quarta-feira, 25 de junho de 2014

aqui e ali


Aqui e ali procurava uma florzinha que não havia.

O Sol pegava de lado de modo que o outro lado da face
ficava gelado, enquanto a face que estava voltada pra o Sol, essa sorria.

A conversa girava, ia e voltava, em torno de algum fato grave, o desaparecimento de um bairro inteiro, com todas as memórias dentro,engolido por algum cataclismo.

Muito de quando em quando os cachorros latiam, ás vezes por nada,ou por um pio de passarinho, ou algum desastre iminente.

Um carro passava,depois outro e outro. Os motoristas solenes, convictos no ar condicionado.

Todo esse quadro tedioso, igual a centenas de outros dias iguais, me deixava igual onde eu estive, numa outra centena de dias iguais.

A conversa vai embora, sempre fico sozinho, mas
todo o lado de fora me procura:

As grossas nuvens, as nuvens finas, não nuvens, folhas caindo, folhas paradas, silêncio, silêncio, sempre tem alguém procurando algo para arrumar, alguém está sempre procurando distração, se continuar esfriando tô lascado, antevisão de nuvens, aí vem chuva, depois o Sol, uma linha pulando, um verso, outra vez a memória me escapa, pode ser, pode ser, sempre haverá  alguém para falar mal de alguém, as más notícias, corre cotia, o mistério do sorriso da criança, a flor, onde estará?

Meu corpo em silêncio, a face imóvel, uma estátua mortuária? Christian, será brasileiro? Os passarinhos vem até mim, 3, 4, pousam, sem um pio, nenhum vento balança a pena, sem um suspiro, nenhum pensamento, enfim.




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