terça-feira, 30 de junho de 2015

Hoje o dia terá 1 segundo extra para adequar horário à rotação da Terra




eu só quero um segundo tempo, pra virar essa coisa errada


não estou acompanhando

o golpe da jaqueta de couro do italiano


é sair na rua arrumadinho e me confundem com pessoa abastada...
Vadiando de volta pra casa, atento a qualquer raio de sol, etc. um carrão, sei que é SUV, mas não estou acompanhando, etc. para ao meu lado e o motorista narigudo me pergunta em português se eu parlo italiano.
respondo que;
- Si chiaro como la neve, ma si sta vendendo jaco de pelle eu to fora.
- Per che conesce alguno que comprou? assim, desse jeito, o caboclo me perguntou.
- Coneci alguns casos...
Uma vez há uns 15 anos estava de camisa de seda St Laurent, ganhei de herança, tentaram me vender... é ruim comprar uma jaqueta de couro na rua, né?!
Conheço gente que já comprou ouro de cigana, que caiu no golpe do bilhete de loteria (aquele do capiau que não sabe que o bilhete é premiado), gente que depositou mil reais numa conta por que foi premiado, gente que comprou terreno no mar em ilha comprida e por aí vai.
- No sto vendendo niente, quero chegar a Paulista, desconversou o malandrino.
- Tuta la vita retta e quando si vendo il mall, il shopping, vire a destra, auguri.
To enferrujado no italiano, mas se for pra conversar com imbroglione, fico
arruginato per sempre.

segunda-feira, 29 de junho de 2015

o mendigo e os dez reais



Vadiava de volta pra minha casa com os sentidos alertas capturando tudo que podia dessa beleza de mundo de meu Deus; cada brilho possível de Sol, o brilho que reverbera em qualquer caco de vidro. 
Estava com meu paletó de tweed, uma echarpe e sapatos lustrosos, e sempre, sempre com um livro.
O mendigo sentado na calçada, trapos e papelões fazendo as vezes de casa me pede um qualquer. 
-Zero a Zero.  Não tenho trocado., e permaneço olhando pra meu colega de infortúnio, meu irmão vagabundo.
Ele me pergunta: -Que livro você está lendo?
- Anjos e demônios, de Dan Brown. Não deixa de ser um livro instigante...
- Sim, o camerlengo... a anti-matéria... é bom ler alguns livros assim mais para relaxar, pra quem é de Humanas é bom variar um pouco.
Abro a carteira e dou a ele minhas últimas dez pratas, e digo:
- Os livros são o melhor abrigo contra a ignorância.
Contei essa passagem pra Maia Miele e ela deu um grito:
- DEZ REAIS!

sábado, 27 de junho de 2015



todo mundo precisa ser educado

o amor vencerá



o amor vencerá
essa fragilidade é forte
o amor vencerá
esse beijo na praça que incomoda
o amor vencerá
as mãos dadas juntas iguais
o amor vencerá
a tristeza atrás da cortina
o amor vencerá
a solidão nos quartos de hotel
o amor vencerá
o grito surdo
o amor vencerá
os imbecis que não sabem amar
o amor vencerá
milhões de jovens assassinados por seu amor
o amor vencerá
muitas milhares de coisas que impedem o rio ir para o mar
o amor vencerá
sem enfim, sem término, sem moda
o amor vencerá

a rotina
a noite encarcerada
o arame farpado
as bandeiras
os discursos
o revólver embaixo dos bancos de automóvel
o limiar das paixões
o precipício
as notícias do jornal 
o amor vencerá
o plantão no hospital
a geleia light
o padrão internacional de amar
olhares de reprovação
o gabinete
a distância
os dentes trincados
o espanto
o patíbulo
o amor vencerá

sobre o encanador.


o vizinho de baixo há 15 dias fala de um vazamento na casa dele.
Eu muito blasé.
Ele arruma o encanador que vem até em casa, vê um ralo, dois, cutuca aqui e ali. Um doutor.
-Olha eu vou lhe ser sincero, em 45 minutos eu arrumo isso sem quebrar nada, desentupo, passo a cola e tudo ficará bem.
- Tudo bem, começa agora. só que eu não tenho dinheiro. Vamos rachar, falo para o vizinho que está com uma goteira na sala. Ele concorda, mas não tem dinheiro e deixa pra daqui há quinze dias.
Ligo para Drix, que diz:
- É nossa obrigação arcar com as despesas.
Depois algum filha da puta pergunta por que eu casei com esse anjo.

good afternoon, Claudia



estou andando na 9 de julho, isso final dos anos 70, e encontro um

amigo de infância,com quem jogava bola, que tinha trocado de nome

de Edson  para Cláudia.

ele estava ali, de dia, aquele movimento de 9 de julho, no esplendor de

seus 15 anos, aos beijos e abraços com um galã de cabelos grisalhos,

o tipo que se chamava de playboy,tipo Richard Gere.

eu digo: 

-oi Cláudia!

Recebi um dos maiores sorrisos que já vi na vida.

sexta-feira, 26 de junho de 2015

é uma pergunta recorrente:


"Gostaria de saber, por quê; aqui no Brasil usa o sufixo dor?"
a resposta da gramática:
"Ele deriva do sufixo latino -TOR, que indica “agente de alguma coisa”."
a minha resposta:
Aqui tudo termina em dor.

por enquanto é efêmero


como como?
desejo o desejo?
de que me alimento?
por que por quê?
quando vai ser talvez?
por enquanto é efêmero,
encarnado
fantasma congelado,
corpo que pinta
até que dia diacho?


nesta vida muitas vidas

quarta-feira, 24 de junho de 2015

três vez no de vocês



três vez no de vocês
que não sabem 
o que eu sei

do gozo do neném
do por que do espinho na flor
da solidão do trilho do trem

três vez no de vocês
que pensam que pensam
e nunca vão além

três vez no de vocês
amém

terça-feira, 23 de junho de 2015




tudo posso
quando me enrosco

continuar



a lembrança de certas tardes de agosto, geleia de abricot, o vento, o stalker inteiro, fragmentos de um discurso amoroso, certas coisa pra mim são um veneno que eu preciso pra continuar

sexta-feira, 19 de junho de 2015

sexta-feira



sexta-feira dia dos bêbados amadores e dos que acham que o amor tem preço sexta-feira dia dos que se confortam com um  ou dois beijos e três conhaques sexta-feira da sessão maldita e do energético com soda cáustica sexta-feira bandida do cachorro louco e da onça beber água sexta-feira do vale e da subida da montanha sexta-feira de lamber a calçada sexta-feira desamor em cada sacada sexta-feira lavar a santa cruz sexta-feira bigode e barba molho de tomate na camisa sexta-feira e o bode de sábado sexta-feira e filete de sangue na napa sexta -feira ou nada sexta-feira nunca fiquei em casa sexta-feira comer a empregada sexta-feira me desculpe a cagada sexta-feira  luto e porrada sexta-feira me ame ou nada sexta-feira paixão e risos sexta-feira aqui vou eu sexta-feira até o sábado sexta-feira meu deus que patasquada sexta-feira tudo ou nada sexta-feira esqueça da namorada sexta-feira minha vida foi nada sexta-feira vou até aí te dar um abraço sexta-feira eu a madrugada sexta-feira medo de nada sexta-feira tenho cinco contos e toda a vontade do mundo sexta-feira encarcerado sexta-feira to bolado sexta-feira não é dia de fazer contas paspalho sexta-feira eu contra o calendário sexta-feira um risco no dicionário sexta-feira não me diga nada sexta-feira sou mais o sábado sexta-feira só quero mais um trago sexta-feira dá pro gasto sexta-feira meu deus quanta gente sai do armário sexta-feira desde o quaternário sexta-feira é isso que se vê sexta-feira por favor o contrário sexta-feira nunca curti feriado sexta-feira me deixe morrer no sábado
sexta-feira esgote seu estoque de asneiras sexta-feira me deixe sexta-feira peixe sexta-feira meu amor nunca veio nesse horário sexta-feira do diabo sexta-feira sun ra no rádio sexta-feira dia dos bêbados chatos e do amor encarcerado sexta-feira sinta o meu abraço

não era, mas era



não era poesia
até a assinatura do poeta
mas era poesia
apesar da assinatura do poeta


saudade
mesmo que não seja verdade


justo agora
não há mais agora

quarta-feira, 17 de junho de 2015

como preencher o que já está cheio?




tem esse vazio no peito
e o saco cheio
como restaurar
o que não foi feito?

é



tem que tem

tem muito tem que
tem muito não pode

tem muito amém

tem muito nem
tem muito também

é muito pode

e muito não pode
e a gente só se

terça-feira, 16 de junho de 2015

segunda-feira, 15 de junho de 2015

leila diniz mulher do brasil



os corpos transformados por complexos vitamínicos e musculação, mais uma pra minha coleção de lamúrias e lástimas sobre o contemporâneo.
enquanto isso Leila reina absoluta com a brasilidade em cada vértebra no meu planeta ideal

paroles



enquanto falávamos, falhávamos
um beijo
e crescemos

fugir, é o que eu faço ao primeiro sinal vermelho

quarta-feira, 3 de junho de 2015

lily braun



a agonia dessa cidade
um chiado, pulmão dilacerado
poeira, palha, 
corpo consumível, incomunicável
o coração acelerado, quebrado
a flor repousa na sarjeta
imunda putrefata
mas você sorri


terça-feira, 2 de junho de 2015