Estava eu com minha lousa (poderia servir qualquer outra cousa) estrela vulgar a a vagar, a divagar, escrevendo bem devagar, sobre o conflito árabe-israelense, as fronteiras e territórios, coisa aliás desinteressante, como alíás tudo.
- É pra copiar?
- Fique á vontade... (mas quem é que me entende? quem me escuta? quem me lê?)
E assim alguns por piedade, compaixão, educação,ou algum outro sentimento nobre(?) copiavam. " Após a destruição do templo, os judeus espalharam-se pela Europa, formando comunidades. Até 1947, data em que a ONU estabeleceu a criação de um estado palestino e um judeu na região, muito sofrimento passou o povo judeu. Enquanto isso, naquele território, onde antes os judeus moravam, os árabes passaram a viver."
Assim de cabeça, mil erros ocorreram. Ou, precisamente, não sei quantos.
Sei que uma pessoa querida, perguntou: - E o kit gay?
Ultimamente estão a ocorrer diversas polêmicas, vazias, que servem para eu cumprir a dolorosa missão de preenchimento das horas - á que todos estamos submetidos - "o livro que ensina português errado na escola", " a marcha da maconha", o "o churrascão de gente diferenciada", " palocci e a falta de ética" isso para ficar em conversa de gente civilizada, e não distrações do final de semana, como a "professora e seu salário de merda", " as crianças afogadas em itajubá", ou conversas totalmente mundo créu, tipo o "curintias" ou "os bambi" ou "você assistiu o faustão?" ou "o casamento da princesa", ou " você viu o que aconteceu com fulano?" Estou me envolvendo em polêmicas, fato inteiramente novo, pois não tenho paciência para discussão, gosto de conversar, de aprender. - Quem discute ou é por que não entende o "outro", ou tem ponto de vista inconciliável.
Sim,então a polêmica do kit gay. Com a palavra os alunos:
- eu não quero que meu filho aprenda a ser viado!
- é a família que deve tratar desses temas.
- uma criança de 12, 13 anos não tem maturidade para escutar esses assuntos.
- mas precisa mostrar filme?!
- se Deus quisesse que houvesse viado, ele teria criado dois homens e não Adão e Eva
- a educação precisando de tanta coisa e vão gastar dinheiro com isso!
Com a palavra, eu, no meu estilo suave e delicado de ser...
- Nessa classe deve ter um ou dois viados...,
- segundo cálculos feito por doutores e psicólogos, 10 % da população é homossexual. os proprios médicos dizem que não é doença ser gay!
- Que qualquer pessoa faça o que quiser com o buraco que Deus lhe deu.
- Se uma pessoa quer atender pela porta dos fundos, se quer bater uma mixirica, arranhar um bombril, ela deve ter direito de fazer isso, inclusive na rua!
Sim é possível desconstruir cada um dos argumentos com argumentos mais elevados, tipo, eu também fiz isso , fazendo o gênero "professor", ou alguem "ponderado, equilibrado, se sentindo" :
1 - quanto custa uma inserção no programa de tv que apresentou o tema?
2 - a família não está preparada para discutir esses assuntos, a prova são os assassinatos e as agressões cometidas contra os homossexuais.
3 - os filmes não vão ensinar ninguem a ser viado, o objetivo e ensinar a ter respeito aos homossexuais.
4 - se o problema é a idade, façam um abaixo-assinado, um movimento dizendo que educação sexual, e respeito a diversidade sexual, só deve ser proposto em escolas á partir dos 14 anos.
5 - O preconceito contra os homossexuais é o mesmo contra o negro, o nordestino, o pobre o portador de necessidade.
5 - Não é doença, ninguem se cura de homossexualidade. Agora se algum pensa que isso é pecado, ou que Deus criou Adão e Eva, então não é possivel conversar mais nada; voltemos ao tempo medieval e esperemos a segunda vinda.
E assim a balburdia seguia, prosseguia, em cada nova classe, como se não tivesse uma anterior - uma sociedade sem classes, eu jamais deixarei de sonhar , desculpem a digressão, mas eu entrava numa outra sala e o tema voltava, ou eu o provocava...
Enfim, de onde menos se espera, aparece uma opinião:
-Talvez a gente tenha que viver uma vida inteira pra entender a nossa sexualidade!
e outra, de quem eu esperava:
- Os outros são a maioria!
e outra, de uma pessoa querida, tão fina e delicada:
é a gente não sabe de nada mesmo!
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