sábado, 27 de agosto de 2011

Il sangue non diventa acqua

Estava eu na minha escolinha, o Astro, numa dessas janelas de feriado,sala vazia, alunos viajando, enfim, fora da escola. Estava a corrigir atividades, sozinho na sala. Aparece um senhor de cabelos brancos na porta e diz: Boa Noite! eu me levanto e peço para ele entrar. Ele me diz que é pai da minha diretora Lina Coviello.

Começamos a conversar. Na primeira palavra dele percebi: Vecchia Guardia. Pergunto de onde ele é da Itália, e adivinhava, e desejava, que ele fosse paesani, meu conterrâneo.

Meu bisavô veio da Itália em 1875. Eu fico a imaginar essa travessia. como terá sido para uma criança de sete anos ficar um mês num navio, atravessar o Oceano, chegar a uma terra deconhecida? Penso na vovó do Brás, Anna Theresa Marone Miele, viúva,sair de Monte San Giacomo, na Campania, proximo a Salerno, de uma pequena cidade ao pé da montanha e vir para o Brasil.

Da pequena aldeia de Rossano, é o senhor Vincenzo. Ele me explicou como eram as comunas, as provincias, as estradinhas e como subir a montanha é dificil, mas não reclamou de descer a montanha, atravessar o mar e vir aqui trabalhar muito e nessa luta que fazer a América.

Essa foi a nossa única conversa.

Momentos muito agradáveis passei com o Paesani.

Nessa semana fui á missa de sétimo dia dele.

Na volta na escola falei um pouco da Campania, de Nápoles, do Parque de Cilento, do Vale Diano, da Vecchia Bota.

Falei sobre o que é ser oriundi, da imigração italiana no Brasil. E que o sangue não se torna água. O sangue não se torna água.

Na missa pensei no infortúnio que aconteceu no nosso planeta para não mais nascer gente como o senhor Vincenzo: gente com raça, coração,humildade e sabedoria.

Agora, o sol está forte, as pessoas tem seus afazeres, a vida continua. A roda continua girando, e eu entendo que o sangue não se torna água, porque uma vez que a gente ama , não deixa nunca de amar .

domingo, 7 de agosto de 2011

my blueberry nights


Este filme chegou na caixa de dvds para os adolescentes das escolas estaduais. Viajem pra se encontrar. Alice sem maravilhas.


Gosto de tudo,mas prefiro a de blueberry.

E a Norah. Perdida, é um desamparo em busca de um pouco de carinho. Eu estendo a mão.


Beijos roubados são mais gostosos,enfim.

Outra Cidade Julia



outra cidade Julia
e depois de julho
talvez nossa cidade
a gosto de Julia

mas agora em agosto fica
Julia
sua sombra na nossa cidade

talvez
se fosse outra sombra
outra cidade
outra Julia
talvez se fosse outro gosto
se fossemos outros
seríamos eu e você 
Julia
em p&b numa sombra que permanecesse.

nessa outra Cidade Julia,
talvez Julia
talvez essa sombra passe
os meses passem
tudo acabe
mas você fique
ainda como da primeira vez

apenas Julia