sábado, 29 de fevereiro de 2020

vai vai campeã


Escutei eles subindo. Falei pra Adri: vamos! do jeito que estamos. Descemos de chinelo e roupa de casa.
Fomos ao encontro deles na Manuel Dutra. Da calçada batemos palmas, sambamos. Um e outro abraçamos. O povo negro, orgulhoso, nos sorria e cumprimentava. Uma negrona me chamou: 
-Vem! de braços abertos. Então fomos.
A rua 13 de maio, a minha Rua! Subimos cantando os enredos antigos, e aquela emoção no enredo Elis, cantando o refrão de Maria, Maria!
Passando a São Vicente os tambores pararam de bater. Rezamos um Pai Nosso e uma Ave Maria. As portas da nossa Igreja Nossa Senhora Achiropita foram abertas (Eliete que mandou abrir)
Padre Vanderci elogiou o esforço pela subida, que Nossa Senhora atende seus filhos e é preciso agradecer. Rezamos um Pai Nosso e uma Ave Maria. Jogou água benta no povo e fomos embora com a alma lavada.
Sou Vai Vai desde 1975 quando os instrumentos estavam colocados sobre panos na Santo Antonio e as pessoas podiam tocar neles. Nesse mesmo ano descobrimos o estacionamento dos carros alegóricos; pulamos a grade para furtar isopor e brincar de barquinhos na enxurrada. Tomamos um enquadro e fomos intimados a fazer um contra a Santo A., ali naquele estacionamento. Fiz um gol de mão.
Na Igreja comecei também em 75 quando pra jogar na quadra tinha que assistir uma missa inteira. No primeiro jogo driblei todo mundo e fiz um gol, Cri-Cri anulou porque não podia fazer gol dentro da área.
Achiropita e Vai-Vai, juntos a gente somos invencível!

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

#encontrocomfamosos José Miguel Wisnik


Thermas Antonio Carlos. José Miguel Wisnik, me olha e me sorri.


eu flerto com o livro de poesia
e ora furto, ora passeio
ora o arremesso, lanço mão
então o recolho
(como pousa a joaninha na folha recém aberta?)
desperto
o poema concreto
sem rima
o famoso rizoma
que tanto eu perseguia
e meu nome que poderia
eu troco ideias com o livro de poesia
o título moderno
tudo ali disperso
versos assim
métricos, ou antissimétricos
e eu, meu nome
que poderia
ora que quase acerto com o livro de poesias
sem redundâncias
objeto direto
as coisa por aí espalhadas
o livro aberto
a joaninha
tudo certo
meu nome
quem sabe
um dia
ali
como aqui
o famoso dó de peito
gosto do livro de poesias assim
quando certo poema me acerta um direto
e tudo mais deixa de ser certo
(como meu nome que poderia, etc.)


sinto saudades
nada abstratas
numerosíssimas
plurais
espessas e densas
claras
saudades

sinto saudades, erro no português, acerto no sentimento


a melhor coisa que tem na Bela Vista é que ela é de todo mundo

o amor é isso aí: embaçado.

domingo, 9 de fevereiro de 2020

sábado, 8 de fevereiro de 2020

a sopa - the crown


A Rainha desconhece o prazer de preparar sua própria sopa.
Desconhece o que é verificar o que tem em casa; batatas e cenoura e vagem 
Desconhece o ato de descascar; tirar as partes feridas, e mesmo alguns brotos, as áreas pretas, as partes coloridas,  esverdeadas.
Separar todas essas cascas, juntar num saco.
Cortar cebolas e chorar com elas. Esmagar o alho e ficar com o cheiro dele nos dedos.
Fritar o bacon e tudo ficar impregnado com ele.
Sal, tempero, pimenta.
Colocar na panela de pressão, verificar o sal.
Lavar toda essa sujeirada.
A Rainha desconhece o prazer de preparar sua própria sopa, e eu também.