A grama vem em rolos, eu não sabia. É colocada sobre pequena faixa de terra. A vida fará sua parte, algumas vezes surgirão raízes.
Nesse parque não é proibido pisar na grama. Passear na grama é uma atitude prazerosa, resgate de sensações perdidas no tempo, era pré-cimento.
No parque de diversões toda noite a grama será aparada, todo o lixo será retirado, a grama será replantada se preciso for.O trabalho de uns permitirá que alguns possam pisar na grama. Tudo tem um preço, acho que a grama é mais cara que o cimento.
Na foto todos sorriem, todos caminham apressados,todos carregam máquinas fotográficas. Antes, na era pré-cimento, em todas as fotos, todos permaneciam sérios, hoje todos sorriem. Ignoro o preço disso.
Ajoelhada na grama, em primeiro plano, não fazendo pose, ela abraço o filho, que ama. Seus cabelos longos, o jeito de princesa, orgulho, altivez, despreocupação, segurança, proteção, entrega ao presente. Uma mãe que abraça o filho.
O vento não balança nem um fio de cabelo. O vento não balança a grama. Calor.
Ao fundo as pessoas passam sem dar conta do amor que está em frente. Todos devem ter um amor.Todos caminham triunfantes, há algo a fazer. Existe um amor em algum lugar a esperar. Algum amor tem que existir. Compromissos são adiáveis, o amor não.
Mais longe o castelo de mentira, papelão colorido, pronto a desmoronar, mas não desmorona, aguarda a noite para os reparos, se necessário for. O castelo de papelão aguarda a noite para ser um verdadeiro castelo de sonho.
Tudo está por um fio, o vento não balança coisa alguma, nem o cabelo da princesa linda, nem a grama, nem o castelo de mentira, mas o vento existe, embora não possa ser visto.
Ninguém vê o fotógrafo.
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