sábado, 29 de novembro de 2014
segunda-feira, 24 de novembro de 2014
Toulouse-Lautrec
Talvez meu favorito.
Revelação do mundo, ele o aleijado, olhando essa beleza decadente, testemunha que lança aos séculos estas cores, a deselegância das meninas, o salto, as mãos abertas pousadas no macio das almofadas gastas e puídas pelo amor dos outros.
Os cartazes de propaganda, eu também quero ir lá testemunhar e desenhar dizendo aos outros que essa dor acaba quando eu a lanço ao mundo.
domingo, 23 de novembro de 2014
quarta-feira, 19 de novembro de 2014
andam dizendo por aí
simão salomão
você não sabe o que eu não sei
nem eu também
o que eu sei
(e o que você sabe)
é melhor ficar por aqui
você não sabe o que eu não sei
nem eu também
o que eu sei
(e o que você sabe)
é melhor ficar por aqui
domingo, 16 de novembro de 2014
sábado, 15 de novembro de 2014
a noite estrelada
aqui estou vendo o anoitecer
embora não haja silêncio
- há gritos e estertores
e gozos e folguedos,
ameaças de bombas
e censuras e dedos em riste,
o óbvio de uns e alteridades,
e a velocidade a estragar a paisagem
tantas verdades
chegam a gritar pelo retorno do arreio
e nudezes envergonhadas
e no mais das vezes
anedotas sobre a infelicidade alheia
e toda a culpa é sempre do distante
eu permaneço quieto
- somente a noite estrelada -
e eu estou em silêncio
porque é isso que eu tenho a dizer agora
é o que eu sinto
sinto muito
a esperança
hoje em dia
eu estou menos em dia
com o calendário
estou ontem
como antigamente se dizia
eu estou menos em dia
com o calendário
estou ontem
como antigamente se dizia
e se amanhã
vai ser outro dia
num exercício de futurologia
eu entrego a ele
toda a esperança de transcêndencia
vai ser outro dia
num exercício de futurologia
eu entrego a ele
toda a esperança de transcêndencia
quarta-feira, 12 de novembro de 2014
o meu próximo
Sou semelhante a ele em tudo, mas ele não sou eu.
Ele é um outro, parecido comigo. Fala, mente, chora, ri. Sonha, delira,faz e espera. Ouve.
Eis o meu próximo, distante. Equivalente, covarde. Fracasso que anda.
Um homem, um bicho. Um animal. Nessa natureza errante. Mais um outro.
Um dia ainda te pego.
Ele é um outro, parecido comigo. Fala, mente, chora, ri. Sonha, delira,faz e espera. Ouve.
Eis o meu próximo, distante. Equivalente, covarde. Fracasso que anda.
Um homem, um bicho. Um animal. Nessa natureza errante. Mais um outro.
Um dia ainda te pego.
interrogação
como sei o que será
só depois de acertar
melhor esperar
como saber o que será
é ter que esperar
melhor...
o que será?
domingo, 9 de novembro de 2014
de longe tudo é mais bonito
de longe tudo é mais bonito
inclusive o passado
até mesmo nós dois de mãos dadas
e os filhos que nós não chegamos a ter
os funerais que não fomos
as brigas que sequer tivemos
inclusive o passado
até mesmo nós dois de mãos dadas
e os filhos que nós não chegamos a ter
os funerais que não fomos
as brigas que sequer tivemos
de longe tudo é mais bonito
de repente o céu pode se abrir
e me levar pra sempre daqui
de repente o céu pode se abrir
e me levar pra sempre daqui
dois velhos amigos #
- cheguei a conclusão que não posso acreditar em tudo que leio...
- ah é... por quê?
- num site de jogos está escrito que jogar paciência é divertido.
sábado, 8 de novembro de 2014
e o mesmo Tejo
odeio isso aqui
mas não posso viver sem
perder é ruim
até quando é vício
nenhuma novidade
estou mais uma vez de chapéu
pedindo só um olhar
e que você fique mais uma vez comigo
venha até aqui
antes que eu vá embora
sempre tem algum senão
mesmo quando tudo parece certo
tudo sempre por aqui
as mesmas cores
o mesmo Tejo
a respingar o velho tédio
retroalimento
não é o que vejo
é como vejo
e como é com isso que me alimento
não é como faço
mas como é fácil
fazer o que faço com o que vejo
como tudo que está aí
é alimento para ver o que vejo
é assim que faço, tudo é retroalimento
quinta-feira, 6 de novembro de 2014
dead man # 2
eu pensei em fugir
mas não há lugar para onde ir
eu falei em dar o fora daqui
mas é melhor esquecer o que eu disse
esta é minha terra e a aqui é o meu lugar
eu vou lutar
mas não há lugar para onde ir
eu falei em dar o fora daqui
mas é melhor esquecer o que eu disse
esta é minha terra e a aqui é o meu lugar
eu vou lutar
dead man # 1
com alguns trocados no bolso
minha vida foi a melhor vida que tive,
apesar do corpo aqui largado
sozinho eu deslizo, enfim desligado de tudo ao redor.
enquanto meu corpo flutua
eu vejo as coisas como elas são,
tive o melhor que pude de mim
lutei comigo e venci, agora estou jogado na rua
cada vez com mais certeza: alguns poucos trocados não fazem diferença não.
eu vejo as coisas como elas são,
tive o melhor que pude de mim
lutei comigo e venci, agora estou jogado na rua
cada vez com mais certeza: alguns poucos trocados não fazem diferença não.
tudo que meu braço alcança
é aquilo que meus olhos veem
não, não me venham com aquela estória
de alguns poucos trocados no bolso
nessa eu não caio mais não.
é aquilo que meus olhos veem
não, não me venham com aquela estória
de alguns poucos trocados no bolso
nessa eu não caio mais não.
flores e versos
fizeram parte do meu caminho
se hoje eu estou aqui caído
é que isso fazia parte de meu destino
nunca sonhei sair dessa sem arranhão
fizeram parte do meu caminho
se hoje eu estou aqui caído
é que isso fazia parte de meu destino
nunca sonhei sair dessa sem arranhão
assim que eu for apenas mais uma lembrança
façam o quiserem com meu corpo
e quanto aos trocados
bem, tomem mais uma em meu nome
e esqueçam minha canção
façam o quiserem com meu corpo
e quanto aos trocados
bem, tomem mais uma em meu nome
e esqueçam minha canção
terça-feira, 4 de novembro de 2014
museu do carinho
O Museu do Carinho existe, e embora receba poucas visitas, está aberto e em funcionamento em alguma pequenina cidade perdida desse continente escolhido e esquecido pelo grande arquiteto dessa imensa bosta.
Os museus existem para recolher, guardar, registrar, classificar e organizar para as atuais e futuras gerações aspectos relevantes das culturas dos povos.
Aspectos esses, únicos,originais, especiais e representativos de um período.
Antes da era da reprodutibilidade os museus guardavam e priorizavam aspectos singulares, autênticos, únicos, originais, que não podiam ser facilmente reproduzidos, mas aí veio o contemporâneo e os aspectos a serem considerados (de certa forma pois tudo tem que ter uma ressalva) passaram a ser aquilo que pudesse reproduzido, que não fosse único.
Dessa forma, por um lado - vale aqui essa ressalva - o Museu do Carinho guarda, registra, classifica e organiza os numerosos gestos de carinho:
cafunés
e cheiros, principalmente, mas a lista é enorme:
atirar beijos,
bater os copos,
matar piolhos,
levantar a saia,
fazer as pazes,
espantar mosquitos,
conversar de mãos dadas,
dormir de conchinha,
tirar o chapéu,
salamaleques,
dar licença,
misturar os pés,
desejar bom dia,
por favor,
com licença,
muito obrigado
e inúmeros outros gestos, e palavras, que estão esquecidos, daí a necessidade deles estarem organizados e guardados num museu.
A grande contradição (existe um Museu da Contradição também, mas esse fica na Ásia ou próximo à Estação Finlândia; igualmente existe o Museu da Paz, o Museu do Amor, e outros tantos Museus, onde estão guardadas preciosidades únicas, singulares e autênticas) repito, devo repetir, pois os parênteses(será que existe um Museu dos Parênteses ?) repetem-se com frequência cada vez mais constante ( e irritante), a grande contradição, desconheço se dialética ou aquela que faz parte da lógica formal, é que embora não seja contemporâneo o carinho, embora único, etc., deve ser reproduzido!
Cada vez mais raro o carinho, único em sua forma delicada, originalmente feito pelo individuo, autêntico em sua profunda sinceridade, luta para ser contemporâneo, ser reproduzido em cada lar, em cada gesto, em cada toque, em cada vista.
A validade dos museus, a luta para ser contemporâneo, com carinho aos Mestres, Walter e Cascudo.
assombrado com tudo
assombrado com tudo
com qualquer suspiro
qualquer fio
assobio
pedrinha
desvario
palavra
canção
aceno
rio
ai
fim
domingo, 2 de novembro de 2014
empate
você vem
eu fico
dá-me tuas dúvidas
dou-te minhas reticências
me dá tuas mãos
te dou meus sonhos
é esse o tipo de nó que a gente tem
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