quinta-feira, 4 de outubro de 2012
linha do equador
no equador
escutamos repetidamente ais
no equador
o sentimento mais que sentido, é fluído
no equador
os gemidos são todos iguais
no equador
linha fina tênue
o equilibrista bambeia no liame
quase cai
infinitamente sensato na sua vontade de permanecer no fio de arame
ele busca o que não há
no equador
as linhas imaginárias confundem o voo dos pássaros
que aturdidos espantam-se
batem-se nas nuvens
provocando tempestades de penas que atrapalham a imensa seriedade de doutores que cuidam do sofrimento alheio
no equador
cumprem-se ações públicas civis
com extremo rigor e presteza
não importando, porém, os benefícios serem exatamente benefícios, ou não.
no equador
de quando em quando
voltam as espécies endêmicas
toda uma série de fantasmas
criaturas que a duras penas
hesitam em voltar as formas puras
a desordem inerente
das posições astronômicas
da influência dos ventos alísios
da formação dos furacões
do bater da asa das borboletas
no equador
essas criaturas, quando voltam
voltam com a esperança de uma morte calma
preferencialmente quando estiverem dormindo
mas não é isso que ocorre
no equador
a descompensação é constante
haverá sempre o rompimento de qualquer coisa
e não há rede de proteção
a queda é livre
e não existe uma reta a ser seguida
não há meio-termo, apesar da busca do equilíbrio em cima da linha
e apenas a prudência
não eliminará
o apelo da queda
no equador
existe a esperança
infinita de um dia
tudo se ajeitar
diferente de um beijo de novela, falso,
mas verdadeiro como na entrega da flor a pessoa amada
no equador
os ais são iguais
e sobre a linha, enfim,
a linha não existe
embora o equilibrista esteja segurando nela.
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