dos alunos da yara lee
a Rose morreu.
Eu fiquei sabendo ontem.
Eu não tenho nínguem para falar que a Rose morreu.
A única pessoa que eu poderia falar que a Rose morreu era o seu Remy, mas o Remy, meu amigo Remy, morreu também.
Aos domingos o seu Remy ligava para mim, conversávamos, quero dizer, ele falava às vezes por 30 minutos. Apesar da diferença de idade, ele podia ser meu pai, e dele ser de direita e eu de esquerda, éramos amigos.Eu gostava muito do seu Remy.
Eu não conhecia a Rose direito, nem o seu Remy - eu não conheço nínguem direito, nem a mim mesmo.
O que eu sei de mim é que eu não gosto do fim das coisas, ou de como as coisas terminam, ou melhor: eu não sei teminar as coisas.
Eu sei começar. Eu quebro o gelo, eu sou um picareta. Eu quis ser um picareta.
Embora nínguem conheça a Rose, o seu Remy, ou eu: o picareta Mauricio Miele, todos estamos no mesmo barco a vagar, e o fim de um é um pouco o fim de todos.
Eu acho o nome Rose muito bonito. Uma flor mesmo morta continua transmitindo beleza.
Good night Rose
A Rose tá ai. Na entrelinha, a Rose sorri.
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