terça-feira, 26 de julho de 2011

a solidão é uma dádiva, ou Truth or Dare




Inadaptidão absoluta, torcer para o índio  dificuldade de levantar do sofá, amor pela noite, caminhar sozinho em alamedas assobiando cançonetas de Kurt Weil.

No réveillon sumir, vestir preto e deitar no cemitério.

Rio das festinhas de família.Nessas festinhas me destaco, falo mais que todos, mesmo com a minha família contendo quase 20 artistas, desses que tem registro na carteira profissional.

Sou ponderado, estúpido e um cavalo.

Não gosto de criança , de brigadeiro, de Fantástico, de seleção brasileira,de campeonato de futebol, de festival de musica, de desfile de escola de samba.

Admiração pela lado esquerdo de tudo. Voto nulo.

Gosto de comer de colher na panela, mijar em cima de carros em viaduto, roubar roupa de varal.Gosto de Steve Wonder, de Marina Lima e Walter Franco.Gosto de arroz e feijão, de cheiro de hortelã e de observar nuvens e estrelas.

Gosto de ver a grama crescer no jardim.


Vou a hospital e fico conversando com doentes, discutindo erros médicos. Qualquer pelo encravado me derruba e faz crer em qualquer santo que me alivie a dor.

Toda a noite ponho minha cabeça no travesseiro e digo: eu perdoo.

Tenho um quadro registrado em cartório declarando que não sou avalista de ninguém.

Desconfio muito da minha pessoa. Quando pedem que bata fotos de alguém  eles ficam sorrindo e eu tiro a foto do sol ou da grama ou dos pés, pena que hoje existem as máquinas digitais.

Meus pés são de colono.

Tenho orgulhos bestas e pueris. Da cor do meu cabelo, da minha pinta na perna, do calo no dedo de escrever.

Sou um fracasso absoluto sob qualquer perspectiva, talvez não consiga ser absoluto nem nos meus fracassos.

Falo coisas sérias sorrindo, se pudesse trataria a todos com chicote, como Hamlet, comeria Hamlet, e como Hamlet quero comer todo mundo.

Chorei duas vezes assistindo na Cama com Madonna, Truth or Dare.

Quando morrer eu vou pro céu.

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