quarta-feira, 31 de outubro de 2012

movimento#1 bater palmas




o que 

excelso


martinez nunca deixará de ser

aquilo que

paracelso nunca deixou morrer



são acessos

flores abertas batendo ao vento

gotas de chuva caindo devagar

momentos 

para não esquecer

a vida não cabe no bolso # 25



detenho um conhecimento extraordinário:
o esse entre duas vogais tem som de zê
e no entanto sinto-me tão fraquinho...

humano drummond demasiado humano





tão frágil sua figura 

passeia pelas ruas

gostaria de encontrar contigo e 

cumprimentá-lo com um aceno de cabeça

com esse aceno

eu te digo que a sua humanidade 

faz com que eu seja humano

e sendo capaz de sofrer

o sofrimento dos outros

e, ah, eu também posso ser feliz pela felicidade de alguém

eu aceno a cabeça para você

como fazem os seres que se reconhecem humanos

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Nova velha Praça Roosevelt



Treis veis na nova Praça Roosevelt.

Não há nada de novo para olhar desde a  primeira vez. Eu presto atenção, aqui sempre foi lugar nervoso, de passagem, perigo. E lembro. Quarenta anos de Praça Roosevelt, já vendi até chaveiro aqui... 

Já joguei bola, já furtei o supermercado, já tomei geral, já tomei vinho, já fiz tanta coisa ali! Fiz primeira comunhão na igreja da Consolação.

São Paulo é assim, De quem é a Praça? É minha também...

Vou trabalhar, aproveito para passar na Praça. Eu caminho sozinho, só os dois carros de polícia, estacionados na Praça vazia. Nada de novo sob o Sol.

No caminhar eu coloco a cabeça no lugar.

A Praça é deserta, sem equipamentos, sem sombra. Incrível que  na campanha para prefeito não se fale em sombra. Não se fala em descanso, em tranquilidade, em paz. Não se fala em ócio, em amor, em arte e em Vida, com V maiúsculo.

A nova praça é um quadrado quase único de cimento.

Os projetos de bancos, que ladeiam os projetos de jardim, onde estão os projetos de árvores, são usados para manobras de skate.

Entre  tantos usos - passeio, jogar bola, estourar uns béquis, obscenidades de diversos graus - a praça é um pico de skate há 40 anos.

A Roosevelt era assim: concreto armado. Uma grande laje, dividida em  micro praças e muitos esconderijos. Abrigo de vagabundos e ponto de encontro de malandros. Embaixo o Peg-Pag. Mais embaixo as quadras. Mais embaixo o parquinho.

Então aquele concreto armado, as curvas, as rampas, os ângulos retos, o cimento, faziam a Onda Dura, título do livro do Edu, lugar propício para manobras de skate.

Em 1976 com a turma do Mantiqueira andei de skate na Roosevelt.

Turma do Mantiqueira: Marcelinho Pereira, Micali  Blouguras, Edgar, Heli, Marquinhos, Renato, Lua, Biju, Marcinho, Inácio, Vadinho, Emanoel, Richard, Miler, Juninho, Sérgio, Milton; com toda essa turma também joguei bola e  andei de skate com o Edu e Fabio.

Slalom, Down Hill, etc. Manter-me no shape já era lucro pra mim.

Edu deve ter um metro e noventa, na época tava por aí também. 

Conhecer uma família negra de classe média, como a do Edu, foi um dos milagres da minha infância no Mantiqueira, fora ter convivido com crianças americanas, famílias de angolanos brancos, e outra de  angolanos negros. Convivi ali também com  putas, travecos, viciados, policiais, professores, advogados, suicidas, uma santa de Belém do Pará e tanta mais  gente: Madame Boni ! Zédu, Manolo, a vovó japonesa, a vovó escravatura, chineses,  Antonio Francisco, ex- estudante de Coimbra, e também a mãe do Edu, a dona Maria José, a Zéti,  uma funcionária  pública federal, enfermeira e depois advogada, com quem se conversava de Krishnamurti a Retirada de Laguna.

Naquele dia há quarenta anos estávamos fazendo um slalom, colaram uns vagabundos derrubando os pinos e o Edu, absolutamente longe de ser malandro, fez os caras colocarem os pinos no lugar.

Treis veis na Roosevelt,  40 anos de Roosevelt. Desolação com um sol de 30 graus ás oito da manhã na cabeça, uma molecada de 12 anos andando de skate. 

Fantasmas na cidade, eu nunca estou sozinho.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

nossos caminhos



nossos caminhos desertos
férteis do nosso jeito
nossos cabelos balançando
tantas voltas em nós mesmos
sombras do que nós seríamos

mas sério
eu não penso quase nada
quando estou assim
fora de mim
foi quase dessa forma que eu cantei

eu ainda consigo ouvir os passos

domingo, 28 de outubro de 2012

A vida não cabe no bolso # 19 Hilda Hilst








Aquilo que nos aproxima de algo mais intenso,nos perturba, tira o ar. Mesmo que seja a queda, mas é melhor se for  a vida.
Nesse frame nos sentimos vivos, seres de verdade. 
Despertarmos.Deixarmos de ser o autômato, o robô,carne e músculos, fluidos correndo para o esgoto.Não podemos ficar nos tapeando eternamente. 
Pensamentos fora de ordem, colocar em ordem pensamentos, buscando bobagens para conseguir dormir,trabalhar.
Permanecer confortavelmente fodidos esperando morrer dormindo sem sentir dor.
Queremos, devemos, precisamos penetrar no grande segredo de nós mesmos e do mundo inteiro e vermos mais; adolescência eu quero você, êxtase, mistério,loucura, delírio, eu quero tudo de volta.
Esses acontecimentos, despertar, podem ocorrer num 
estádio, na relação amorosa, numa igreja ou lendo um livro.
Hilda Hilst está além de gêneros e fantasias e misticismo; é uma mulher com múltiplas faces com um pé no céu e outro no inferno.
Ler seus livros é uma experiência da qual ninguém sai 
igual: LEIAM.

serra eu lhe amo






Serra contamos com tua candidatura em 2014! 

Continue sendo candidato! Sua doçura e solidez moral são 

cativantes -duas mulheres quiseram te beijar nessa eleição!

Sua origem humilde, Zezinho querido, sua dificuldade de 

concluir faculdade, sua dificuldade de achar um boné que 

caiba na cabeça, tudo isso jamais será esquecido.

Principalmente sua candura e simpatia, sua meiguice, 

sinceridade e amor a honestidade e a classe pobre, que com 

a ajuda da sua política na educação(um beijinho a Rose 

Neubauer) chegará lá se Deus quiser.

Obrigado amigo Serra tanta gente te ama, tanta gente 

nessas páginas foram cativados com suas mensagens de paz 
e incitação ao bem(lágrimas me correm na face lambuzada

de pó de arroz).

Serra, o mais preparado, Serra bebezão, tchutchuca, 

paizinho! 

O povo quatrocentão, e algumas pessoas instruídas do 

populacho, sabem o quanto o psdb é onesto, legal e 

decente.

Vcs ,PSDB, são o depositário, o guardião dos valores nobres 

que tem conduzido a pátria amada há 512 anos!

Veja o que foi feito na educação, os apagões, a taxa do 

lixo, o enem que teve 0.5 de problemas, tudo isso fora o 

mensalão, o maior roubo da istoria do Brazil, NENHUM 

DESVIO OCORREU EM GOVERNOS VOSSOS! parabéns a 

bancada aliada que barrou 37 CPI na assembleia legislativa!

 - e quero ver falar em Daniel Dantas- e o lulinha?

Querido Serra, meu amor, não pense que ficará isolado, o 

povo quatrocentão te ama, gostaria tanto que vc fosse 

síndico do meu condomínio! (acho que o sindico daqui é 

meio comunista...) meu nariz de palhaço inflama!


enquanto é tempo



soltasse o cabelo
prendesse o cabelo
e fosse dançar

colocasse o sapato
tirasse o sapato
e fosse dançar

chamasse um amiga
saísse sozinha
e fosse dançar

limpasse os ouvidos
ou pusesse o fone de ouvidos
e fosse dançar

de cara lavada
com a boca borrada
e fosse dançar

a dança do ventre
sympathy to the devil
e fosse dançar

enquanto é tempo

sábado, 27 de outubro de 2012

terça-feira, 23 de outubro de 2012

desuso




esse é o fundo sem fundo
para onde vão todas coisas
sem lugar e espaço

o pingo do jota
a anágua
o curso de datilografia
a mula manca
a menina de trança
o nome singelo, simplesmente Maria
os cinco atacantes
a leitura de Dante
o quintal  com jardim
as conversas despreocupadas ao luar
o primeiro beijo com gosto de mar

o que mais existe em desuso
é gentileza e cortesia
por favor, muito obrigado.

A educação é a verdadeira prova dos nove
se esse buraco tivesse fundo
ele já teria transbordado.



segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Ordem no Brooklin




Mendigos no Brooklin? Isso não combina com o lugar.

O Brooklin é um bonito bairro, as ruas são retilíneas, tem nomes de estados americanos. Muitas árvores frondosas, e até mesmo frutiferas, casas antigas, grandes, e prédios de alto luxo, muitos ainda em construção. Uma grande organização.

Os prédios avançam no Brooklin. As casas serão todas derrubadas, e em seus lugares serão erguidas casas sobre casas, prédios de alto luxo.

A presença de árvores  no bairro é muito valiosa para os empreendimentos.

Existem muitas árvores frutíferas no Brooklin. Amoreiras, ameixieiras, romanzeiras, e  ainda outras: pés de acerolas, abacateiros e outras que eu ainda estou por descobrir.

Poucas pessoas circulam nas ruas do Brooklin. Gente como eu que trabalha nos arredores. Mulheres sisudas acima do peso com roupa de ginástica. Alguns poucos velhinhos. E o pessoal da casa: as empregadas levando os cachorros e fumando cigarros, funcionários do pequeno comércio, entregadores de água, varredores de ruas.

Nas portas dos imensos predios seguranças pretos protegem o dinheiro dos brancos.

Muito silêncio. As árvores, os pássaros, as casas que ainda restam , os prédios de alto luxo, e os prédios que avançam, esqueletos de aço, ferro e tijolos, concreto aparente, vidro blindado, poucas pessoas nas ruas.

As ruas são repletas de carros estacionados. É comum que aas pessoas no Brooklin possuam mais de um automóvel.

Mesmo os congestionamentos obedecem a uma ordem , um ritual. Todos saem no mesmo horário, todos voltam no mesmo horário. Tudo muito organizado.

Neste dia, mais um dia ensolarado, em que no meu horário de almoço  procuro refúgio na gloriosa sombra das árvores frutiferas, ou das sibipurunas, ipês e quaresmeiras, as árvores comuns do passeio paulistano, mas nem por isso menos belas ou surpreendentes, surpreendo-me com a presença de jovens pedindo esmolas em frente ao mercado.Fazendo um pequeno barulho.

Tudo indica que sejam noiados: o olhar estatelado, a sujeira das roupas, a atitude imprudente.

Apesar das minhas duzentas pratas no bolso eu digo que não tenho nada para ajudar. Não é por princípio, por preconceito, mas eu vejo que eles não estão somente pedindo, parecem prontos para atacar em algum vacilo ou titubeio.

Sigo andando tranquilo. Ali onde ontem havia uma casa,e amanhã haverá um prédio de luxo, deparo-me com uma cena inusitada. As árvores receberam etiquetas com seus nomes em latim e um sinal de que seriam replantadas em outro lugar. No mesmo lugar outras árvores, também com seus nomes em etiquetas, não mereceram tal sorte. Nelas estava escrito: Descarte.

Imagino que outras árvores tenham recebido uma etiqueta dizendo que elas deveriam ficar onde estavam. Tudo muito organizado.

Aparentemente não havia diferença entre as árvores. Seu tamanho, sua rugosidade, a sombra que elas proporcionavam, a sobriedade de suas estruturas, a passividade com que encaram seus destinos, sua beleza intrínseca, a delícia de suas frutas, eram similares.

A etiqueta que receberam, imagino eu, obedeceu ao seguinte critério: elas estavam no lugar errado, e assim foram descartadas; ou estavam no lugar certo e assim foram mantidas.

Os nomes da árvores em latim são bonitos, sonoros e majestosos. Prunus domestica, Punica Granatum, Rubus Fruticosos.  São classificadas por um sistema rigoroso: Divisão, Ordem,  Família, Genêro.

A classificação das plantas, e a ideia de colocar nomes nelas em latim, deve-se ao jovem Lineu, que não satisfeito somente em desfrutar de longos passeios solitários e silenciosos em lugares repletos de árvores, também criou um sistema de classificação de extremo rigor e ordem, muitissímo preciso e que eficazmente satizfaz o desejo de muitos por ordem, classificação e colocar as coisas no lugar.

Volto  ao ponto de partida. Na porta do mercado os jovens noiados que pediam esmolas, e pareciam prontos para atacar em qualquer vacilo ou titubeio, não estavam mais lá.

Não notei nenhuma etiqueta colada neles, escrito: Descarte, mas no Brooklin, eu sei, existe toda uma ordem, um sistema  organizado que coloca as coisas no lugar.

domingo, 21 de outubro de 2012

gataria chorando


madrugada fora
por sobre os telhados
a gataria chora
fodendo-se

aqui dentro
os corações batem saciados

sábado, 20 de outubro de 2012

assim seja





não permitas que a sordidez das figuras definitivamente caretas
impeçam que tu enxergues as belezas das  iluminuras que são as faces dessa gente jovem que anda preocupada com tanta coisa que tu já sabes serem bobagens.

não deixes que o cotidiano se interponha em tua vida arriscando dessa forma  perder de si o verdadeiro sentido das coisas simples e importantes da vida, como o resgate daquele beijo.

não permitas que o trabalho te impeças de enxergar a beleza das avenidas solitárias nas madrugadas que ainda são tuas.

não coloques  a palavra não no início dos colóquios 
esqueça as regras gramaticais
não procures nos sebos os cantos gregos
neil young é eterno no toca discos
não se rale nos esgotos em busca de alegrias baratas
esqueça tudo isso

escute as canções de protesto, elas são as mais românticas
veja os insetos em sua magnifica insignificância
aprenda a tocar harmônica
deixe o cabelo crescer até debaixo dos ombros

descasque laranjas sentado em alpendres e contemples a majestade das tardes chuvosas
caminhes despreocupadamente na beira da praias  molhando os pés na água e no sal
esqueças por longos dias qual é o seu nome e seu endereço
embarque no próximo ônibus para qualquer lugar desde que seja Minas

e nunca mais diga amém.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

fontes confiáveis de história



num bloco de pedras ocas
calcáreas
como que distribuídas em gavetas
restavam
as testemunhas fósseis
que eram como que
documentos
indicativos que existiu a história.

o busto empalhado de um oficial
sorrindo
de forma estúpida
agora servia como espantalho
num milharal
um aviso
que existem fontes
e fontes de indicar que houve história

marciomiele



marciomiele sete instrumentos
milhões de sons encantados

marciomiele sete voltas em si mesmo
revoltas de só menos
mundos a conquistar

marciomiele sete cores
sete notas definitivas
feito de improviso
e muito trabalho
correndo daqui pra lá

marciomiele
pequeno veneno
intenso unguento
vento a alimentar
o que de melhor há


marciomiele
água fogo agudo masculino

marciomiele
em cima da árvore 
cavocando a terra
nave vagando na noite
domínio do fogo divino
coração feito para amar


marciomiele
entre o divino e o terráqueo
não sei com qual ficar


marciomiele
um instrumento

marciomiele
inteiro


marciomiele
enorme
seu nome 
pícaro picollo
uma lenda no Bixiga


marciomiele 
sete avós sete endereços sete noivas
sete planetas
sete avos de si mesmo
o mundo inteiro abraça sua  picardia

sete mil vezes te desejo sete vidas
sete vezes seu irmão
mais uma vida a iluminar
respeito é o de menos
você sabe
nós sabemos
a lição trazida é amar








sábado, 13 de outubro de 2012

nós não somos formigas # 1



Sobrevivem mais  as formigas que caminham nas sombras? Aquelas que solitárias escondem-se em vãos, e tateando procuram possibilidades de despercebidas encontrarem melhor forma de satisfazer seus destinos?

Resistem mais as formigas que juntando-se em hordas numerosas traçam rotas conjuntas? Aquelas que, na multidão abrigadas misturando-se e juntando-se, celeremente constroem suas passagens?

Uma formiga não é sozinha.

As formigas ficam sozinhas somente durante o tempo em que buscam construir uma cartografia, para rapidamente juntar-se as outras naquele movimento conhecido de turba e permutando-se encontrarem chance de sobrevida.

Nós não somos formigas.

As formigas caminham juntas por não poderem ir sós.



sexta-feira, 12 de outubro de 2012

i like thelonius monk



i like monk 
i like joke
i like that
the music is the best
and the image im my mind 
is the aeroplane in the circus
behind the shine

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

ditabranda é a puta que pariu





Nada impede que tudo volte amanhã ao jeito que as coisas estavam...

Ditabranda é a puta que pariu. Não é possível a chama voltar a ser carvão, mas é possível uma nova era de terror, de assassinatos, perseguições e torturas.

Sob qualquer perspectiva o que rola é o seguinte: de que lado você estava em 64? Você mudou de lado? São ou não são necessárias mudanças profundas na estrutura de classes no Brasil? Que tipo de civilização queremos?

Qual é a guerra que acontece no Brasil? É a ditadura da mídia, dos valore$ da classe mérdia?

Vivemos uma guerra civil. É a guerra de classes, a dizimação da juventude,dos jovens negros. O assassinato dos sertanejos, dos imigrantes pobres, dos incapazes de se juntarem aos donos de tudo. É o assassinato dos anormais pelas forças de repressão e a revanche é o assassinato da classe média pelo recalque dos marginais.

Uma guerra estúpida e sem sentido por territórios ou roupas de marca e finais de semana em sítios para comer carne em volta de fogueiras ao som de tambores em volume altissímo para danças de acasalamento.

É a guerra civil brasileira, que mata mais que todas as guerras do mundo, talvez menos que a mexicana, menos que em Botswana, menos que no Sudão do Sul.

Nós não somos nada, nós somos poucos, mas somos bons. Nós estamos gritando sempre por um mundo de paz, pela união dos seres humanos, pelo fim dos assassinatos, da tortura e da maldade.

As forças conservadoras são muitas, esse é o caminho mais fácil. A própria infelicidade é cultivada, as feridas são lambidas para que no dia seguinte eles estejam ainda lá.

Sempre haverá um novo argumento que será somado ao eterno argumento dos sanguessugas, não é a nova aliança que perturba, não é isso e nem aquilo. Trata-se do racismo e do estupro das índias  da destruição das outras civilizações. Disso que foi feito o Bananão.Disso e da submissão a civilização judaico-cristã, que noves fora, não está com nada.

A civilização que aí está é aquela do machado, que foi substituído pela moto-serra, e será substituída por uma nova arma de destruição.

A cada segundo somos chamados para vencer aflição e a dor da miséria da vida.

O Mano Brown falou coisas certíssimas, queremos espaço, e tempo, para fazer amor.

Viva Garrincha, Chaplin. Mas viva também Spartacus, Barrabás. Viva também Madame Curie,Camille Claudel. Viva todas essas pessoas. Pessoas que, definitivamente, são de esquerda.




quinta-feira, 4 de outubro de 2012

linha do equador



no equador
escutamos repetidamente ais
no equador
o sentimento mais que sentido, é fluído
no equador
os gemidos são todos iguais

no equador
linha fina tênue
o equilibrista bambeia no liame
quase cai
infinitamente sensato na sua vontade de permanecer no fio de arame
ele busca o que não há

no equador
as linhas imaginárias confundem o voo dos pássaros
que aturdidos espantam-se
batem-se nas nuvens
provocando tempestades de penas que atrapalham a imensa seriedade de doutores que cuidam do sofrimento alheio

no equador
cumprem-se ações públicas civis
com extremo rigor e presteza
não importando, porém, os benefícios serem exatamente benefícios, ou não.

no equador
de quando em quando
voltam as espécies endêmicas
toda uma série de fantasmas
criaturas que a duras penas
hesitam em voltar as formas puras
a desordem inerente
das posições astronômicas
da influência dos ventos alísios
da formação dos furacões
do bater da asa das borboletas

no equador
essas criaturas, quando voltam
voltam com a esperança de uma morte calma
preferencialmente quando estiverem dormindo
mas não é isso que ocorre

no equador
a descompensação é constante
haverá sempre o rompimento de qualquer coisa
e não há rede de proteção
a queda é livre
e não existe uma reta a ser seguida
não há meio-termo, apesar da busca do equilíbrio em cima da linha
e apenas a prudência
não eliminará
o apelo da queda

no equador
existe a esperança
infinita de um dia
tudo se ajeitar
diferente de um beijo de novela, falso,
mas verdadeiro como na entrega da flor a pessoa amada


no equador
os ais são iguais
e sobre a linha, enfim,
a linha não existe
embora o equilibrista esteja segurando nela.

as coisas antes de serem feitas

                                                                                                                                               milles garden

a borboleta já está na larva
e a seda no bicho
pensamentos antecedem gestos
e futuros possíveis
são inteiramente passíveis,ou impossíveis, de acontecer

as roupas antes de serem passadas
os alimentos crus
as brigas esperando acontecer
e os gestos de amor guardados
tudo está sendo aguardado
o cheiro está no ar

existe um passado antes de sê-lo
uma carta a ser enviada
uma ideia que vai ser palavra
a ilha fora do mapa
uma folha que é uma promessa de árvore
tudo que ainda está por vir
esse é o lugar que eu quero ir