sábado, 28 de abril de 2012

encontro com famosos # 7, Milton Santos


Estávamos na rampa do prédio da Geografia na USP, eu e meu amigo Bira, detonando tudo e todos e dando risadas e fazendo planos.

Vejo o professor descendo. Obviamente, visivelmente, lendo o que ele escreveu, ouvindo-o, sob qualquer aspecto, ele era um Soba, ele é um Soba, pois quem é rei nunca perde a majestade.

O Bira, sempre disposto a uma polêmica, comenta sobre o livro, Por uma nova Geografia:

- Ei, professor. Esse seu livro é cheio de citações , nota de rodapé, é chato de ler!

O Professor Milton Santos sorri e diz:

 - Pule as partes que achar chatas!

Eu, por minha vez sempre buscando a conciliação, pergunto:

-  E o rap, professor?  Achei muito interessante uma entrevista do senhor falando sobre música, sobre música jovem...

O Professor conversa comigo. Diz que tem um filho jovem, fala da emergência da música de protesto da juventude negra, do uso dos samplers, das batidas pre-programadas e até o uso, a apropriação de bases,  de outras músicas, para a feitura de uma outra música.

Falando sobre rap eu me entendi muito bem com professor. Ele era alegre, muito fácil falar com ele. Conversamos ali alguns poucos minutos, e o professor desceu a rampa, pois a sala dele na USP ficava no porão.

O Professor Milton Santos, muitos títulos, muitos livros, muito tudo; humilde, bonito, um guerreiro, uma bandeira, uma fala gostosa de se ouvir, uma pessoa doce, um bom baiano, um intelectual, uma centena de livros publicados, um super herói, o mundo aos pés do Milton Santos, usava uma sala no porão da USP.

O Professor Milton Santos, muitos títulos, muitos livros, muito tudo; humilde, bonito, um guerreiro, uma bandeira, uma fala gostosa de se ouvir, uma pessoa doce, um bom baiano, um intelectual, uma centena de livros publicados, um super herói,  o mundo aos pés do Milton Santos, usava uma sala no porão da USP.

O Professor Milton Santos, muitos títulos, muitos livros, muito tudo; humilde, bonito, um guerreiro, uma bandeira, uma fala gostosa de se ouvir, uma pessoa doce, um bom baiano, um intelectual, uma centena de livros publicados, um super herói, o mundo aos pés do Milton Santos, usava uma sala no porão da USP.

É isso, cinco  vezes para não esquecer:

- O Milton Santos usava o porão da USP!

Milton Santos, responsável pela visibilidade da Geografia, pela Geografia fora da sala de aula, fora do mundinho da USP, uma pessoa acessível, um dos pouquíssimos grandes brasileiros, intelectual, uma pessoa acessível e genial, andando de chinelo e com camisas multi coloridas, um grande homem, não usava o laboratório de urbana da USP.

O laboratório de Urbana era das "meninas". Tá bom.

O Milton Santos não foi estudado como deveria ter sido na  Geografia da USP, não foi recomendada a leitura dele enquanto eu estive lá, a não ser o já citado livro,  e foram dez anos que eu fiquei na USP!

veja aqui muito sobre ele : http://miltonsantos.com.br/site/

Quando eu comecei a dar aulas, no primeiro dia de aula no EJA lá no Heliópolis, eu falei do Milton Santos. Falei  do livro: Por uma outra Globalização. Falei da farsa da globalização, da perversidade dela.

Falei  do otimismo do professor Milton Santos afirmando que os pobres é que tem a capacidade de mudar tudo, de a partir da convergência dos momentos, do acesso as técnicas, mudar o jogo e fazer um novo mundo.

Acho que eu assustei os alunos, que ouviram tudo sem saber direito o que era farsa, perversidade, ou globalização; ou que ali houvesse algum pobre, ou que fosse o pobre que fosse mudar o mundo, ou sobre a convergência dos momentos, ou sobre o que é ser um intelectual negro no Brasil, mas no fim do ano eu ganhei duas camisas deles, e uma festa de aniversário.

Penso que ganhei a  festa e as camisas, e muitos abraços, porque com o passar do tempo eu passei a falar de rap e aí eu e meus alunos  passamos a nos entender muito bem.

das coisas incompletas




A conversa foi bordada
como se a noite inteira
fosse um pedaço

Foi tudo tecido
numa conversa
sem palavras

Nas entrelinhas
estava escrito
a partir de hieroglifos
em aramaico
em alguma lingua morta
o que um dia dissemos
de forma despretenciosa

Embora não se entenda
não surpreende o fato
de termos permanecido calados
ainda que nossa música tenha tocado

Fomos embora
enlouquecidos por
não poder dizer mais nada



sexta-feira, 27 de abril de 2012



na rugosidade onde eu posso tatear minha língua conhece a noite

Nós já dobramos o cabo e não temos mais nada para nos segurar





Nós já andamos demais, já bebemos demais, já enlouquecemos demais

Nós nos encontramos em adiantado estado de decomposição
nós estamos a meio caminho do nada
indiferentes aos antigos que estavam em busca de alguma memória que pudesse curar sua dor

Encontramo-nos por breve instante sem sentido
a meio caminho de lugar nenhum
e essa descida ao inferno está durando tempo demais

Não vale a vida ser vivida com um olho no retrovisor
não vale escutar alguem cagar regras
deitado satisfeito debaixo de um cobertor
Não há por que correr de peito aberto no campo minado
esse tempo já passou
dele não há por que ter saudade

Nós estamos sem nenhuma razão
e sem lugar para voltar.
















deixe-se levar




renata roman

por que não deixar-se levar pelo leve vento que ondula a penugem do braço e que lá longe ao mesmo tempo ondula as águas do lago que se esconde entre os mares de morros refúgio de um sem número de bichos que balançam entre as árvores ou por entre elas vagueiam em suas lidas não fazendo planos sob as árvores que frutificam pois tem que frutificar e quando das árvores as frutas caem e fazem surgir outras árvores que são a massa verde que minha vista alcança na divisa dos mares de morros cuja linha encontra-se com o céu de um azul cobalto com algumas poucas nuvens que se movem como meu pensamento se move como meu pensamento me move  levando-me para aquele lugar

sobre o ócio, os planos, a prosperidade, a alegria, o vigor, etc.

Não deixe o ócio ocupar muito espaço. É sempre bom estar construindo, realizando concretamente os planos. A prosperidade traz uma natural alegria. Com as conquistas renovamos nosso vigor. Henrique Geneke






Não deixe os negócios ocuparem espaço. É sempre bom contemplar a espiritualidade sendo materializada. A alegria traz a natural prosperidade. Com o vigor renovado pela paz e o amor nossa vitalidade é mantida.


Deixe o ócio ocupar espaço. A construção é somente uma parte, o planejamento também é parte da ação. O sucesso nem sempre se alçança com alegria. Ás vezes perder recupera nossa força.

A vida transcorre em muitos planos, muitos deles nem ousamos saber existir; nada como uma boa ideia para poder discutir.


Tudo tem seu tempo, há tempo de espera e tempo de luta. Destruir é fácil, muitos dedicam-se somente a criticar, e não observam a realidade, não conseguem ver como é natural a alegria. Conquistar não é melhor que cuidar, cuidar não é maior que conquistar, tudo tem seu vigor.


A livre vontade, o tempo que se tem para si, o devaneio não podem ser confundidos com a não ação. Há uma obsessão por atividade, por um contínuo movimento, que é somente agitação. A relação com o tempo das pessoas não é uniforme, o tempo não é uniforme, somos todos iguais, somos todos diferentes. Todas as habilidades devem ser valorizadas. Buscar o equilíbrio entre o pensamento e a concretude é uma atividade em que o ócio pode colaborar. Afortunadamente temos recebido diversas mensagens benfazejas que nos tem auxiliado em diferentes perspectivas para observar aquilo que realmente nos faz melhores.


Quais são definitivamente as coisas importantes em nossa vida? A que devemos nos dedicar? O que deve ter espaço nos nossos dias e noites? Até que ponto nossos planos são nossos planos? Sabemos discernir entre as alegrias vãs e as naturais alegrias? Aprendemos mais com as derrotas ou com as vitórias?

Nada vem de nada, tudo vem de tudo. A idéia é somente uma idéia, necessita materializar-se.

Espiritualismo material ou Material espiritualismo? O espiríto age na matéria ou a matéria age no espírito?

Somente com um tempo para nós mesmos, um tempo para reflexão podemos formular as fundamentais perguntas.


O ócio proporciona a possibilidade da reflexão, do livre pensamento. É a negação do mundo conturbado, repleto de atividades consumidoras de energias que impedem o desabrochar de dúvidas, de certezas, de teses, antíteses e sínteses. Diante da rapidez da fluidez dos momentos é necessário espaço para a reflexão, um tempo consigo mesmo, uma conversa com o infinito que ofereça um contratempo, um contraponto, as circunstâncias atuais de nossa vida.


O negócio é a negação do ócio; os negócios têm ocupado maior espaço que o ócio. É chegado o momento de reparar o grande mal do egoísmo que amparado pelo materialismo exacerbado centrado na contínua construção de produtos e atividades confundiu o gênero humano sobre a qualidade daquilo que é próspero: a paz de espírito, o encontro com a espiritualidade própria.

Conquistaremos nossa melhor energia através de nosso encontro com o nosso eu interior, que nos indicará o melhor caminho para transformarmos nossa espiritualidade em matéria.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

um homem um rato






o apito toca e eu toco o bumbo
sapateio rodopio
danço o vira
a polca e o dobrado

eles riem da piada
dos velhos vestidos de criança
e eu vou nessa
acho mesmo engraçado

o beijo da novela
as coxas desnudas
o ficar de quatro
me faz levitar

a pátria me chama
eu canto o hino
todos nós devemos gostar
de samba futebol e cachaça

mas quando eu vejo a velha senhora envergonhada
vasculhando o lixo em busca de comida
minha revolta traz-me de volta
e eu grito:
NÃO

domingo, 22 de abril de 2012

andar distraído # 3

andar distraído # 2



o que eu encontrei espero que todos possam encontrar

andar distraído # 1


Eu não ando distraído pois eu tenho por que voltar

transporte público # 1; Os trens da CPTM



feira  eu faço um curso na USP.  Para chegar lá, saindo da Rua Pensilvânia,  o caminho mais simples é ir reto até a estação Berrini e seguir de trem  para USP.

Onde fica a estação?

Sigo a multidão,percebo rapidamente que  todos os que estão na Padre Antônio José dos Santos estão indo para lá. Caminham com um determinação comovente, na face fechada de todos está estampado:

Estou indo para a Estação de Trem, vou entrar no trem lotado, mas não importa, estou indo.

Eu também vou.

Nínguem quer estar aqui, nínguem quer ser aqui. Falta de pertencimento, falta tudo. São Paulo a maior urbanização do mundo da segunda metade do século XX, quem pensa a cidade, arquitetos, engenheiros? Geógrafos?

Todos querem um carro, todos podem ter um carro, efetivamente todos terão um carro.

Sonho de autonomia, sonho de poder, sonho de status.

Círculo vicioso: como se instala o desespero? Como ter esperança, como manter a roupa limpa, sem amassar, com tanta aglomeração? Como manter a dignidade sendo encoxado?

De tudo, falta um pouco: De um tudo, falta um pouco: Círculo Vicioso.

Ausências, faltas, gemidos,ais, esperar. Esperar.

Na estação de trem não se enxerga a decoração dela, não há nada para se ver ali, não se pode parar, não se pode suspirar, não há tempo: o próximo trem está chegando.

Ali rola, tropeça, se aglomera uma multidão. Essa situação de falta de contemplação, ausência de meditação, é resultado da robotização de hábitos, e isso é demoniaco:

-Milhares de pessoas caminhando sem se ver, se acotovelando por um lugar no trem.

Sobe e desce, vira á esquerda, segue reto, desce 5 escadas, vira á direita,dirige-se para o fim da  plataforma, dirige-se para o centro da plataforma, senta e espera, não para, dirige-se para o ínicio da plataforma, procura-se um lugar, qual o melhor lugar na plataforma? Qual o meu lugar na plataforma? Qual o meu lugar no mundo?

Não pense, não se comova, não sinta compaixão.

Se alguém tiver uma parada cardíaca, siga em frente, o que alguém tem alguma coisa com isso?Se alguém se suicidar, quando alguém se jogar nos trilhos, isso só atrapalhará a vida de todos.Quer se matar? Se jogue de um prédio de 20 andares, não atrapalhe a vida dos outros.

Sai da frente, aconteça o que acontecer, não pare!

Sozinhos, em bandos, uns nos calcanhares dos outros, passam a roleta,rápido, rápido, movimento.Cabeça baixa, siga em frente.

Mal-estar difuso e variado,mas há quem esteja leve, que não ligue, que grite: FODA-SE.

Pessoas gargalham, lembram o que passou, do trem que passou, do próximo trem que virá - e amanhã será outro dia- e há conversas, e há os comentários:

e ele disse:

e ela disse:

e eles falaram, assim ó:

e eu não te disse! 

e:

e, e, e eles disseram:

esperai o trem.

O sistema de som alerta:

- A faixa amarela é a sua segurança não a ultrapasse.
- Esse trem não circula com as portas abertas.
- Domingo os trens da Linha Esmeralda não circularão.
- Respeite os lugares marcados no trem, idosos, deficientes,gestantes e pessaos com crianças de colo tem preferência, na ausência destes, o lugar é de quem sentar primeiro.
-Devido as chuvas o intervalo dos trens foi aumentado.
-Use moedas ao comprar sua passagem.

O sistema de som alerta:
Esperai o trem.

Espera o trem, entra no trem, empurra, eu achei uma moeda! Mas como pegá-la?!

A mocinha chora baixinho. O velho ronca, o garoto carrega a mala, os estudantes lêem os livros, a mulher come as unhas. O crente encoxa  e é encoxado, amém. Orai e vigiai.

O trem demora para sair, sufoco, sensação de vômito, cheiros sendo repartidos, indecências compartilhadas, todos uivam, gritam, relincham,lamentam, piscam, não respiram, buscam ar. Depois, depois, depois. Depois tomar uma cerveja, assistir  a novela, cozinhar o almoço de amanhã, fumar dois cigarros, ouvir rádio, checar e-mails, tirar a sobracelha. Arrotar, peidar, cagar. Deixar entrar , deixar sair, esquecer.

Esquecer.

O cheiro é absurdamente fétido, completamente podre, insuportavelmente putrefato.Qual o destino do Rio Pinheiros?Até onde o lixo chega, até onde a podridão vai chegar?

Não há superlativo que exprima o mau cheiro do rio, é nojento, infeto, fedorento, ovos podres, enxofre, merda, bosta, cocô, lixo,fartum, cebola, maresia, merda, merda, merda,merda, merda, merda,merda, carniça,gambá.

O único ser em paz é um rato, quase um guaxinim.Um gambá de 30 centímetros. Enquanto o trem não vem  o rato come a grama, rói  a grama tranquilo. O rato é imenso, tem um pelo preto e não repara em mim. Nínguem repara no rato, nínguem repara em nada. Um reparo:

Todos alertas, sentidos aguçados, é o apito: lá vem o trem. 

sexta-feira, 20 de abril de 2012

movimento # 1

que não haja tanta beleza
que não haja tanta alegria
que não haja tanta esperança
que não haja tanta espera
que não haja tanto masoquismo
que não haja tanto adeus
que não haja tanto haja
que não haja tantos imperativos
que não haja tantos acontecimentos
que não haja tantas noites
que não haja mais escuro
por que eu estou aqui e você não está aqui 

quinta-feira, 19 de abril de 2012

geografia e arte - identidade brasileira



O presente texto procura estabelecer relações entre a cena representada no quadro Primeira missa no Brasil (1859) de Victor Meirelles e o projeto de construção de uma identidade nacional vigente em meados do século XIX.

Boris Kossoy ao fazer uma interessante análise sobre a imagem fotográfica, afirma "(ela) congela cenas,e a história oficial através dela, cria realidades e verdades fictícias." Guardadas as especificidades o mesmo podemos falar das imagens pictóricas.

Ao analisar o quadro de Victor Meirelles procuraremos ressaltar a utilização do objeto artístico como contribuinte da construção da realidade.

Maria de Fátima Morethy Couto lembra que a tela trata do “batismo da nação”, pela associação entre índios e portugueses e ressalta a imagem oficial que a tela possui “representativa de um programa de estado”.

No decorrer dos séculos os governos tem se deparado com o “problema” da identidade nacional brasileira . Podemos falar que as dimensões continentais e a particularidade de nossa formação econômica e social, de um passado de quadros regionais fechados - o arquipélago geográfico, de regiões sem ligação entre si – dificultaram a criação de uma identidade nacional.

Os diferentes governos, desde a América Portuguesa, como mostra o quadro, souberam usar da arte para construir a imagem de uma identidade nacional.

Segundo a pesquisa de Eliane Pinheiro o quadro de Victor Meirelles prestigia alguns elementos, “a natureza prodigiosa, a índole renovadora do indígena e o português, representando o elemento civilizador branco”.

Essa imagem do início da colonização, que, aliás, permanece até os nossos dias, mostra índios passivamente assistindo um ritual dos brancos, com destaque para a cruz, mas a espada também está ali. Na pintura o português aparece como o elemento que traz a civilização, o progresso para uma terra habitada por selvagens.

O quadro de Meirelles, que tem como referência a Carta de Pero Vaz de Caminha, efetivamente é um documento representativo de uma época. Ele não é a “verdade”: a missa não ocorreu daquele jeito. Ele representa sim, uma visão ideológica, uma visão de mundo que os portugueses pretenderam fixar da América Portuguesa, através da arte.

Inegável é o sucesso dos portugueses nesse aspecto: para muitos a imagem do quadro sobre a primeira missa no Brasil, é a realidade. 

COUTO, Maria de Fátima Morethy. Imagens eloqüentes: a primeira missa no Brasil. Acesso em ttp://www.artcultura.inhis.uf..br/
KOSSOY, Boris .Realidades e Ficções na Trama Fotográfica ,Ateliê Ed., São Paulo, 1999
MORAES, Antonio Carlos Robert. Ideologias Geográficas, São Paulo, Annablume,2005
PINHEIRO, Eliane. A primeira missa no Brasil de Victor Meirelles e suas ressonâncias na arte brasileira. Acesso em
HTTPS// sistemas .usp.br

grafismos # 4

nem tudo são flores

sábado, 14 de abril de 2012

grafismos # 2

estou aqui


eu estou no meu lugar
na Utopia
no reino sem rei
no tudo ao mesmo tempo agora já era e está em algum tempo que nós vamos chegar
aqui os caretas passam longe
os moderados odeiam
os terroristas nunca vão chegar
aqui as coisas estão sendo materializadas

lendo Baudrilard no supermercado


entre um gole de café
e o olhar da segurança obesa
com os olhos já cansados
da sedução das prateleiras
um esgar de prazer me surpreende
na banca de jornais
a revista tem o nome DESAFIO
inegarrável  a sincronia
busco uma codificação
que não me é possível
queimei a língua
mais uma vez

de volta mãe áfrica


no princípio
distante
fundamental
retumbante
o tambor
convida
celebra
a vida

exposição de arte

Sob o peso de 10 mil pessoas
70 toneladas de gordura ossos sangue e fluidos diversos
o velho prédio balança

Nínguem repara no estilo vagabundo
imitação da belle époque dos velhos palácios erguidos na ex zona portuária
ex ex ex
tudo passou e tudo passa

Um vai e vem
a fila enorme não anda, corre
indianamente cumprimentamos até os postes

Obedecendo o comando dos seguranças
e dos monitores que se confundem
apesar do uniforme diverso
a multidão avança célere de um quadro ao outro

20 mil olhos passeiam pela exposição
a intensa concentração de pessoas
desconcentra a multidão
são bundas e paus e tetas disputando com os quadros
e há suores e outros humores fétidos a reclamar atenção
e há os guardas e as escadas de incêndio
fora dali os flanelinhas, o jogo de futebol ás 17
o sorvete a padaria o trânsito da volta

Em transe os olhares sem treino
fixam-se em poucos frames
tudo é mixórdia tudo é veneno

Os nomes impronunciáveis
dos artistas são copiados nos catálogos
que explicam o que é aquilo

Uma exposição de espelhos
veria a massa uniforme
de rostos inexpressivos
bocejantes
retendo uma única informação
para ser comunicada posteriormente:
- EU FUI Á UMA EXPOSIÇÃO DE ARTE

terça-feira, 10 de abril de 2012

Chelo


Hoje sonhei com minha mãe.

A Chelo, a minha China.

... e saímos a rever estrelas.

De braços dados passeávamos alegremente.

Eu mostrava a ela alguns traços de arquitetura moderna, prédios com muitas janelas.

E ela sorria para mim, sorria de um menino que quer mostrar coisas bonitas a pessoa amada. Ela sorria como que dizendo que não era preciso nada, que estávamos andando felizes e nos amávamos.

sábado, 7 de abril de 2012

ddt















O calor colabora para a proliferação de insetos, a lua em escorpião aumenta a libido dos insetos, a influência dos ventos alísios na menstruação das borboletas, liberdade para as borboletas, muita mídia fatura e faturou - o futuro é imprevisível - em cima dos insetos.

Quando eu penso em inseto, penso em inseto. Os insetos ajudam a gente a prestar atenção na tela dos nossos computadores. E a pensar.

Os insetos não sabem por que e nem para que vivem. Os insetos toda a manhã tem a obrigação de ganhar o seu alimento, os insetos  vivem correndo em círculos, a vida é um labirinto para os insetos.

Os insetos gostam de alimentos doces.

zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzZZZZZZZZZZZZZzzzzzzzzzz

É muito previsível a vida dos insetos: nascer, procriar e morrer. Da vida dos insetos, da vida das marionetes, ei puppet, onde você vai?

A fixação de alguns por insetos: enormes escaravelhos, baratas voadoras, borboletas, bichos-da-seda, louva-deuses, bichos-pau; acho que a jitiranaboia é um inseto.

E um belo dia Joseph K. acordou e era uma imensa barata.

Sou viciado em flict, e em gibis velhos e mofados que contém insetos minúsculos que meus olhos não podem ver.

Passei noites desagradabilíssimas matando pulgas com um régua, plec, e guardando-as em latas de de pastilhas valda.

Fiz uma coleção de ácaros - codificados e registrados através de microscópios eletrônicos- que foi um sucesso numa feira de química no Arqui; enfim tudo é uma maneira de tapear o tempo...

ZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZzzzzzzzzzzzzzzzZZZZZZZZZZZZZZz

Efêmera é a vida de um inseto, mas na medida  de tempo da vida dele ele luta pela felicidade.

ZZZZZZZZZzzzzzzzzzzzzzzzzzzzZZZZZZZZzzzzzzzzzzzzzzzz

A comunicação dos insetos também é muito interessante: Wittgenstein a estudou em pormenores: da linguagem dos insetos, a força das palavras reescritas ou algo assim, onde ele afirma entre outras coisas - de maneira bastante difícil de entender, pois um filósofo deve filosofar e tornar a quem não está atento a jargões, e à norma culta, praticamente inacessível a leitura deles e com isso, eles os filósofos, encastelam-se em "alta cultura" e/ou outros lugares inacessíveis a quem só pretende seguir vivendo sem muitas neuras,(e esses filósofos talvez não sejam grandes performers na cama), e olhe que o velho Witt queria simplificar!, esses filósofos, outros, pois Witt estava bastante preocupado em não ser um idiota, pois se o o fosse iria projetar aviões, mas Wittgenstein tinha culpa e não adianta desfazer-se de dinheiro, fortuna é outra coisa, é uma deusa. Filósofos podem entender de culpa e outras coisas, como alienação, e podem  criticar, por exemplo, Allain de Botton que faz uma filô pop, e palatável  mas isso é da vida dos filósofos e de suas encrencas eu tô fora - mas  o velho Witt, nem tão velho assim - outra pequena digressão, ou fuga em ré do assunto inseto: em particular eu, e milhões de outros, achamos Bach palatável, inteligível. Escrever sobre um assunto com clareza é recomendável, mas o mundo está cheio da linguagem dos insetos, de obscuros tratados de filosofia, e John Cage - tantos passarinhos na gaiola alimentados no bico... ás vezes com alpiste, outras com  sementes de canhamo, mas se esquecem dos insetos-  Silêncio: John Cage! e agora? estou preso num pensamento circular sem fim de quase tudo: de quase todas de quase nada, ah sim,  todos querem viver sem neuras e comprar um carro e curtir churrascadas, ouvindo sons palatabilíssimos tipo: ai se eu te.. e assim por diante. Penso no entanto numa série de gaiolas abertas, em mentes abertas pela audição de Bach, pela leitura de filósofos como Epicuro e sua plantação de cebolas, e outros filósofos com bonitas lições de vida, tipo: um orgasmo todo dia e viverás feliz... Queria ver o prosseguimento dos estudos de Lucaks, uma escola húngara, se é que me faço entender! Enquanto escrevo isso, o mundo continua e com o calor os insetos meio que se multiplicam: um capitulo sobre geração espontânea, um capítulo sobre os cucarachas (sobre a imigração de latinos na América, onde todo mundo tem carro, etc.) ou rachadores de cus, todo inseto tem um! e a moscas constantemente zunem e batem,  tal e qual mariposas quando chega o frio, nas lâmpadas, um barulho bonito... escuto alguns estudos com Maurizio Pollini, meu xará!, do querido romântico Chopin - acho que existe um inseto chamado "chupim", não, é um pássaro, não, é um avião, não: é um pobre homem, mas enfim: é  a Escola de Frankfurt que leva a fama, mesmo sem ter nada ver com o velho Witt (engraçado, Adorno se masturbava logo pela manhã. Não : era Althusser, mas e daí? tanta gente se masturba pela manhã... deve ser o frio, o tédio, ou uma válvula de escape, ou qualquer coisa que o valha, passear no fio na navalha: um verme andando na navalha, como diria meu amigo Kurtz, ou Kurz?)- essa foi uma digressão centopéica: falei a centenas de letras atrás sobre algo que Witt escrevia, até eu mesmo esqueci o que era, mas era sobre a linguagem, nem tanto sobre as metáforas, mas sobre o pensamento que precede a linguagem? Ou a necessidade de comunicação? Ou sobre jogos de linguagem? Mas e daí? O que importa a linguagem? Se pudermos cheirar nossos genitais, talvez grande parte de nossos problemas se resolvessem: talvez as pessoas se masturbassem menos pelas manhãs, por exemplo.

ZZZZZzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzZZZZZZZZZZZZZZZzzzzzzzzzzz

Ora os insetos cheiram as partes íntimas uns dos outros(provavelmente os melhores filósofos façam isso) podemos chamar essas partes íntimas dos insetos de genitais?  Ou flores abertas para o que der e vier?

O parágrafo acima foi convenientemente colocado para demonstrar uma certa coesão textual, ou um gancho, no melhor estilo Cassius Clay, outra pessoa que eu passei a admirar recentemente, isso coisa de 25 anos. Pessoas arrogantes, autossuficientes,como Cassius Clay, nunca gostei delas. Mas como tudo se transforma, alô butterfly, eu mudei também e passei a admirar certo tipo de temperamento triunfante. Assim gosto de gente, assim mais firme, tipo meu amigo, o General Kurtz. Esse paragrafo foi colocado apenas para demonstrar uma certa coesão textual, etc.

ZZZZZZZZZZZZZZZZzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz

De volta a eles, um tema que muito incomoda:OS INSETOS; e não falamos muito das doenças que os insetos causam ou de seus aborrecimentos, ou sobre a fobia por baratas, ou de zangões e abelhas, formigas, e piolhos, e chatos, se é que esses últimos são insetos, é mesmo um tema riquíssimo.
Isso para não falar do bactrim, ou do ddt do título...

zzzZZZzzZzzzzZzzzZZZZZZZZZZZZZZZZZzZZZZZzzzzzzzzzzzz

Eles, os insetos,voltaram. 

Os insetos se devoram uns aos outros em classes bem definidas, logicamente que os operários tentam distrair a polícia, mas nem sempre conseguem, que há de se fazer?

Oh abelha rainha, faz de mimmmmmmmmmmmm...  ( não poderão dizer que não falei das abelhas) sim: um inventário sobre todas as canções, todas as metáforas em verso e prosa de belas canções sacrossantas, um inventário , um doutorado, isso: um doutorado sobre as metáforas usando, que remetem, a insetos, na nossa santa MPB, que cumpriu um papel, outro, além de encher de grana os cantores, sacrossantos e suas belas canções de guerra e amor, o papel das metáforas e metonímias sendo colocadas para o povão da baixa cultura, que a confundiu, ela a MPB, com alta cultura, mas enfim:

- Por que a formiga é a melhor amiga da cigarraaaaaaaaaa, muito bonito a mentira quando bem cantada!

ZZZZZZZZZZZZZZZZAzzzzzzzzzzzzzZZZZZZZZZZZZZZzzzzzzzz

Experimente ser de outra cultura e ficar a comer cheetos ou qualquer outra coisa bem podrona vendida em pacotes para criticar alguém que come aranhas:

- Duas aranhas, duas aranhas, vem cá mulher deixa de manha...

ZZZZZZZZzzzzzzzzzzzzzzzzzZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZzzzzzzzz

Ah! e Papillon e sua história absolutamente inverosímel e maravilhosa? Fiz uma pesquisa sobre esse livro e em Roraima existe todo um conhecimento sobre essa falcatrua de estória, mas que importa?

ZZZZZZZZZZZZzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz

Girando , girando, segue girando o inseto sem nada encontrar... Claro somos insetos aos olhos de Deus, e ele não sabe que somos. Sabe,segundo alguns, quem somos, mas não, não, não brinquemos  com isso: esmaguemo-nos enquanto é tempo, façamos o tempo, façamos uma obra gigante.

ZZZZZZZZZZZZZZZZZZzzzzzzzzzzzZZZzzzzZzzzzzzzzzzzzZzz

Fui lembrado por um colega, de um amigo que escreve sobre insetos, vou um dia lê-lo, vê-lo, etc.

zzzzzzzzzzzZZZZZZZZZZZZZZZZzzzzZzzzZZZZzZzzzzzzZZZZ

O inseticídio, que falou o artista:
- Eu sou a moscaaaaaaaa...

Só do capitulo: mosca, teríamos muitas laudas a falar: moscas de banana e moscas de carniça, toda uma série de insetos alares, peguei dengue uma vez.

ZzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZzzzzzzz

Tentei assistir Lost, mas me perdi. Peguei um ita no norte, peguei uma doença em manaus,peguei uma mosca na mão!

Tenho uma raquete que cozinha moscas, as eletrocuta. As moscas, tzzz,explodem, pipocam e somem, eu escuto o plec e não acho o resíduo da mosca, onde estará o cadáver do inseto?

Os insetos sentem que vão morrer,pressentem, mas mesmo assim,ah!utoengano! e o Authos Pagano? Moscas estúpidas que ficam voando na direção da raquete,indo direto em direção á morte, caminhando, em círculos, labirintos, voando em direção da raquete, da mão, vindo direto de uma escrita direta vindo do umbigo.

Sorte dos insetos que não tem umbigo, mas eles nascem de ovos! É por isso! Finalmente, verbalizo essa ideia boba: Adão não tem umbigo,por a + b, ele nasceu de um ovo, ele não tem umbigo, qualquer um sabia  o que eu ia dizer:

encontro com famosos # 6 Padre Bogaz:


O Padre Bogaz ficou por dez anos atendendo a comunidade do Bixiga, aqui na nossa Igrejinha da Achiropita, que eu chamo também de Catedral da Bela Vista. Ele nos recebia na porta com aquele sorriso de Clark Kent e a dignidade moral de um condutor religioso. E eu tive o orgulho de ser cumprimentado por ele, que lembrou o meu nome.
 Esse homem enfrentou muita resistência, pois o pároco anterior foi o Toninho, um santo. Mas ele foi dobrando aquela oposição e ao final de sua etapa cumprida aqui entre nós, ele deixou muita saudade. Eu fui á missa de despedida dele e foi a vez que eu vi a igreja mais lotada, muita gente de pé e cadeiras sobressalentes e encontrei muita gente querida, como a Dona Geni, minha mais que  querida , que me chama de comunista e  disso nós dois nos enchemos de orgulho.

Amanhã é Páscoa; hoje leio o livro do Padre Bogaz, que também é cineasta, além de filósofo e poeta. O livro é "A celebração litúrgica e seus dramas"; nele o padre  fala que o " centro absoluto da vida cristã é o mistério pascal de Jesus Cristo".

Efetivamente eu não sou católico, apesar de toda liturgia sedimentada pelos ensinamentos de minha mãe, pela constante oração que eu repito várias vezes ao dia, pelo respeito que eu tenho pela nossa Madona da Achiropita, por San Giuseppe, e pelo Gesu Bambino. Eu não me ligo é no ritual da missa,isso para não dizer dos crimes da igreja católica. Não faço parte de nenhuma igreja, e gosto de muita gente perguntar se eu sou crente, ou espirita; tudo é mistério.

 
Pouca gente, ou poucas coisas, me revelaram, ou  eu vi fazerem brotar, o mistério. Mas ao assistir a umas poucas missas celebradas pelo padre Bogaz eu presenciei um momento de magia: o milagre da transubstanciação, executado pelo padre. Aquilo, o milagre,e efetivamente a transubstanciação, acontecia. E Jesus estava ali, e nós partilhávamos de sua presença. Uma coisa santa. O padre Bogaz fazia  uma coisa mesmo de Padre.

Na missa de despedida do Padre, que foi para Rio Claro, eu beijei a face dele como a de um irmão e a suas mãos como as de um padrinho. O Padre dignificou a igreja em sua passagem e, com toda a magia da transubstanciação me colocou, como pouquissíma gente, dentro, e a par, do mistério.

As imagens e as Ciências Humanas



O presente texto pretende refletir o teor do diálogo realizado com colegas das disciplinas de Ciências Humanas (Filosofia, História e Geografia) no 2º Encontro Presencial REDEFOR /área CHT.

Um dos objetivos do encontro era reconhecer as aproximações e diferenças na área das Ciências Humanas, para isso fizemos a leitura de dois fragmentos de textos, um de Susan Sontag, O mundo-imagem, e outro de Boris Kossoy, O significado das imagens: além da verdade iconográfica.

O outro objetivo era relacionar o tema proposto com ações em sala de aula e prática docente.

O uso de imagens é amplamente disseminado no cotidiano das aulas das disciplinas das Ciências Humanas: eles assumem a importância de documentos, por exemplo, na disciplina História; são usadas nas aulas de Filosofia para abordar os diferentes pontos de vista possíveis ao observar determinado fenômeno; e dentro da Geografia o uso da imagem é ainda mais disseminado. Que a Geografia quer ser mais que um mapa pendurado na parede todos nós sabemos, porém aos olhos do senso comum nossa disciplina é confundida com a elaboração e interpretação de mapas, que são privilégio da Cartografia. Dentro da Geografia as imagens, sejam os mapas, as fotografias aéreas, as imagens de satélite são os importantes aportes para visualizar a espacialização dos fenômenos.

Os textos citados afirmam a importância das imagens e o quanto somos dependentes delas.

Dos sentidos humanos talvez seja a visão o qual mais dependemos; o fragmento do texto de Susan Sontag é aberto com a afirmação de que “A realidade sempre foi interpretada por meio de informações fornecidas por imagens”. Abrimos os olhos ao despertar, e dessa forma acordamos para vida. Os exemplos humanos da dependência da visão são muitos: “Imagens! Imagens! Imagens!” Assim começa o pequeno grande livro de Jack London, Antes de Adão. London fala nesse livro de nossos ancestrais, os primeiros antropoides, que descendo das árvores extasiavam-se com a quantidade de informações, imagens, e o tormento em como decodificá-las.

O que se trata nos textos é isso: o que está além das imagens? “o significado é imaterial; jamais foi ou virá a ser um assunto visível” (KOSSOY); dessa forma surge à importância do professor que dentro do processo ensino-aprendizagem, indicaria uma imagem, auxiliaria o aluno a entender o que está “ausente” na foto, como contextualizá-la, como codificá-la, como apreendê-la.

Por outro lado a imagem tem a força de uma relíquia, “um vestígio material do tema” (SONTAG). O uso do registro através das imagens, que transforma a realidade em imagem, é uma das características da nossa era; Susan Sontag fala do fracasso do pensamento cientifico e humanístico que não criou “deserções em massa em favor do real”.

O avanço tecnológico, a disseminação da internet, das máquinas fotográficas, são ferramentas que, dentro da realidade da escola pública, serão cada vez mais usadas. Cabe ao conjunto dos professores a imensa tarefa de, usando os suportes tecnológicos de reprodução, usá-los de forma a auxiliar-nos a entender e desvendar os papeis das sociedades no nosso planeta.

acompanhando a semana santa # sábado

observaram o repouso prescrito. Lucas 23:56

não havia lugar para descanso. se fosse possível registrar todo o caminho percorrido, ele cansaria só de fazê-lo. encontrou-se novamente junto ao pequeno promontório de sua infância. tudo estava claro-escuro.após ter chegado lá, viu que era nenhum lugar, tinha que voltar. e voltou para o mesmo lugar.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

acompanhando a semana santa # sexta

saindo dali ele chorou amargamente. Mateus 26:75

nunca mais sozinho. não havendo para onde fugir quedou-se extenuado.sobre-humano encontrar refúgio, por isso sonhou. no alto da montanha sob uma nova perspectiva, viu -se enredado , como que suspenso, á uma nave ainda não sonhada. já no céu pela primeira vez sentiu-se inteiro, pronto para começar a continuar.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

pega e amarra

Como um caqui que como que amarra, pega e sinto o apego que sinto pela matéria, pela sensação milagrosamente reavivada na memória de sentir essa amarra na língua, que desfruta desse fruto ainda não suficientemente maduro.

Escravo dos sentidos, amarrado a matéria pela sensação de estar vivo ao comer um caqui, o que posso dizer então, da escravidão dos sentidos, da submissão a matéria, da sensação madura ao sentir um orgasmo?

acompanhando a semana santa # quinta -feira



melhor seria não ter nascido. Marcos 14:21

e a vida é busca, e não-luta. e a vida é experimentar, e não-desejo. e a vida é movimento, e não-ação. e a vida é conhecer, e não-saber.

naquele rio de águas turvas, agora cristalinas, o homem que é vai deixar de sê-lo. sozinho o sol bastaria e não obstante em nenhuma página escrita ele lia que tudo voltaria. deixou-se levar. o futuro está agora em outro lugar, que fica aqui agora onde ainda está.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

através da lente # 1

claudia leite



e o que menos me importa é o que chamam realidade

circular # 2

e juntaram-se a alguns beberrões que dormitavam na praça. após uma noite terrível que suportaram não se sabe como encontraram-se entre um sem número de rostos desconhecidos de faces inamistosas, mas eles tambem traziam em seus cenhos marcas de derrotas e outros sofrimentos de modo que logo misturaram-se a massa engrossando-a e com isso passaram a nutrir novamente esperanças de que com aquela pequena malta pudessem passar o dia e esperar a noite e aí juntaram-se a alguns beberrões que dormitavam na praça após mais uma noite terrível que suportaram não se sabe como e juntaram-se a alguns beberrões que dormitavam na praça. após uma noite terrível que suportaram não se sabe como encontraram-se entre um sem número de rostos desconhecidos de faces inamistosas, mas eles tambem traziam em seus cenhos marcas de derrotas e outros sofrimentos de modo que logo misturaram-se a massa engrossando-a e com isso passaram a nutrir novamente esperanças de que com aquela pequena malta pudessem passar o dia e esperar a noite e aí juntaram-se a alguns beberrões que dormitavam na praça após mais uma noite terrível que suportaram não se sabe como e  juntaram-se a alguns beberrões que dormitavam na praça. após uma noite terrível que suportaram não se sabe como encontraram-se entre um sem número de rostos desconhecidos de faces inamistosas, mas eles tambem traziam em seus cenhos marcas de derrotas e outros sofrimentos de modo que logo misturaram-se a massa engrossando-a e com isso passaram a nutrir novamente esperanças de que com aquela pequena malta pudessem passar o dia e esperar a noite e ái juntarrem-se a alguns beberrões que dormitavam na praça após mais uma noite terrível que suportaram não se sabe como e encontram-se entre um sem e juntaram-se a alguns beberrões que dormitavam na praça.após uma noite terrível que suportaram não se sabe como encontraram-se entre um sem número de rostos desconhecidos de faces inamistosas, mas eles tambem traziam em seus cenhos marcas de derrotas e outros sofrimentos de modo que logo misturaram-se a massa engrossando-a e com isso passaram a nutrir novamente esperanças de que com aquela pequena malta pudessem passar o dia e esperar a noite e ái juntarrem-se a alguns beberrões que dormitavam na praça após mais uma noite terrível que suportaram não se sabe como e encontram-se entre um sem e juntaram-se a alguns beberrões que dormitavam na praça.após uma noite terrível que suportaram não se sabe como encontraram-se entre um sem número de rostos desconhecidos de faces inamistosas, mas eles tambem traziam em seus cenhos marcas de derrotas e outros sofrimentos de modo que logo misturaram-se a massa engrossando-a e com isso passaram a nutrir novamente esperanças de que com aquela pequena malta pudessem passar o dia e esperar a noite e aí juntaram-se a alguns beberrões que dormitavam na praça. após mais uma noite terrível que suportaram não se sabe como e encontraram-se

ei Abril



puta que pariu ,já estamos em Abril

sorvete

de stuzzi gelateria

essa dama de saias rodadas
devorando ao ser devorada

das coisas mofadas


a nuvem chegou sem que ele percebesse
como um nome que de repente aparece
da mesma forma quando esperamos um chiado
num disco muitas vezes usado
igual algo que ficou guardado
toda uma série de coisas que ficaram
esperando para serem acordadas