quinta-feira, 16 de outubro de 2014

ajudei um velho bebado a levantar do chão


No alto do morro (subi-lo me deixa de língua de fora) vejo um velho caído no chão. Ele tenta levantar,uma, duas vezes, não consegue. Eu chego perto dele, sento no chão e pergunto se ele está bem.
- Não consigo levantar.
Eu digo:
- Vamos lá! Fique sentado.
Mil e um , mil e dois, mil e três, conto até mil e vinte e sete.
-Vamos lá! Vamos ficar de pé.
Ele segura no meu braço e levantamos.
-Onde o senhor mora?
- Na primeira travessa.
(Graças a Deus, eu penso).
- Vamos lá! Uma perna de cada vez!
Ele está cachaçado, tem as unhas compridas, sujas. Os dentes amarelecidos, a roupa imunda, fedida.Apesar do calor de 40 graus veste casaco. Pergunto quanto anos tem. Só tem dez anos a mais que eu.
Vamos andando beeeem devaaaaaagaaaaaaar. São só uns cem metros.Eu vou abraçado firme no ombro dele.
- É aqui.
- AQUI ONDE TEM ESSE PIT BULL?!
- Não, na minha casa não tem cachorro.
Na próxima casa uma escada de cimento sem acabamento leva a um precipício.
- Vamos Lá! Segura em mim.
Descemos. Eu ponho meu corpo na frente, desço de costas, seguro os dois braços dele,vou vendo cada passo que ele dá. Foi muito fácil.
- É aqui.
Ele começa procurar a chave num bolso, no outro bolso, depois o noutro.
- O senhor está com a chave?
- A porta não tem chave.
Dou as costas, vou-me embora.
Ele não diz obrigado, não sorri, mas a gente não faz essas coisa esperando um obrigado. A gente faz essas coisas pra contar depois.

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