terça-feira, 27 de dezembro de 2016
a terceira violinista
A terceira violinista, a partir da esquerda, sorri e agradece os aplausos. Ela pensa:
- Também são para mim.
Toca com rigor e extrema atenção. Toca com exatidão; sabe que qualquer deslize prejudicaria o espetáculo como um todo.
Concentrada na partitura e ao comando do pianista, que comanda a orquestra com meneios de cabeça e um ou outro olhar mais severo para o baterista, que em rebeldia inútil "brinca" com o baixista e invariavelmente erra, sem saber que será demitido por isso e pelo constante desleixo com tudo o mais, e mais importante: não percebe a terceira violinista.
A terceira violinista, porém, está atenta ao maestro e a tudo;e não deixa, aliás, de prestar atenção na grande cantora que revela, pela terceira vez essa semana, a infância difícil, a luta para gravar, a verdade que está em cada uma das canções. Muitas palmas. A terceira violinista não se interessa, entretanto, por nada disso:
- Isso não é comigo.
Findo o show, dois bis, mas sem violinos, á capela. Já no lugar reservado aos músicos da orquestra, lugar quase mofado, (cuidado com os fios desencapados), a terceira violinista, traços quase orientais, filha de alagoanos, quatro horas de Maceió, agora Pirituba, uma hora do Centro de São Paulo; amanhã ás sete escola de música, guinchos e estalidos, notas para os alunos, notas fora da pauta, pouco dinheiro, talvez Uber, mais certo Bus; almoço no quilo, difícil emagrecer; sorvete? o grupo da família, o grupo da orquestra, outro grupo; outra apresentação, a caixa do violino precisa ser encerada; e o namorado? quando casa? não pensa em ter filhos? música não dá dinheiro, música não dá dinheiro? música não dá dinheiro! música não dá nada pra mim, sucesso é para quem merece, quem quer saber de sucesso? nunca namoraria um flautista, talvez o baterista? jamais vou voltar para Alagoas, o ano que vem... talvez mude para o Centro, talvez arrume o armário, um novo violino, isso! devo mudar o corte de cabelo? devo e não nego; nunca mais tocarei essa música, cada coisa que me acontece...amanhã tudo de novo.
Terceiro bis, todos voltam ao palco.
Palmas.
A terceira violinista a partir da esquerda, poderia ser a quinta ou a oitava, agradece, sorri, sabe que é com ela.
sábado, 24 de dezembro de 2016
preciso te esquecer
Então eu queria encontrar a Claudia Telles e falar pra ela deixar o que tinha passado, passar, que a vida continua e que ela ia amar de novo.
Agora eu sei que nem tudo que ele, o poeta, diz, é verdade, mas se eu encontrar a Claudia, eu falo o que eu sempre quis falar, porque eu acho que é uma verdade absoluta.
como
como esse céu azul
como os chinelos virados esperando
como os carros em disparada
como as meias balançando ao vento
como a moça na janela desesperada e solitária
como as orelhas encardidas
como as maratonas de seriados
como as ratazanas desproporcionalmente gordas
como as promessas de fim de ano
como as canções esquecidas
como as árvores que esperam virar folhas de papel
como os aviões que não cansam de voar
como as mensagens que não desistem de chegar
como as novas modas
como a falta de atenção
como o telefone que não atende
como a falta do que falar
como a sombra
como aquilo que não sei
como tudo aquilo sobre você
como o que não quer chamar
como o domingo
como a feição que não há
como a nova febre
como aquilo que não viu
como tudo
e a fome não me cansa de chamar
sexta-feira, 23 de dezembro de 2016
Serginho Chulapa
Serginho Maloqueiro. o Chulapa
O meu um a zero. A garantia de pelo menos um gol.
A minha garantia, jogando no meu time, contra o racismo, contra a oligarquia, e a aristocracia.
O cara mais popular do futebol jogava no meu time.
O meu time é o time do meu avô, do meu pai, dos meus tios, da minha mãe, da minha mulher, do meu irmão, da minha irmã, dos meus primos.
Eu nunca vou xingar o time de ninguém, fazer brincadeira besta, tirar sarro do time dos outros.
Eu vou é torcer pelo meu time. O São Paulo Futebol Clube
Serginho, herói bandido.
minha versão dos fatos:
em conversas sadias em volta das fogueiras juntamos as pontas para acabar as diferenças/ na falta de artistas cantamos nossas musicas bonitas feitas de improviso /novos amores todos os dias aconteceram /de mãos dadas caminhamos pisando as ondas/quando voltamos já éramos melhores que antes
#doisvelhosamigos
joga as pedras na mesa com estupidez e grita:
- você não sabe jogar!
- porra, pra que isso?!
- Tem que contar as peças! é a terceira vez que a gente perde!!! não é você o intelectual, o poeta, o doutor??? e não sabe jogar dominó?!!!
... por isso prefiro ficar com a poesia...
- você não sabe jogar!
- porra, pra que isso?!
- Tem que contar as peças! é a terceira vez que a gente perde!!! não é você o intelectual, o poeta, o doutor??? e não sabe jogar dominó?!!!
... por isso prefiro ficar com a poesia...
terça-feira, 20 de dezembro de 2016
jane & herondy
O Miltão que me deu um toque. O Miltão é o segurança da feira, é um homem enorme. Amigo dos amigos; um sujeito 100%. Fera.
- Mau-Mau vai até o tomateiro que ele é capoeirista... essa molecada tá precisando fazer um exercício, criança que tá parada é oficina pra coisa errada. Ele quer ajudar a escola.
Chego no tomateiro e me apresento.
Falo que a escola está aberta pra ele, e que a molecada precisa de bom exemplo.
Ele fica satisfeito diz que a hora que quisermos ele traz o povo pra subir na parede, andar em fio de barbante, o escambau.
- Muito obrigado, meu amigo. Qual é o seu nome?
- Na capoeira sou conhecido como Leopardo. Mas meu nome é Erondi.
- Que nome de boa estrela! E sua irmã Jane, como vai?
- Ah! A Jane morreu, mas ela foi muito feliz nessa vida. Todo mundo tem saudade dela...
Frequentemente eu caio em armadilhas que eu mesmo faço, mas...
- Seu pai foi muito feliz na escolha dos nomes; todo mundo que tem alguma cultura no Brasil ama essa dupla.
Senhoras e Senhores com vocês:
- Mau-Mau vai até o tomateiro que ele é capoeirista... essa molecada tá precisando fazer um exercício, criança que tá parada é oficina pra coisa errada. Ele quer ajudar a escola.
Chego no tomateiro e me apresento.
Falo que a escola está aberta pra ele, e que a molecada precisa de bom exemplo.
Ele fica satisfeito diz que a hora que quisermos ele traz o povo pra subir na parede, andar em fio de barbante, o escambau.
- Muito obrigado, meu amigo. Qual é o seu nome?
- Na capoeira sou conhecido como Leopardo. Mas meu nome é Erondi.
- Que nome de boa estrela! E sua irmã Jane, como vai?
- Ah! A Jane morreu, mas ela foi muito feliz nessa vida. Todo mundo tem saudade dela...
Frequentemente eu caio em armadilhas que eu mesmo faço, mas...
- Seu pai foi muito feliz na escolha dos nomes; todo mundo que tem alguma cultura no Brasil ama essa dupla.
Senhoras e Senhores com vocês:
quarta-feira, 14 de dezembro de 2016
começou o inicio do fim de ano
Noblesse oblige, a delicadeza, a pureza, NÃO FAZER MALDADE, amparar os humildes, admoestar os que desacertam, dar assistência aos necessitados, enterrar os mortos, ter boa vontade com os inaptos, dançar, cantar, fazer sorrir.
Aprendi tudo isso com minha MÂE CHELO, meu PAI DIRCEU MIELE e meus irmãos Má e Marcião.
começou meu chororo de fim de ano
sábado, 10 de dezembro de 2016
Elis, o filme
fui assistir o filme Elis, chorei muitas vezes, em quase todas as músicas. incontáveis vezes.Tinha chorado seis vezes num filme, meu recorde, agora superado pelo Elis: chorei o filme inteiro.
Teve uma época que eu não conseguia ouvir, agora eu acho que é porque me levava a um lugar que eu não queria ir, que era o da morte dela.
Quem me falou da morte dela foi o Micali Blougouras, meu grande amigo grande. Não tive coragem de ir ao velório; cantei as músicas dela.
Ela sempre foi minha, eu sempre fui dela. Não havia espaço pras outras; ela era tão intensa e grave e dramática e fElis, e cantava os hinos. O auge é Trem Azul, minha música favorita.
Acho Elis maior que a vida.
encontro com famosos: Jair Rodrigues
minha mulher adora o Jair Rodrigues.
Fomos á um show dele no Centro Cultural, minha casa. O Jair cantou muito, mas queríamos mais; deu três bis.
Uma carreira enorme, eu lembro da torcida de minha mãe por Disparada, ela achou um disparate a banda ter ganho. eu gosto de muitas músicas dele, lembro do enterro da porta-bandeira e do conde.
Esperamos ele vir receber o público. O Cachorrão naquela simpatia, sorrindo e brincando. Vou até ele, já falando do resultado do jogo do Santos, apresento a Adri, toda tímida:
- Minha mulher te adora Jair!
Ele a puxa, abraça
- Conhecendo ela, agora até eu tô gostando mais de você!
encontro com famosos : Lucio Mauro Filho
No Velório do meu primo conversei com populares e com muitos amigos daquele gigante, o melhor de nossa gente.
Vou até o Lucio Mauro Filho apresento-me, agradeço a presença, trocamos palavras agradáveis, comento:
- Muita gente vem até mim e diz que nós somos parecidos...agora sei porquê, você é um homem muito bonito!
Ele sorri e me beijando, diz:
- Eu entendi, eu entendi!!
sexta-feira, 9 de dezembro de 2016
Patrick Dimon - Pigeon Without A Dove
muito fino, mascando chiclé!
cantou com a mão no bolso eu já declaro meu amor!
adoro essa canção, que fala do voo de pombas e etc.
não consigo esse agudo, a vida nunca sorriu pra mim mesmo!
parece referir-se a ciganos igualmente.
a vida não cabe no bolso
a sorte me acompanha, hoje dentro do bumba enquanto rezava o terço, um velho homem me acorda dizendo:
-essas moedas são suas.
-essas moedas são suas.
Claudio Zoli é Rei
ouvi muito, top ten, swing, swing,dançando dançando
e chega tipo; start me up! mor alto astral!
toda a forçado mundo está no quadril!!!
Woody Stroode x Kirk Douglas
os seres humanos não teriam chegado tão longe sem o companheirismo a amizade o altruísmo e a compaixão.
- Os que vão aqui morrer te saúdam!!
Só que não.
Woody Stroode é quem inicia a revolta dos escravos.
Meu segundo ator favorito, Kirk Douglas, interpreta(aqui a palavra valise!) Spartacus, que vem a ser meu segundo filme favorito.
O olhar que os dois heróis trocam antes de entrar na arena é para mim momento extraordinário do cinema.
Woody Stroode sairia inevitavelmente vencedor do combate; havia vencido recentemente Kirk Douglas, mas...
quarta-feira, 7 de dezembro de 2016
terça-feira, 6 de dezembro de 2016
#doisvelhoamigos
- sabe o que vai acontecer?
- provavelmente nada, mas se rolar uma colisão de cometa,tanto faz...
segunda-feira, 5 de dezembro de 2016
quinta-feira, 1 de dezembro de 2016
mundo grande
eu quero um mundo pequeno
mas me dão tão grandes abraços
que eu desisto fácil dos meus sonhos mesquinhos
domingo, 27 de novembro de 2016
Empreendedorismo no Brasil
Empreendedorismo no Brasil é carrinho de cachorro quente, salão de cabeleireiro e botequim
eu sei o que é ser jovem
1983 fusquinha assombrado na madrugada da USP. de repente todo mundo salta do fusca em movimento, inclusive o motorista, pra dançar mais a vontade.
honorável senhor rodobiko hirata
https://67.media.tumblr.com/9d6a50498106b967a64f389143c72091/tumblr_mpfmvnbi4V1qdm4tlo1_500.gif
meu mestre no colegial, honorável senhor rodobiko hirata, me incentivou no caminho das ciências. o incentivo foi bom, eu é que falhei.
ele me disse: observe uma vela, a chama de uma vela , faça os registros...
a mim sempre coube o sonho, o se, a vontade...
tudo que poderia ter sido
meu mestre no colegial, honorável senhor rodobiko hirata, me incentivou no caminho das ciências. o incentivo foi bom, eu é que falhei.
ele me disse: observe uma vela, a chama de uma vela , faça os registros...
a mim sempre coube o sonho, o se, a vontade...
tudo que poderia ter sido
quinta-feira, 17 de novembro de 2016
treze
quando bastava subir a ladeira
para ficar fora de mim
quando ficar fora de mim
era tudo o que eu queria
circular
quando descer a ladeira
para dentro de mim
era sempre possível
estar nem aí nem aqui
poder voltar
quando o mundo ao redor
com chuva ou luar
subindo e descendo
o mundo continua
em outro lugar
eu volto a subir a ladeira
tudo que eu quero é sair
descer de volta para mim
encontrar algum lugar
desencaramujar
segunda-feira, 14 de novembro de 2016
constituo um mistério igualmente para mim
que fazer com os cantos escondidos, sem audiência, traço infinito, não linear, á espera de codificação. lugares sem iluminação, insulares, naufrágios, bilhetes em garrafas que não foram ao mar.
que fazer com o inseto que vagueia a procura da lâmpada, de um pedido, roendo a corda, ziguezague que não finda. que fazer com as teias de aranha, sem essa, manhãs sem sol, apitos de fábrica, marcha dos operários sem ordem.
que fazer, que fazer, que fazer?
insônia e rock'n roll, roer as unhas, as cordas, porão e não sótão, abstenção, caretice, espanto, hoje ainda me penso antes do fim do dia, antes que amanheça e eu ainda esteja aqui.
domingo, 13 de novembro de 2016
minha versão dos fatos:
eu não vejo a hora de sairmos juntos de mãos dadas a rever estrelas; eu disse eu não vejo a hora de escutarmos de novo as fontes abençoadas de águas e cascatas; eu disse eu não vejo a hora de sentirmos o cheiro de lavanda nas alamedas cansadas; eu disse eu não vejo a hora de um novo beijo ser melhor que o antigo na mesma boca muitas vezes beijada; eu disse eu não vejo a hora de mãos dadas pelas prais desertas inventadas somente naquele exato momento para nós dois; e os meus cinco sentidos nada são, arremedo para intuição de que tudo está ajeitado num futuro incerto para todos, exceto para nosostros; clarividência do fracasso espetacular da experiência coletiva versus nossa felicidade particular; premonição do tempo ruim que promoverá crises sem solução, saída ou diálogo enquanto nós dois protegidos na cama bagunçada encontramos amparo em nossos olhos; percepção sutil, entendermos de fato o que é telepatia, mesmo nos desentendo e desencontrando e discutindo, e ao redor tudo densamente desaba e liquidifica. sobre tudo isso versões melhorada da voz humana.
http://postcardsfrombodyland.blogspot.com.br/2016/09/respect.html
sexta-feira, 11 de novembro de 2016
agarrado ao Machado
sento no lugar que havia pra sentar, de costas para onde o trem ia me levar, tenho medo da cinetose, mas não posso evitar a fissura de terminar o livro. não me pergunte quantas vezes eu li esse livro.
na outra estação entra um cara, meio viado, mas hoje em dia, como mamãe já dizia, todo mundo é meio viado.
estava a ler o capítulo que eu mais gosto, está ali, quase ali, quase eu li, o mistério, mas o mistério, bem compreendido, nunca termina, em algum lugar do passado, fica esboçado, por metáforas, o mar, minha vida, como um marujo conta o seu naufrágio?
fecho o livro. o cara tem um escorpião tatuado na mão, coisa de cadeeiro, ou como papai já dizia, são quase todos uns porcos com essas tatuagens, fala:
- Ah! Dom Casmurro... esse Escobar, mas não vou falar, você ainda não terminou o livro...
- Esse é aquele livro que nunca termina.
sábado, 5 de novembro de 2016
a mesma praça
combateremos o mal
lutaremos bravamente
para espantar a caretice
nos juntaremos aos bons
combateremos bravamente
lutaremos todos os juntos
para promover o bem
nos juntaremos contra o mal
para nos livrar da caretice
só falta começar
escrevo
escrevo,ora te escrevo
embora estas linhas, creio
não te sirvam, assim penso
desde que,
caminhos separados,
memória daquela tarde
em que juntos
cada um partiu para um lado
sem aceno
nem último desejo
somente mal estar
escrevo, assim te escrevo
estas linhas ,embora,
pareça-me cada vez mais
tango desesperado
chuva em feriado
luto fechado
gato preto estatelado
fudido, atropelado
escrevo, mas a chuva
embora as linhas
não cheguem
a avenida a separar tudo
carros estacionados
trânsito congestionado
ali mais longe
um grande muro
branco caiado
a espera das linhas
que, ora, te escrevo
embora estas linhas
cá comigo penso
sirvam pra quê?
escrevo embora a certeza
teu coração pequeno
cada vez menor o tempo
capaz que um capote pegue bem
ainda que não percebas
escrevo
embora
disco riscado
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