terça-feira, 30 de janeiro de 2018

do poeta Cleverton Andrade Feitosa


Sem palavras ! Há muito daquele 'Poeta fingidor' de que nos fala Fernando Pessoa... Miele, cronista maior da Bela Vista. Fala de outrora, como se fosse agora! Quase dá pra pegar o que você aqui escreve. Puta texto! Arre !!!

do DJ Giba


mano, vc e nosso porta voz, sem palavras, nosso comentarista, do nosso jornal da vida vivida, parabéns

da poeta, que é poesia, Lucia Dibo


Sempre aberto às tempestades... assim é você, Maurício!

trovão
não posso compreender tudo
raio

meu primeiro amigo: Jay


eu morava na Francisca Miquelina, menos de um quilometro da Praça da Sé, perto do Paramount, e brincava na rua! Sozinho! Com 5 anos!
Meu primeiro amigo morava num cortiço da rua Genebra, e era a cara do Jay da série Tarzan. Nunca mais o vi.

Nós tínhamos 5 anos. O Jay me levou a casa dele e me apresentou ao pai;
- Esse é o meu amigo Mauricio!
serei amigo do Jay até o fim da vida

saudade


o beijo que não me deste
e deste o gosto que guardo
em algum lugar que não sei

quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

mulher andando na rua


mulher andando na rua
tão suja, a rua,
que a lua também parece imunda
e gruda 
no vestido da mulher
branco vestido, branca lua
negra mulher
e a rua imunda
onde tudo flutua
e a lua, parece voar
na barra do vestido
da mulher que não parece se preocupar
com a lua, a barra do vestido, o salto
ou a rua imunda
negra mulher
todos os sentidos
sem me olhar

sempre que possível
farei o impossível

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018


o golpe já aconteceu faz tempo; o nocaute ainda está por vir

minha memória me trai, mas eu não tô nem aí

Juninho



As pessoas não se enxergam. As pessoas não me enxergam, mas isso é problema delas.
As pessoas fazem o que fazem; trabalham no que podem, ou no que tem mais jeito. Jeito é que tem-se que trabalhar, esse é o jeito.E viver a vida, enquanto se pode.
Como descobrir o limite, saber o que importa, como conseguir o que realmente interessa?
Sentado no tamborete, copo de cerveja a frente, cutucando o celular, estou de olho, mesmo, nele. 
Não para de falar, mesmo grita; e fala, gesticula, dança; emite impropérios, ameaças; e diz que vai fazer o diabo, e roubar:

- Daqui há pouco vou trabalhar!!!

Estala os dedos, estica e puxa. Se alonga. Faz rotação no pescoço e grita pra um tipo que passa:

-Aí baianão!!!

Mexe com um e com outro; abraça um que entra no boteco, chuta a bunda de outro que passa. Dá um bico na cachaça, toma dois copos de cerveja, ri e esbraveja mostrando os dentes. Vai e volta do banheiro, cafungando. Pula, bate palmas, chutes no ar. Diz que tudo vai mudar:

- Hoje é o dia!!!

O bar da esquina é um movimento. Entra e sai de gente . Fecha nunca. Movimento. Carrinho de cachorro quente, ás vezes de tapioca. Guardador de carro faz dele escritório; e tem jogo do bicho. É esquenta pra outros bares mais refinados, onde a bebida é mais cara. Bebe-se bombeirinho, maria-mole, pinga com limão, dreher, catuaba e cerveja, muita cerveja. Fuma-se na calçada, que existe lei, Menor compra cigarro e fuma maconha na calçada. Menor vende maconha, assim, quase na porta.
Ele rouba carros, e não esconde, antes proclama e grita, que é puxador e ladrão:

- Daqui dez minutos vou fazer um carro!!!

A polícia tá por ali, mas agora não é hora de entrar no bar. O acerto é feito durante o dia, na casa de um deles. á noite a polícia dá voltas e voltas no quarteirão, olham feio, nem me olham.
Olhar ao redor, entender o que está acontecendo. Se ligar na vida, ligar-se a ela, graça infinda. Enxergar-se no mundo, entender o agora.
Ele sai  do bar pra rua na sua dança maluca. 
Antes de chegar na outra esquina eu chamo:

- Juninho!

Ele volta o corpo e sorri. Abre os braços em cruz ao ver o 38. Antes de levar fogo, diz:

- Perdi.



domingo, 14 de janeiro de 2018


o corpo humano reduzido a sua imensa magnificência: carne em volúpia

a floresta de homens


a floresta de homens também será debastada.
serão transformados em palitos de dente, caixas de frutas, suporte de sofás, banquinhos, prateleiras, racks, lápis e outras quinquilharias.
com sorte serão fósforos, lampejos para iluminar.
as pedras ficarão. as flores serão sempre belas. as nuvens, fantasias de vapor. os bichos sendo bichos.
a floresta de homens não servirá nem de adubo, nem para merda, nem para nada. A terra cobrirá tudo, e eles, a floresta de homens, será completamente esquecida.


sorrio
ao vê-la
iluminar-se

poesia é mulher
nem tente entender

no cicio
a tesão aumenta