quarta-feira, 4 de setembro de 2013

o sorriso da Via Láctea



Agora eu fico a imaginar a solidão da sonda Voyager, lançada em 1977, recebendo nesse instante, lá nas barbas de Plutão (quanto tempo depois chega aqui algum fiapo de Plutão  na Terra?)  a força do nosso Sol.
As sondas já estão envelhecendo, fico sabendo.
Um hora a sonda deixará de enviar mensagens, desintegrar-se- á, tornar-se-á poeira.
Na imensa noite está o germe do amanhecer, isso eu sempre soube.
Mas a Via Láctea, sua curva no céu, minha mão na sua, minha solidão,nossa solidão, a Via Láctea sorri no Céu.
A Via Láctea -  eu estou dentro dela e ela está em mim, eu a observo e a enxergo estando dentro dela - a Via Láctea, nada mais bonito do que ela.
Em algum ponto ela está a sorrir.Daqui desse ponto nós não vemos, mas em algum ponto ela sorri.
Nada mais bonito do que eu estar em você e você estar em mim, na construção recíproca dos impares, da força dos contrários, nada mais bonito que a necessidade de que a gente exista para continuar a construção do universo, para continuar a continuar o Universo.
Nada mais bonito que a Via Láctea e eu e você sorrindo.

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