a cidade se come-se
pelas bordas
o bem e o mal
passeiam de mãos atadas
em progressivo progresso
a cidade se come-se
e devo fechar o nariz
aí vem mais uma vez ela
um coração que nada me diz
shape desinformado
passo descompassado
a cidade se come-se
o destino transborda
um desfecho milagroso
para poucos
quase nada é uma ameaça
sou passageiro, uma traça
a cidade se come-se
meu coração aflito
nosso corpo moído
cada passo em falso
derruba a tentativa
de um mundo melhor
a cidade se come-se
eu quase entendo a rede
tecendo trilhos
escuto o coro grego
movendo moinhos
a cidade se come-se
e o mundo me abraça
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