Estava eu na minha escolinha, o Astro, numa dessas janelas de feriado,sala vazia, alunos viajando, enfim, fora da escola. Estava a corrigir atividades, sozinho na sala. Aparece um senhor de cabelos brancos na porta e diz: Boa Noite! eu me levanto e peço para ele entrar. Ele me diz que é pai da minha diretora Lina Coviello.
Começamos a conversar. Na primeira palavra dele percebi: Vecchia Guardia. Pergunto de onde ele é da Itália, e adivinhava, e desejava, que ele fosse paesani, meu conterrâneo.
Meu bisavô veio da Itália em 1875. Eu fico a imaginar essa travessia. como terá sido para uma criança de sete anos ficar um mês num navio, atravessar o Oceano, chegar a uma terra deconhecida? Penso na vovó do Brás, Anna Theresa Marone Miele, viúva,sair de Monte San Giacomo, na Campania, proximo a Salerno, de uma pequena cidade ao pé da montanha e vir para o Brasil.
Da pequena aldeia de Rossano, é o senhor Vincenzo. Ele me explicou como eram as comunas, as provincias, as estradinhas e como subir a montanha é dificil, mas não reclamou de descer a montanha, atravessar o mar e vir aqui trabalhar muito e nessa luta que fazer a América.
Essa foi a nossa única conversa.
Momentos muito agradáveis passei com o Paesani.
Nessa semana fui á missa de sétimo dia dele.
Na volta na escola falei um pouco da Campania, de Nápoles, do Parque de Cilento, do Vale Diano, da Vecchia Bota.
Falei sobre o que é ser oriundi, da imigração italiana no Brasil. E que o sangue não se torna água. O sangue não se torna água.
Na missa pensei no infortúnio que aconteceu no nosso planeta para não mais nascer gente como o senhor Vincenzo: gente com raça, coração,humildade e sabedoria.
Agora, o sol está forte, as pessoas tem seus afazeres, a vida continua. A roda continua girando, e eu entendo que o sangue não se torna água, porque uma vez que a gente ama , não deixa nunca de amar .
Belíssimo texto!
ResponderExcluirTodos nós estamos a viajar no trem da vida com o destino definido.Viajam conosco várias pessoas, em cada parada, entram e saem novos passageiros, pessoas queridas que ocupam lugares próximos, acreditamos que estarão conosco até o final da viajar e por coincidência descem em uma estação diferente de nosso destino.
Outras pessoas tomam seus lugares e a viagem continua.
Tenho vários amigos que está comigo nesse trem!
Tenha uma boa tarde!