sexta-feira, 31 de julho de 2015

suma



esses tempos em que me dizem
consome e não
se consuma
esses tempos
fazem com que eu 
queira sumir

moinho



a vida é mesmo um moinho
to de novo aqui sozinho

andar, andar



nunca conclusivo, sem ponto final e sem exclamação, sem interrogação, sempre um mas

indeterminação, andar, andar

experiência estética



experiência estética, a máxima experiência, apesar do orgasmo e do transe místico e partilhar um osso

solta



vai amor
larga do meu pé
quero te amar outra vez

fora da cidade


ali por 1932 a Tia Irma mudou-se da Rua José Bonifácio para uma travessa da Brigadeiro Luis Antonio, próximo a Igreja Do Carmo. Os vizinhos ficaram consternados, pois ela não ia mais morar na cidade.

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Comentário do jornalista Paulo Rodolfo de Lima

Sobre eu ter uma literatura.

existe sim, é uma literatura urbana que reflete um desassossego da alma da geração filha da década perdida. Você mostra ações e pensamentos de parte de uma geração que, sem ambições, viveu instantes da juventude como uma vida inteira.


eu entendo que as pessoas não me entendam

shopping mostra muito sobre o loop infinito



Minha mulher não me deixa fazer um monte de coisa - é uma lista infindável de coisas: assistir a TV Fama, brincar com balconistas, debochar de Deus, brincar com coisa séria, criticar a Secretaria de Educação, bocejar em cinema- e não me deixou tirar fotos de uma horda de mulheres aproveitando uma liquidação da Arezzo num Shopping; disse que era entrar na intimidade dos outros.
Fomos ao shopping após uma sessão de cinema - não bocejei. O filme, Um Reencontro, achei bem levinho e divertido e rápido, 80 minutos. Achei graça nos efeitos, abre a porta do armário já está na balada, e gosto disso: tudo que poderia ter sido; eles se reencontram o tempo todo, mas não se encontram.
No shopping brincamos de contar crioulos, não vale os serviçais. São sempre poucos, e isto mostra muito sobre os shoppings, e sobre o racismo.
Vejo gente em shopping que não vejo na rua, velhas carcomidas de rouge e batom, velhos arrogantes seguros de suas carteiras, crianças branquinhas, muito branquinhas. Minha mulher explica que essa gente não anda - NÃO ANDA - na rua.
A Arezzo liquidava sapatos, as mulheres estavam enlouquecidas, inclusive gritando.Isso mostra muito sobre shoppings, e sobre o consumo.
O shopping mostra o racismo (existem poucos negros no shopping, não vale os serviçais) porque mostra como os negros são apartados de um convívio com a burguesia, porque não tem como deixar de ser negros, confinados a situação de serviçais,loop infinito.
As pessoas não andam na rua porque o carro foi o principal símbolo de status da burguesia e a rua, uma sociabilidade esquecida e abandonada, até pelos negros, permitiria uma mistura de elementos, a convivência de contrários, de grupos sociais diversos.Segregadas promovem a segregação, loop infinito.
A histeria das mulheres, esse comportamento apoteótico, a dramatização, um sapato como mecanismo de compensação, qualquer trapo pra chamar a atenção, encontra no shopping um lugar certo para conviver.
Acho que minha mulher vai gostar por eu ter feito isso aqui

quarta-feira, 29 de julho de 2015

sobre o tempo


foda-se o frio
ah e foda-se o calor também.

#encontro com famosos - Mussum



O Bixiga... 1975 por aí. Estamos dando uma volta no quarteirão.Eu falo:

Marcio Miele, olha o Mussum.! 
O querido Mussum estava na esquina da Santo Antonio com a Samuel das Neves, tomando uma cachaça,não acho isso tão óbvio, sinceramente. Ele deu um tchauzinho pra nós( Marcelo PdsMicali Blougouras, estávamos sempre juntos tudo é possível). tudo normal.
ele disse;
- E aí criançada!
A gente só deu um positivo e continuamos a brincar.

de longe todo mundo é mais legal

nada além de um céu de estrelas

segunda-feira, 27 de julho de 2015

está tudo bem outra vez


está tudo bem outra vez
você estava perdida 
e eu não sabia o que dizer
eu olhei pra você 
e procurei a palavra certa 
mas não achei
e você ainda assim ficou aqui

esse não foi o melhor caminho
minhas palavras nunca são fáceis
e não ficam como eu gostaria
eu não consegui pedir pra você ficar
mas tudo ficou bem outra vez
você disse não vá
e tudo ficou bem outa vez

deixe-os lá fora


deixe-os lá fora
eu os deixei
e agora eu tenho aqui dentro
a chuva e o vento

agora aqui dentro
tudo em movimento
um trem 
meu desejo 
anticimento

deixe-os lá fora
tenha lágrima
lâmpada sol
de novo nascimento

deixe-os lá fora
desnude-se 
é tempo

#anabásis


vou subir a montanha; determinada pedra me interessa.
não vou achar, mas isso é o que menos importa.

domingo, 26 de julho de 2015

sem consolo


artemis não é um consolo
ainda estamos aqui
quando seu cheiro de pimenta
me diz tanto

antes que tudo




sobre nós flutua o mistério
afoga-te 
antes que tudo desabe

eu realmente


eu realmente não preciso
dessa necrose
da necrofagia
da blasfêmia
da psicopatologia infame
eu preciso de uma pausa
água morna e hibisco
e vadiar
só assim para continuar o sonho

na tessitura


amas em silêncio
na tessitura do vento
nas nuvens, ela estará

eu vou deixar ela sempre



eu vou deixar ela sempre
escolher
as coisas as palavras as pessoas
eu vou deixar ela sempre
decidir
aonde ir com quem e quando ficar
eu vou deixar ela sempre
pensar
no melhor abrigo na melhor sílaba e verso
eu vou deixar ela sempre
e vou voltar

sexta-feira, 24 de julho de 2015

quanto tempo ainda tenho?


eu quero sentir o pavor, roer o osso, me embananar, sentir remorso, pejo, nojo, comer cebolas, misturar alhos com bugalhos, sofrer, enfiar o pé na jaca, dormir até as duas, cavoucar os dentes, sentir calafrios, afogar-me em mágoas, destilar  veneno, beber querosene, apanhar, levar na cara, errar, cavar sepulturas, escorregar o dedo, tocar contrabaixo, matar a bola no peito, me perder nos seus cabelos, tomar anestesia, escrever excrever com x, roer a corda, matar dois ratos, conversar com deus, misturar todas coisas, decorar a tabela periódica, subir a montanha, roubar os velhos, trepar, trepar, trepar, sonhos lúcidos, não pisar nas flores no caminho, rir sozinho, cantar aos domingos, explodir chicago, meter as fuças, dançar, dançar, dançar, água da correnteza, o barro, o frontispício, os dedos de tinta de jornal, cachorro magro, conversa fiada, inveja, ciúme, preguiça, conversa de lavadeiras, meu pai, meu tio, meu eu, a noite, a noite , a noite, as crianças me abraçando, morena com flor no cabelo, lençol recém passado, feriado, groselha, fumar tereza, um chá gelado, terceiro uísque, rush, passadas largas, guitarra e tambor, guloseimas, conversas no chuveiro, drama, teatro,carro de boi, swing, coro grego, walter benjamin, salvatore giuliano, o egipcio,ver a grama crescer, fins de tardes, começos também, solitude, solidão, silêncio, gargalhadas, mato queimado, maconha, cheiro de água no asfalto, bikini, cabo frio, esperança, noitinha, madrugada, fome, larica,9 de julho, nossa senhora medianeira,avenida ganzo, carrinho de rolimã, serralha, suco de casca de abacaxi, moça linda banguela na janela, isso não me afeta em nada, ronco, manga rosa, plantas de apartamento, cheiro de pão, café com leite, madrugada, andar, andar, andar, conversas no vão de escada, trepar no vão de escada, vão de escada, vão de escada, botar fogo, botafogo, hindi zara,vermelho, chão, poeira, ilha, chuva, vento, bicicleta,ódio, tesão, angústia, terror, apartamento, sol, piano, quero te ver outra vez,quero todo esse inferno, quero ver a terra mais uma vez,quero ver o céu, quero vir á terra mais uma vez

quinta-feira, 23 de julho de 2015


o corretor de texto não me deixa mentir

#corretordetexto


o corretor de texto não me deixa fazer muitas coisas, escrever excrever com x, como a dizer, ou como dizer o que eu quero dizer, se não for excrever, um tempo que eu acreditava que bastava crer para ver?

quarta-feira, 22 de julho de 2015

certeza


quem não tem certeza põe, ou não põe? a mão aqui.

‪#‎menosumbigo‬


tenho fobia de umbigo
Omfalofobia
gente que só pensa no seu umbigo, partido, cor, time, gênero, número, grau.
se cada um defender um lado, olhando só o umbigo próprio,defender uma bandeira ou um terreno cercado de arame farpado, nada mudará.

tudo está se misturando

renasci ao te ver no ar

butterfly mourning

                                                                                                                                          fátima bittencourt
no pousar dessas asas
no reflexo
voei

terça-feira, 21 de julho de 2015



e quanto a inevitabilidade de tudo isso?
sorrio?

é preciso você ver estrelas



é preciso você ver estrelas
uma centena
um milhar
um céu inteiro de estrelas
para que você
centelha
grão de milho
punhado de pó
sinta-se como elas

o melhor da viagem


ter um lugar para voltar

Cultivas ervas daninhas por não saber sê-las.



Cultivas ervas daninhas por não saber sê-las.
Regas todo dia. E falas com elas, assim;
- Plantinha!
E acharás linda a força que vem da terra.
E a planta cresce, sem vergonha, feliz de si.
Regando todo o dia e conversando com a planta, desenvolvendo o amor, esperas a flor.
Enquanto cultivas o jardim, limpando, esfregando e esperando, cultivas mais a ti.
Erva daninha, não há.

domingo, 19 de julho de 2015

um gato


Era um gato desavisado. Estando ali, só, assim: onde não deveria passar perto.
Velho e estropiado. Caminhando assim de lado, ia gato, de banda junto ao muro, talvez uma perna luxada,talvez o rabo quebrado. Um gato, ainda.
Muito velho para qualquer coisa mais, não emitia um ruído, não esbarrava em folha, não roçava um mato, só os olhos brilhando na noite alta.
Sua feiura incomensurável, a falta de jeito, a cor  indefinível - malhado, preto, branco, amarelo, marrom, pardo? os olhos escuros, mas não pretos - castanhos, esverdeados, amarelados? o pelo sempre sujo, encrespado, amarfanhado, haviam-no poupado de dono, travesseiro, leite morno, banhos em feriados. 
Não tinha toca, buraco, cano, telha, ninho, caixa de sapato; dormia há quase um quarto de século ao relento em qualquer acaso. Chuva, vento, frio, geada. Granizo. Trovões. Chutes, bombas, imprecações, cruz-credo, passos desviados. E restos de comida, nunca na tigela. Nunca um único afago.
Mas o amor das gatas.
Gatas limpas, mansas, ariscas, estilosas, furiosas, velhas. Lalás, Mimis, Cocós. Siamesas, angorás, brancas, pardas, tigradas. Muitas gatas pretas. O amor de muitas gatas. Gata de pelos lisos escovados,  de pelos igualmente sujos, pelos compridos, pelos curtos, sem pelos, de pelos eriçados. Sem rabos. Sem uma pata. Sem bigodes.  Sem orelhas. Gatas.
Ouvi o passar macio, sem ruído (nenhum latido de cão) desse gato velho e estropiado por entre as folhas do abacateiro, junto ao muro do Lar São Francisco para Cães Abandonados; setenta e dois cachorros furiosos, babando, sempre esfomeados; livres de hipocrisia, cheios de raiva  e insanidade, soltos no páteo, atentos a qualquer silvo ou chiado, ao mínimo cheiro e lá ia o gato cambaleando junto ao muro, desavisado? subiu o muro sem um ruído ou dificuldade ( nenhum latido de cão) . Antes de pular para dentro. olhou para mim

quinta-feira, 9 de julho de 2015

quarta-feira, 8 de julho de 2015

peço desculpas ao meu eu por não saber qual é o meu eu.



peço desculpas ao meu eu por não saber qual é o meu eu.
peço desculpas por não encontrar melhor palavra que desculpas
pela minha hipocrisia
e pela falta de jeito, pelo mal jeito, e por tudo o mais,
meu coração tingido, minha cabeça cingida, meu coração fingido
e por estar sempre fugindo
peço desculpas ao meu eu, pedido desesperado
desamaçado, desbananado, deslimonado
peço desculpas sem descanso ao meu eu
fruta doce que eu persigo a cada tropeço

sábado, 4 de julho de 2015


cometer é junto!

tempo de estrelar!

desencontro e encontro


marcaram um desencontro ( eu apareço, a gente se vê, vê se não some, etc.) e encontraram-se mesmo!

depois de depois vem o que?

sem mas

dez coisas que minha mãe me dizia



1 - eu queria ser um mosquitinho pra saber onde você anda!
2 - Você é muito bom é pras suas negas.
3 - eu não vou morrer sem dar na sua cara.
4 - Você faz as maiores cavalices, passam 5 minutos você volta com maior cara lavada e pergunta se está tudo bem?!
5 - Nós aqui em casa somos como os dedos de uma mão todos diferentes mas não vivemos longe um dos outros.
6 - Ah se eu tivesse nascido homem e com essa sua cara, eu ia correr mundo!
7 - Como você é sarcástico! Quanta grosseria!
8 - Podem falar o que quiserem de você,mas desde criança você sempre foi responsável, sempre este aqui na hora do almoço e da janta.
9 - O que você está fazendo com sua vida?!
10 - Vamos ter aquele nosso papo-amigo?

um meu abecedário



A fala de B que fala de A; C diz que vai fazer, D fala: quero ver. E ninguém tem razão;
F, claro, manda se fuder e G diz que foi um gato que passou; H pede mais um tempo, enquanto I, diz que já passou. 
J uma letra graande a nos perturbar e K não se usa mais. L é ele mesmo, M é comigo mesmo e N na ponta do nariz, e O que palpite infeliz.
P de novo, puta que pariu e Q que eu vou fazer; R que vontade de rir e S é difícil de engolir, T mando passear U uma vaia para mim
V quem é que me vê, X da questão, W meu mundo de cabeça pra baixo Y ai de mim e Z que vontade de dormir

um meu decálogo

- não aceito grosseria de garçom
- não há deus melhor que o outro.
- eu danço
- tenho história pra contar
- contemplação é comigo mesmo
- preciso tomar muito cuidado com o que como
- preciso tomar muito cuidado com o que falo
- o que falta por aqui é diálogo
- não existe diferença entre vida política e poesia
- amigos, eu amo vocês

sexta-feira, 3 de julho de 2015

‪#‎nãotôacompanhando‬



na esquina de casa tem uma escola, na frente da escola rola um lance da igreja, tipo ong, que dá palestra e rango pra morador de rua. os alunos fumam maconha na calçada da ong, os moradores de rua fumam maconha na calçada da escola.
um espelho que não está funcionando

ninguém chuta um cachorro morto, logo sou um cachorro vivo