de mãos dadas caminhamos parados do mesmo modo que nos encontramos calados nos falamos tanto nossos pensamentos encontram-se em lugar algum cartas sem destino a falta de festa nossa alegria em nos reconhecermo-nos pela última vez o Sol a brilhar uma noite inteira enquanto tu te levantas a noite avança tudo tão distante ah! os fragmentos brilhantes de nada ardente calma imperiosa vontade de não fazer eu te agradeço mais uma vez por não ser aquilo que eu esperava outra nuvem passa adiante, até mais ver
sobe a brigadeiro com o dedo enfiado no nariz. loira (quase loira, é uma cor antiga, um castanho acobreado) os cabelos francamente oleosos, escorridos, repartidos ao meio. na cara grande angulosa destaca-se o nariz, com o dedo indicador da mão direita enfiado nele. - cinco mangos como vai limpar no cabelo, diz o velhote, aposentado, 42 anos de labuta no serviço público, sabe-se lá qual, mas do serviço público; a testa brilhando ao sol de quase primavera, outono mais quente que o normal, mas devemos nos acostumar, e agradecer, tudo. - limpa na calça! limpa na calça!! rebate o chaveiro, que termina os serviços rapidamente para apostar o dia inteiro com o velhote, ou com qualquer outro que se disponha a apostar sobre qualquer coisa: a cor do próximo carro da fiat, se a placa do parque dom pedro tem final par ou impar, se a velha vai tropeçar na guia, quantas camisas do corinthians passam em dez minutos, se alguém vai chegar atrasado e dar com a porta fechada do cartório, quantos minutos o churrasqueiro demora para acender o fogo, se o menino solta da mão da mãe ao atravessar a rua, se a morena levanta a calça ao parar no ponto de ônibus, se o balconista vai trazer a cerveja assim que eles sentarem, antes mesmo de pedir, e muitos etc.O imponderável atrai muita gente, fornece adrenalina e muitas outras inas, na primavera, verão outono, inverno e etc. Porque sem o imponderável tudo é tão óbvio, que não vale uma aposta. - limpa na calça!!! balbucia naquela torcida. Os dois estão sentados bicando a cerveja, lá vem loira de cabelo escorrido com o dedo no nariz,,, Bem na frente deles, aquela torcida, ela tira o dedo do nariz, arrisca, e enfia o dedo, com a caca, direto na boca. O empate não serve a ninguém, mas sabe como é:quem não arrisca, não petisca.
minha vaidade, oh! perjúrio, infâmia que não cansa, força que alimenta, engorda, espelho quebrado, caminho sem reta, descanso que não almejo, enquanto me vejo, me engano e morro, fracasso.
ah! tardes em busca de um meteorito que não preciso encontrar mas, oh, como necessito de ti; procuro-te ainda nessa idade, morando num pequeno apartamento uns trapos como bandeira, um troço que caminha
sinto, e continuo a sentir, o fogo da juventude em brasa
que nunca se apaga, jardim que nunca canso de voltar.
meus pés fora de compasso, mas você me acompanha
e ainda dança comigo, passo errado, pra onde eu for
preciso é seu abraço, onde enfim, tropeço acabo e recomeço:
minha vaidade, oh! perjúrio, infâmia que não cansa, força que alimenta, engorda, espelho quebrado, caminho sem reta, descanso que não almejo, enquanto me vejo, me engano e morro, fracasso.
ah! tardes em busca de um meteorito que não preciso encontrar mas, oh, como necessito de ti; procuro-te ainda nessa idade, morando num pequeno apartamento uns trapos como bandeira, um troço que caminha
sinto, e continuo a sentir, o fogo da juventude em brasa que nunca se apaga, jardim que nunca canso de voltar.
meus pés fora de compasso, mas você me acompanha e ainda dança comigo, passo errado, pra onde eu for preciso é seu abraço, onde enfim, tropeço acabo e recomeço:
recomeço:
minha vaidade, oh! perjúrio, infâmia que não cansa força que alimenta, engorda, espelho quebrado, caminho sem reta, descanso que não almejo enquanto me vejo, me engano e morro, fracasso.
ah! tardes em busca de um meteorito que não preciso encontrar mas, oh, como necessito de ti; para te achar
ainda nessa idade, morando num pequeno apartamento
uns trapos como bandeira, um troço que caminha
sinto, e continuo a sentir, o fogo da juventude em brasa
que nunca se apaga, jardim que nunca canso de voltar
meus pés fora de compasso, mas você me acompanha
e ainda dança comigo, passo errado, pra onde eu for
preciso é seu abraço, onde enfim, tropeço acabo e r
Ele havia morrido de morte estúpida, acidente. Caiu de um andaime de um metro de altura e morreu na hora. Como é que uma pessoa morre ao cair de um metro de altura? Que erro é esse? Passados quarenta dias do ocorrido Selma não estava recomposta. grande choque. ela guarda o grito; Alcides surpreendeu-se com a queda, e gritou. O pé encontrou o ar; conforme o outro pé forçou a tábua, esta cedeu, e como catapulta jogou o corpo para cima, para o ar e o vazio do ar. Só um metro até o solo, mas ele morreu de instantâneo. Aquele barulho da cabeça de encontro ao chão. Ficou o grito, no ar, e ainda, na cabeça de Selma. Em quarenta dias, quatro dedos de cabelo branco, ou menos quatro dedos de cabelo loiro, na cabeça de Selma. E o grito. Agora, a casa cheia; que antes viviam os dois juntos, sem precisar de mais. Barulho de netos. Cozinha cheia. Talheres batendo, muita louça suja. A casa cheia na Santa Marina. As filhas não sabem mais o que fazer; os genros com essa mania besta de churrasco. E feijoada, pizzada. Até buchada fizeram. Selma cheia de tudo isso. - Mulher, você precisa sair, tem que fazer alguma coisa.
Conversinha de vizinha, que Selma finge que não escuta. Cercado de mitos o sexo na velhice é tabu. Selma e Alcides eram felizes; namoravam e transavam muito. Era o sexo que os mantinha unidos e vivos. Muito felizes. A vizinha continuava provocando: - Mulher, você tem que se mexer. fazer alguma coisa, e etc. Selma escutava e só queria saber do essencial. Saiu pela primeira vez depois de quarenta dias. Foi até a Água Branca. Prédio bonito, elevadores inteligentes, vista panorâmica da cidade, alta torre do edifício comercial. Subiu ao décimo oitavo andar. Pensou consigo: daqui não tem erro. Saltou da janela sem dar um pio.
o ídolo de meu pai; ele falava Frederrache. O São Paulo de meu pai, o de 1931: Nestor, Clodô e Bartô. Rafa , Zarzur e Orozimbo. Luisinho, Armandinho, Friendereich, Waldemar de Brito e Hércules..
Hoje é dia do irmão. Em 1969 tive um sonho. Estava a caminhar pelo campo. algo me chamou a atenção e subi numa árvore.Num galho alto, uma criança me estende a mão. - Oi meu nome é Marcio. Sou seu irmão. Acordei e falei pra minha mãe. -O nome do meu irmão é Marcio. Minha mãe que sabia de tudo, me abraço e beijou. a Chelo não comentou nada. só falou para meu pai que a criança que ia nascer já tinha nome.
o destino da vaca é cair da árvore
ai não dito
valei-me são Benedito
me seguro nos meus ternos
quadras e quinas
loteria da vida
um dia acerto as contas contigo
me jogo na vida
perco ganho
só não sei o que é empatar
sábado, 2 de setembro de 2017
o marcola subiu em cima da kombi e gritou: - violência gera violência. eu e o paulo tentávamos dar uma bica na bunda de alguém que passava perto da gente e ríamos muito. marcelo foi embora entediado. o couro comia numa pancadaria generalizada na 13 que chamavam de bixiga. tínhamos 18 anos e estávamos bem velhinhos
Marilene Felinto sumiu. Deu no pé.Tchau sem beijo. Por mais uma ironia, essa atitude, de dar uma banana ao mundo podre, é considerado um gesto nobre. Escolher um destino, não como um fato, um vestido novo, blush, pó de arroz; eis um destino admirável. Marilene Felinto disse não. Aqui e ali, de forma diversa,monomitamente, alguém diz não. E vai fazer o caminho. Essa saída á francesa, tão brasileira, de fechar-se em copas, recolher-se na concha, permanecer em si, sair a rever as estrelas, passear de mãos dadas, encontro ao vento, descalça no chão espinhoso do sertão, vivendo com tão pouco, quanta imaginação! sem medo, sem medo, Marilene! Aqui e ali, tão longe. Marilene, não se acha só; do alto da minha insignificância fogueira alta acendo, na falta de vela, pela presença tua, silêncio; pela negativa, por dizer não, sim; para sempre aqui e ali, não longe de mim.