quarta-feira, 10 de setembro de 2025
fim dos tempos
gente
conversa
domingo, 10 de agosto de 2025
um homem morto num banco na 13 de maio
- Ele está duro.
- Que filhadaputa! Como vamos tirá-lo daí?
-Tem que chamar a polícia.
Os dois conversam enquanto dividem um cigarro. Os cigarros
ficaram mais fedidos, vagabundos; é o que todos dizem. É a química, são
paraguaios, falsos.
-As madrugadas são mais frias porque... ora são os fenômenos
físicos, ou químicos?
-Elas são mais frias porque a Terra perde calor para a
atmosfera.
-Sim, mas é um fenômeno químico ou físico?
-Pergunta quanto tempo um corpo demora para ficar duro.
O homem e seus cães se aproximam, ou antes, os cães vêm
antes, correndo; ele vem atrás assobiando, e falando aos cães: Ê, Ô, me espera
que vou!
-Ele está morto?!
-Sim, durinho.
-Foi uma madrugada fria. bem que a mulher falou: vai ser a
madrugada mais fria do ano! Tanto lugar para morrer e ele vem morrer aqui!
-Pois é , eu pensei o mesmo: por que ele não vai morrer na
putaqueopariu?
Os cães seguem correndo, ele segue atrás, quase gritando:
- Ê, Ô, me espera que
vou!
- Quantas palavras um cão entende? pergunta aí.
Outro cigarro dividido. Encostam-se na parede, lado a lado
fumam, conversam diante do banco, do corpo endurecido no banco.
- Ele dormia aqui faz tempo.
- Uns dois meses.
- Talvez mais.
- Cem dias.
- Cem dias dormindo nesse banco duro.
- Agora ele está mais duro que o banco.
- Sim acho que ele era duro desde sempre.
- Não entendi.
- Duro, pobre.
- Ah.
O homem dos pães fecha a porta do carro com força. a
necessidade dele fazer isso é nenhuma. Bate a porta com força, segura forte o
pacote dos pães, conversa com os outros de forma ríspida, pesadamente:
- Morreu?
- Mortinho.
- Eles tomam cachaça e morrem. nem sabem que estão mortos,
pode procurar aí, hipotermia.
- Oi?
- Hipotermia. Esse idiota não tinha outro lugar para
morrer?! Ele deve estar pesado.
Um corpo morto não pesa mais que um corpo vivo. Um filme
antigo, de relativo sucesso " 17 gramas" serviu de veículo da ideia
que um corpo "perderia" 17 gramas ao morrer. Nada pode corroborar com
essa visão. Um corpo, aliás, pode parecer até mais pesado, se estiver morto. O
"rigor mortis", expressão em latim que significa aproximadamente
" rigidez cadavérica" , e que tem uma explicação química, ou seja, de
transformações que não são aparentes. As transformações químicas que ocorrem,
esse enrijecimento muscular, o "duro" , deve-se, entre outros
fatores, ao acúmulo de ácido lático, atletas de fim de semana também tem esse
problema. Em síntese a produção desse ácido tem a ver com o metabolismo da
glicose, uma demanda maior por energia sem a necessidade de oxigênio. Ora, a
transformação física também ocorre: o corpo que está ali, ou antes, estava, ou
quer dizer ainda está, é que agora está duro, quer dizer: aquele corpo que
estava ali antes, mole, fofo, um bolo de carne, agora é duro como um pedaço de
pau, ou uma pedra. Um corpo morto está lá: imóvel, passivo, inerte. O que não é
a mesma coisa. As diferenças sutis entre a falta de movimento ou reação são
sutis, pouca coisa diferentes, mas merecem destaque, tanto para a semântica
quanto para o juridiquês, essa linguagem , um jargão, utilizada pelos rábulas,
ou mais apropriadamente, aqui a sintaxe, aqueles que pretendem ao elaborar suas
petições, sentenças, ou elaborar resoluções, normativas ou projetos de lei,
quando não enrolar , mas na maioria das vezes cansar o leitor, extenuá-lo ,
confundi-lo, despertar sua ira, ou simplesmente confundi-lo, adiar o fim, gerar
suspense ou coisa afins.
A moça da padaria vai
passar, uma chance de falar com ela.
- Veja, ele está morto.
Ela passa. Mais uma vez vai passar sem falar com eles.
Trocam de lugar, de ponto de vista. Escoram-se no carro
vermelho. Dividem outro cigarro.
- Hoje o dia vai demorar mais a amanhecer.
- Sim um fenômeno físico e químico.
sábado, 26 de julho de 2025
quarta-feira, 16 de julho de 2025
terça-feira, 15 de julho de 2025
quinta-feira, 26 de junho de 2025
um poema
quarta-feira, 25 de junho de 2025
quarta-feira, 4 de junho de 2025
quarta-feira, 21 de maio de 2025
quinta-feira, 15 de maio de 2025
Vera Campos, Produtora Cultural, comenta o ensaio Tempos Pornográficos
De uma interessância toda essa pornografia, o sentido, o compasso, o passo, acento, traço da palavra. "O quer o que pode essa língua?"
segunda-feira, 12 de maio de 2025
Cebola, artesão, comenta o Ensaio Tempos Pornográficos
Bom dia, Mauricião





Paulo Rodolfo, comenta o ensaio Tempos Pornográficos
Prezado Maurício, você é um poeta dos anos 1990 inserido no primeiro quarto do século 21.
sexta-feira, 9 de maio de 2025
Rosa Clara, restaurante Soberano 5
Vestidos em cores diferentes. Cores ousadas para vestidos de noiva: Rosa Chá, Azul da Prússia, Verde Cana, Pérola, Laranja da China. Off White. Branco prateado.
Vestidos com gola alta, e sem gola. Vestido com calda enorme e sem calda.
Quando fez dezoito anos Rosa Clara deu para toda a rua, para todo mundo do restaurante: "vagabundos da rodinha", "aquele homem nojento", "aquele velho idiota", técnicos, produtores, atores e atrizes. Não gostou de mulher, achou decadente.