrei o Raul



E eis que estávamos numa tarde como essa, tarde pós feijoada, a danada fazendo efeito, sentados na soleira de uma pensão qualquer, em alguma esquina qualquer, desse bairro cretino do Bixiga, quando alguém disse:

 -Vamos encontrar o Raul Seixas na Frei Caneca.

Dizia-se que Raulzito estava sendo visto nas tardes tomando vodca, uma vodca especial com cocaína, num boteco da Frei Caneca. Esse era o tempo que alguém acreditava em "vodca especial com cocaína" e havia botecos na Frei Caneca, isso é, estávamos nos anos 80.

Caminhando e cantando musicas do Raul fomos até a Frei Caneca, onde Raul, segundo a lenda, estaria de casaco de pele e sunga por baixo, tomando: (treis veis, pois adoro lembrar disso)
- "vodca especial com cocaína".

E eis que a policia nos parou. E não poderíamos dizer aonde estávamos indo(quatro vezes escrever a mesma coisa é dose...) e sempre que a policia nos parava - faz mais de 15 anos que não tomo uma geral, isso é que é ser um cidadão respeitável! - precisávamos ter cuidado pra não entrar em contradição, pra evitar um esculacho, ou coisa pior.

Então o Paulinho Boca disse pra nós assim que o Tático Móvel deu sinal que ia parar:

- Digam que nós estamos indo visitar o meu tio Raul!

Os policiais descem do carro, aquela abordagem delicada, cidadã: Mão pra cabeça, encosta no muro.

Marcelinho Perneta era um sujeito muito vacilão e pra nosso azar foi pra quem o soldado perguntou primeiro:

- Estão passeando?!

Assim ele respondeu pro policial:

-Nós estamos indo encontrar o Tio Raul que está tomando uma garrafa de vodca especial com cocaína, na Frei Caneca!

quinta-feira, 23 de junho de 2011

letargia

                                       edward hopper

talvez eu devesse levantar e ir até a praça
dobrar os joelhos
e agradecer por respirar o gás imundo
e pela falta de estrelas á noite

talvez eu devesse assinar um manifesto contra todos
e organizar um texto correspondente
ao meu pensamento
ao meu cinismo
e a minha falta de objetividade
pedindo paz em nome das putas dos viados e de todos os esquecidos  pelos sindicatos

talvez eu pudesse como num suspiro
perceber toda estupidez em me levantar todo dia
e agradecer ao grande diretor dessa bagunça
por estar feliz com toda a criação
 (e ter a ousadia em pretender enganá-lo
me ajoelhando e fingindo obediência)
 - devo seguir esperando a sorte num bilhete de loteria

talvez eu consiga acreditar em algo como nacionalismo, ou que a vontade supera toda dificuldade, a fé move montanhas, em inclusão nas escolas, ou em comida light.

talvez eu volte a me enganar com toda sorte de drogas

talvez eu pudesse num grito interromper os homens
e dizer que os seus delírios
são somente sonhos mesquinhos
que um sal de fruta pode interromper o mal estar
e pedir para colocar o meu nome em primeiro lugar
naquela tão distante lista de assinaturas
(a da organização do texto do meu pensamento,
do meu cinismo e da minha falta de objetividade, das pessoas que não são assistidas por sindicatos  e etc.)
talvez eu devesse, permanecer em silêncio, brincando com o controle remoto, dando atenção aos noticiários esportivos, as novelas, as declarações dos políticos, aos pastores, bispos, as noivas, aos encantadores de cães, as moças que mostram as nádegas e os cus arregaçados.


talvez eu possa levantar minha bunda da cadeira
e assistir da janela  aos risos histéricos e degradantes
que saem da minha propria imagem refletida
nos rostos de tantos outros que insistem
em colocar a música alta
forçando-me  a levantar e gritar bem alto
(para que eu possa ouvir minha voz)
dizendo:

- Talvez isso tudo não seja tão ruim assim!

talvez se eu dobrar novamente os joelhos
e uma súplica possa chegar
ao ouvido de alguem que suporte
mais de 140 toques em algum texto
e juntando-se a essa imensa caravana de gente mansa
que passa as tarde repetindo mantras e desafios
como Klaus Kinski e sua covardia disfarçada em destempero
possa repetir que:

- Sim talvez o mundo não seja somente ilusão!

e se eu finalmente reunir forças
e me levantar
e cantar:

- Eu tenho uma casinha lá na marambaia...
essa casa esteja lá me esperando.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Plateia

E na sexta á tarde após a Zara, eu fui ao Itaú http://www.itaucultural.org.br/ocupacao/




No Itaú da Paulas pretensamente pra ver o Leonilson. Mas ele não mais estava, quem estava? Flávio Império.

Ah eles estão silkando? Vi de longe a ocupação, e comentei com a mocinha (!) que recebe os visitantes.

Num desses meus 3011 trabalhos, trabalhei com silk screen, no meu caso silk scream, os resultados das impressões saiam gritando: ficou uma bosta!

Aí que o menino (...) explicava como silkar, e o que é, e onde faz a tela, etc. Na minha hora de silkar: ele perguntou, ou afirmou bom você entendeu né?!

Mais ou menos, mais ou menos.

E pensar que em 1990, numa eleição, eu perguntava se era lícito (ou ético?) trabalhar pro PSDB, silkando camisetas... quando penso no Palocci!

Escolhi o tema da bananeira, Emilio Santiago - Bananeira www.youtube.com, da flor da bananeira, que o menino deu o nome: Angara. Pra mim era um pássaro saindo do sexo feminino. Falar em sexo feminino, assim com essas palavras, só nesse blog de respeito. Quando eu quero ser escroto eu chamo de genital. Quando eu sou eu mesmo eu chamo de buceta, mas não podemos ser assim escrotos ou a gente mesmo, nas casas de família, ou nos blogs de respeito, onde se comunga, e vai-se a feira, se emburrece e se amaldiçoa, às vezes aos gritos, continuamente e onde se faz bullying, e se perpetua o racismo e a homofobia, e onde prefeririam que não houvesse pretos e pobres e viados, já as putas , bem elas são... blá , blá , blá

Bom, bem, bim. Fiz minha camisa com o Angara do Flávio Império, que morou na Vila Itororó...

Elaine Melo, que sabe das coisas, de muitas coisas, de quase tudo, ou de tudo, enfim, enfant terrible, enfado de tudo isso, a ponto de um enfarto, esse pobre coraçãozinho, que não bate, apanha, enfim a Elaine falou do Flávio Império na Vila Itororó, há muito tempo atrás

Quanto a Vila Itororó, dos meus sonhos, meus amores, das dores, e etc., tá mais do que na hora de escrever meu livro sobre ela.

Á noite, sexta a noite, fomos, eu e Lu, Má e Beta ver Evita

Evita, o Musical - Making of - Cena Paulistana www.youtube.com

Impactante, quase deslumbrante

Cenários, figurinos, canções, cenografia, excelente.

A sacada das sacadas, das portas que abrem, das projeções nas sacadas, multidões em delírio que se projetam (?) em Evita e nós nesse jogo também de projetar-se na Evita, mulher puta e santa, demais.

E a prima Roberta Laroca esbanjando vida em toda sílaba, pausa e gargalhada.

Depois pizza na Urrrrrca.

Sábado de manhã o filme Broder. www.youtube.com

Caio Blat, ficou preto no filme. O que significa uma grande atuação.

Quase bom, mais um pouco de verossimilhança, uma ou outra melhor atuação, e eu gostaria mais. Estórias de amizade eu sempre gosto

Continuando essa árdua tarefa de nominar esse fim de semana de intensa fruição estética (...) depois do cinema e do almoço na praça de alimentação do Frei Caneca, no Fogão Mineiro, fomos - não existe nada sem nós, laços amorosos bem apertados que nos unem - a exposição Invenção dos espaços de convivência no tomie ohtake www.institutotomieohtake.org.br

Óbvio que pra grande parte dos patrícios seria melhor se no Brasil não existisse tantos (!) pretos pobres e baianos e viados. As putas sempre cumpriram um papel primordial na nossa sociedade cabaço... espaços de convivência de gente certo? Só que nas fotos não aparece gente, ou quase não aparece. Os nossos espaços de convivência são poucos e quase nulos. O Espaço de convivência padrão na cidade de São Paulo é o Shopping, daí que... o que se pode falar disso? Encontrar, conviver, ver no labirinto do consumo? Comprar, comer e cagar, olhar, isso é conviver?

Voltando á exposição... recebemos uns óculos 3d totalmente vagabundos, e eu com meu estrabismo, que me impediu de nas aulinhas de sensoriamento remoto na USP de enxergar alguns efeitos - o único a não enxergar, na voz do professor Queiroz ( quanta gente mentirosa na USP), consegui ver espaços de convivência em 3d.

Ah sim, assim sem pessoas pobres nas áreas de convivência no Brasil? Nem em São Leopoldo...

Mas vimos as fotos, e sacamos ali e aqui coisa legais e tem a fala do Katinski, no folder: "como patchworks, criando sugestões poéticas que , além de inusitadas (casa da Martiniano de Carvalho, SP)" a minha casa: A Vila Itororó

Mais do Katinski http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/entrevista/08.029/3298?page=2

Daí fomos até a http://www.fnac.com.br/LojasDetalhe.aspx?idLoja=2 olhar os gadgets, e livros e discos, mas antes paramos pra tomar um sorvete numa padaria Cristal (?), vazia naquela hora, com um balcão imenso. A caixa quis me dar um golpe em um real, mas eu não deixei...

Na praça em frente tem uma feirinha (paulistano tem essa mania de diminutivo), tomando um sorvete ficamos olhando uns quadros. Paisagens bucólicas que me acalmam, pinturas convenientes, tecnicas clássicas, bem ao gosto do freguês, paisagens bucólicas pra acalmar neuróticos que vivem em cidades desumanas e não sabem o que é, ou o que são? paisagens bucólicas e técnicas clássicas.

O que interesa é que a Lu ouviu com paciência o discurso da vendedora de quadros, a explicar obviedades sobre a pintura e a vida, sobre a importância da preservação do patrimônio público, aguentamos 20 minutos daquele discurso, e a Lu impassível, enfim dissimulada, lambendo o sorvete. E eu lambia a imagem da mulher amada, que ouvia impávida aquele discurso sem fim sobre paisagens bucólicas e, que enfim não dizem nada, etc.

De volta pra casa passamos na Bologna, aquela rotisserie antiga na Augusta. O dono é um miserável de um grosso e insuportável, os atendentes são os mesmos de 30 anos atrás. Uma mulher entra e pergunta se tem salgados... a Lu comendo aquele croquete de camarão e eu um coxinha creme, e não é que o dono, um português baixinho e gordinho, com uma cara de merda, insuportável esse gordinho, diz que não, NÃO tem salgados. Mas o que é isso que estamos a comer?!

Á noite mandamos ver dois beirutes do Mancha, pois estamos de regime.

Na noite do domingo fomos ao show do Roupa Nova, Sapato Velho - Roupa Nova www.youtube.com no Pinheirinho, na Abilio Soares. Foi uma iniciativa da Policia Militar para a campanha do Agasalho. No convite estava escrito rua Manoel da Nóbrega, mas tudo bem andar faz bem.

O Show foi brega e piegas, amei.

Aplaudi a Policia Militar,promotora do evento, paguei dois reais num copo d'agua, mas reverenciar a Lu Alckmim já demais pros meus cabelos brancos.

Voltamos a pé, sem esquecer que ali na Abilio Soares, fui me apresentar ao exército no longinquo ano de 1982. Um cachorrinho me acompanhou naquela viagem, descendo comigo da Bernardino de Campos até o quartel. Seria um anjo?

E eu não esqueço também que ali na Abilio ficava a OBAN, de tão triste memória

quinta-feira, 2 de junho de 2011

O Caso Palocci

Em que termos o debate ocorre?  A "oposição" pede a cabeça, os "alinhados" denunciam o enriquecimento de 20 mil vezes da filha do Serra, ou a ocultação de patrimônio do Aécinho. Entendo que esse é o tipo do debate inócuo. Discutir ética na política, se um ex-ministro pode vender informações, também chamadas “consultoria”, é um caminho mais civilizado, mas enfrenta o “problema”? O "Fora Todos" de pequenos partidos trotskistas, a mim também é fora de propósito, então não ficaria ninguém, inclusive quem está gritando isso, e entraria para comandar as massas.

Quando uma decisão crucial (?), como a votação do novo Código Florestal, recebe voto conjunto de PT-PSDB, alguma coisa não acontece no meu coração... é o escancaramento de uma situação deveras estranha! Isso  parece-me o fato novo na macropolítica (!) do país. Á parte a espalhafatosa polêmica sobre o "livro que ensina português errado", Os dois grandes partidos  caminham de mãos dadas na conservação da hipocrisia, ignorância e barbaridade e “projeto” de modelo de país, que reinam no patropi, vide o "nível" do debate sobre o "kit Gay", e a justificativa da presidenta Dilma sobre o veto ao mesmo.

O que fica abaixo da superficie é o acordo de lideranças com a bancada evangélica que em troca do veto ao kit anti-homofobia ficou com o governo e barrou a CPI do Palocci.

Assim  voltamos ao início do assunto, o caso Palocci, que aliás é uma bobagem, que oculta coisas como o vazio espiritual, a falta de autonomia,  sentido da vida e poesia da nossa pobre existência