domingo, 14 de fevereiro de 2016

que é a



não há poema em telejornal
não tem ritmo nas Marginais
não tem verso nos bancos de investimento
não há canção no engarrafamento
não tem balada na fila do transplante de fígado
não há mistério no cinismo dos transeuntes
não há beleza na miséria beligerante
não tem comoção no supermercado
não tem despertar a meia noite
não tem acordar no sorriso falso da menina
não há harmonia na bateria
não há estética nestas linhas
sem figuras novas, você sempre na minha

e não obstante em tudo
a poesia

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