terça-feira, 27 de novembro de 2012
nunca e sempre
nunca e sempre são parentes
andam juntos
no imaginário da gente
sempre é uma figura querida
nunca ausente
na boca dos casais
na flor dos namorados
no sempre dos amantes
nunca é uma figura misteriosa
sempre presente
na boca dos casais
na flor dos namorados
no nunca dos amantes
sempre e nunca são irmãos
embora próximos
são diferentes
nunca é fácil
sempre é difícil
as coisas definitivas estão aí
a gente escolhe
para nunca e para sempre
domingo, 25 de novembro de 2012
sábado, 24 de novembro de 2012
a gente somos outros
paulo de tarso gracia
o fim da boêmia
cristal partido
milionésima vez no paraíso
andar em frente
olhar com olhos de se me quer
e pousar no ar
dessas coisas que já não estão
não procuro mais
o lado bom
daquele disco
e inventar coisas
sofrer sem motivo
multiplicidade
as ruas estão cheias de gente convicta
se divertindo
estou sem meus sunglasses
sem graça
tempo obscuro
assim fica difícil
consultar no copo de vidro
entender o passado
daquele disco riscado
ficou o grito
o fim da boêmia
cristal partido
milionésima vez no paraíso
andar em frente
olhar com olhos de se me quer
e pousar no ar
dessas coisas que já não estão
não procuro mais
o lado bom
daquele disco
e inventar coisas
sofrer sem motivo
multiplicidade
as ruas estão cheias de gente convicta
se divertindo
estou sem meus sunglasses
sem graça
tempo obscuro
assim fica difícil
consultar no copo de vidro
entender o passado
daquele disco riscado
ficou o grito
sexta-feira, 23 de novembro de 2012
tristeza
aquela tristeza incrivel
jovem bonita cabelos voando ao vento
aquela tristeza
roupas marrons pasta do escritório
tristeza
não sorriu
quinta-feira, 22 de novembro de 2012
terça-feira, 20 de novembro de 2012
encontro com famosos # 10 kabenguele munanga
Estava na USP.
O curso: Introdução a História de África.
Escutava os grilos na grama do lado de fora da sala, discutia com os grilos da minha cabeça, ouvíamos o professor Kabenguele sussurrar, lembrar da aldeia no Congo...
João do Congo
Estávamos eu e minha irmãzinha despreocupados na viagem, olhando a paisagem e sentindo a brisa, as flores e os bichinhos e todos sabores da manhã ensolarada.
Seu João do Congo fez parar a charrete.
Olhou para nós e segurando nossas mãozinhas disse:
-Daqui pra frente vocês vão sozinhos...
-Mas, seu João...
Eu ia dizer, mas ele não me deixou dizer meu medo.
- o Caminho é reto, a charrete vai indo!
Seu João do Congo foi embora, mas eu nunca vou sozinho
domingo, 18 de novembro de 2012
foi nos dito # 1
foi nos dito:
essa cordilheira, esse mar de prédios, a vista do Altino
isso é lindo.
meus olhos não vem isso.
sábado, 17 de novembro de 2012
mas não ouves meu grito?
foto: paulo de tarso gracia
não houve nada disso
sem luta
meu coração flutua
andorinha estilhaçada
em mil chuviscos de pena
que não valem a escrita
sexta-feira, 16 de novembro de 2012
memória da água
Eu quero essa outra coisa que está na água.
Eu tenho a memória do meu afogamento.
Água que vai embora.
Substância a que devoto especial atenção, não por sua composição físico-química, nem pela clara ligação com aquilo que flui, ou pela transparência, ou pela liquidez redundante, ou por tudo isso, ou por nada disso, mas por que não sou de água.
Então por oposição, pelo deleite de querer o antagônico, pela minha inflexibilidade.
Pela nau fantasma e os chatos do navio com as facas nos dentes, pela caneca usada para evitar o transbordo, pelo esporte náutico, pela solidão da menina contando os ladrilhos no fundo da piscina, pela espera da maré propicia, pelo mar revolto como o cabelo da minha amada, por isso tudo e mais por aquele que andou sobre as águas, pelo gosto daquele beijo salgado, pela triste chegada dos ancestrais napolitanos, por tudo aquilo que eu já fui, pelo o que eu não sou, pela mudança que eu quero ser.
Pelo farol do fim do mundo.
Eu quero a solidez dessa coisa, esse vapor, eu quero essa outra coisa que está na água, em seu principio, em sua possibilidade , em sua alquimia.
Eu quero navegar, ver o mar mais uma vez.
Como será que é a neve?
Por essa condição de transitoriedade, por cima de tudo isso
eu quero a água
quinta-feira, 15 de novembro de 2012
dia da república
foto paulo de tarso gracia
em memória da nossa brava gente , que tanto lutou pela República, que derramou o sangue em favor das ideias e ideais magnânimos, aos herois fundadores da pátria que souberam, na luta e pela luta, construir essa grande obra civilizatória, a nova Roma, a nova Atenas, a patriamada!
em memória dos heróis fundadores da ditacuja mãe gentil, da união das três raças, ao pacto firmado de fazer cumprir os ideias constituintes, eternamente lembrados, forjados no sangue da luta popular!
o meu louvor, o meu canto de guerra:
- SKINDO, SKINDO LELÊ!!!
E e é isso que se vê brava gente, o povo brincando e cantando nas ruas, nessa festa incontida, lembrando os heróis, recitando a constituição, a Carta Magna digníssima, cultuado nossa linda história!
... as estradas cheias, passeio no supermercado, lavar o carro, etc.
- como é mesmo o hino? Acho tão bonito!
Presta atenção:
foto: paulo de tarso gracia
O mundo não é dividido entre PT E PSDB, no fundo a mesma merda.
Presta atenção:
as pessoas estão sendo assassinadas na periferia de São Paulo por esquadrões da morte, numa loteria.
Presta atenção:
As pessoas responsáveis pela Educação de São Paulo, não tem a menor noção do que ocorre numa sala de aula, onde não existe educação, nem ensino, só violência e neurose.
Presta atenção:
Saúde não é hospital, é alimentação, atividade física, e paz de espírito.
Presta atenção:
as penas do mensalão não farão acabar a corrupção no Bananão.
Presta atenção o nível de criminalidade da polícia é acima do alerta vermelho.
Presta atenção:
a violência não existe exclusivamente pela desigualdade social, a maldade é coisa que existe.
Presta atenção: mil economistas para cada poeta.
Presta a atenção:
intolerância religiosa causa mais mortes que qualquer outra coisa.
Presta atenção:
Gaia vai sobreviver, a gente não
Presta atenção:
a natureza acabou.
Presta atenção:
o PIG existe.
Presta atenção:
o GAFE( globo, abril, folha, estadão) opera no nível distração e convencimento, na manutenção da ordem, que na verdade é a desordem e o caos.
Presta atenção:
a vida está morrendo.
Presta atenção:
os arautos do apocalipse talvez não estejam de todo errado
Presta atenção:
as igrejas neopentecostais promovem a intolerância e uma visão de mundo retrógrada e fatalista.
Presta atenção:
futebol já era.
Presta atenção:
escola de samba já era.
Presta atenção:
o Brasil não deu certo.
Ninguém presta atenção em nada, as crianças continuam nascendo e eu acho que não há mais nada a fazer, tenho uma tristeza medonha, sinto um desamparo profundo, não há palavra, não há sorriso, nada pode contra isso
Presta atenção:
ainda não acabou.
o problema da felicidade
foto: paulo de tarso gracia
O problema da gerência da felicidade; o problema da gestão da felicidade; o problema da gestação da felicidade...
Permaneçamos infelizes então.
Não.
Deixemos de lado o "problema" da felicidade, ou o modo de encará-lo: "gerência", 'gestão", "gestação", são termos emprestados do departamento comercial, onde, evidentemente, não mora a felicidade.
Não se trata de obra de engenharia, de peça de marketing. Felicidade não fica em departamento, nem em obra.
A felicidade mora na filosofia, e, também, na sabedoria popular.
Eu tenho minha fórmula:
Sêneca e soneca
menos trabalho e mais poesia
Fazer amor a tarde
e todo dia.
Vento, sol, chuva, banho de lua
cachoeira, fogueira
fruta no pé
longas caminhadas madrugada adentro
menos correria
Menos orgulho, mais fantasia
rir de si mesmo
fazer batucada
não fazer cobranças
não esperar reconhecimento
ler um livro todo dia
e de manhã ao acordar
dizer:
Bom Dia!
O problema da gerência da felicidade; o problema da gestão da felicidade; o problema da gestação da felicidade...
Permaneçamos infelizes então.
Não.
Deixemos de lado o "problema" da felicidade, ou o modo de encará-lo: "gerência", 'gestão", "gestação", são termos emprestados do departamento comercial, onde, evidentemente, não mora a felicidade.
Não se trata de obra de engenharia, de peça de marketing. Felicidade não fica em departamento, nem em obra.
A felicidade mora na filosofia, e, também, na sabedoria popular.
Eu tenho minha fórmula:
Sêneca e soneca
menos trabalho e mais poesia
Fazer amor a tarde
e todo dia.
Vento, sol, chuva, banho de lua
cachoeira, fogueira
fruta no pé
longas caminhadas madrugada adentro
menos correria
Menos orgulho, mais fantasia
rir de si mesmo
fazer batucada
não fazer cobranças
não esperar reconhecimento
ler um livro todo dia
e de manhã ao acordar
dizer:
Bom Dia!
quarta-feira, 14 de novembro de 2012
nós não somos pássaros
Para onde vão os passarinhos quando chove?
Estarão de volta para os ninhos?
Sem cantar e sem voar a que atividade dedicam-se?
Como dormem, com o que sonham?
Por que cantam? Por que voam?
Para onde vão os passarinhos quando morrem?
a vida não cabe no bolso # 31
a cor do impossível da vida
matizes inclassificáveis
tons e semitons
nuances
o olho engana
acordo impossível com a vida
nunca sair dela
chega de altos e baixos
não mais armadilhas
o coração não aguenta
acordo impossível para a vida
chega de drama
ou vai ou racha
agora ou nunca
minha alma exige
terça-feira, 13 de novembro de 2012
it's perfect day # 2
das criaturas perdidas procurando retos caminhos
das faces sombrias que escondem sorrisos
dos rostos pintados nos ônibus em movimento
das mensagens ocultas nos lábios entreabertos
das boas notícias conversadas nas calçadas
da ousadia das velhas ideias
da energia da juventude esperta
da música erudita
dos amores impossíveis
dos dedos suaves dos pianistas
do cheiro de mato
da epidemia de felicidade
do verdadeiro sentido religioso
da magia da boa vontade
da alegria de ver os outros acertarem
do compasso dos passos dos namorados
das loucuras da paixão
do entendimento
das longas caminhadas
das conversas inadiáveis nos celulares
das poças dágua que refletem você
da beleza que vale a pena
da seriedade das crianças
do absoluto absurdo da vida
do irrefreável otimismo
do encontro de sentido
da solidariedade suprema
do intergalático entendimento
do impossível momento
do próximo passo em direção ao céu
da espera comovente da próxima bala
do eterno momento
de todas as milhões de flores nas calçadas
do passeio indolentes dos cães de muita idade
do rejuvenecimento no espelho
da lentidão da leitura de uma mesma passagem num livro
do almoço fraternal dos domingos
da surpresa de tudo isso
da força de desejar um dia melhor amanhã
da esperança que assim seja o último dia
it's a perfect day # 1
das criaturas perdidas seguindo retos caminhos
das faces sombrias que não esboçam sorrisos
das fantasias pintadas nos ônibus em movimento
das mensagensn ocultas nos lábios cerrados
das notícias plantadas na mídia vendida
da tirania das velhas ideias
da boçalidade da juventude careta
da música alta
dos preços impossíveis
da falta de tato
do cheiro fétido
da epidemia de autismo
do fanatismo religioso
da ausência de boa vontade
da alegria de ver os outros cometerem erros
do descompasso
do desamor
do desentendimento
do trânsito insuportável intransitável
das conversas banais nos celulares
das poças dágua nas vias esburacadas
da beleza que não vale a pena
da sisudez imposta dos idiotas
do absoluto absurdo
do irrefreável pessimismo
da falta de sentido
da miséria suprema
do intergalático sofrimento
do impossível momento
do próximo passo no patíbulo
da espera comovente da próxima bala
do eterno momento
de todas as milhões de bitucas de cigarro nas calçadas
das toneladas de bosta nas calçadas
do não reconhecimento no espelho
da lentidão de um segundo na internet
do engolimento do almoço
da repetição demoníaca de tudo isso
da falta de força de mandar tudo as favas
da esperança que esse seja o último dia
domingo, 11 de novembro de 2012
no mesmo lugar
quando eu te procurar
vou te achar
do mesmo jeito
sempre diferente
tudo muda
e você sempre fala
o amor está aqui
no mesmo lugar
sábado, 10 de novembro de 2012
você sabe eu não sei
você sabe
eu não sei
o que vai acontecer
aqui
ou em outro canto
talvez
passem anos
sem te ver
talvez
esse encanto
não esteja
de acordo
com seus planos
quinta-feira, 8 de novembro de 2012
encontro com famosos # 9 Antonio Marcos
Estava eu no inferninho, lá na Gabriel dos Santos, e tal e coisa e coisa e tal, com a turma do Mangue: Robson, Xexel, Lomar, Lôlo, Zinho, a Raul, Ana Rosa. Chega o Ronaldinho Quem-Quem:
- Mauricio, você não acredita quem pagou um par de cervas pra mim e pro Fernando! o Antonio Marcos!!! Tava ele e mais um tiozinho da TV.
O tiozinho da TV era o Lima Duarte, que fazia o Sassá Mutema.
Eu lamento até hoje não ter estado com Antonio Marcos, o poeta.
a porta
van Gogh
vanglória
vanguarda
vã filosofia
vagas
ondas
antimatéria
poesia
a loucura é a porta de entrada
e a única saída
quarta-feira, 7 de novembro de 2012
guerra em são paulo / a vida não cabe no bolso # 23
A cidade está se comendo.
E tem gente batendo palma
para os discursos, que pedem
mais polícia, mais armas, mais violência, mais aperto e
mais merda.
mais polícia, mais armas, mais violência, mais aperto e
mais merda.
Muito nervoso o bagulho,
a periferia em sofrimento.
A encruzilhada não é só dos exus e das
pombas-gira, tamos
todos nela, sem pedir licença.
todos nela, sem pedir licença.
Sem eira, nas beiras da
city, engolindo o veneno, o povo tá
se matando, o povo do salário de fome, do bico no açougue,
está se matando. Muito nervoso o bagulho: periferia em
sofrimento.
se matando, o povo do salário de fome, do bico no açougue,
está se matando. Muito nervoso o bagulho: periferia em
sofrimento.
A riqueza não é pra todos.
O consumo de lixo e derivados
aumenta, os economistas sorriem, mas a vida não cabe no
bolso, falta poesia e imaginação, transformar a dor em
arte.
aumenta, os economistas sorriem, mas a vida não cabe no
bolso, falta poesia e imaginação, transformar a dor em
arte.
Brasilândia, Capão,
quebradas de Itaquera, Itapevi e o lado
Heliópolis,Paraisópolis, Colombo, Real Parque, o abecedário
inteiro das favelas. Favela não cabe no dicionário. Quem tá
dentro não fala, os bicos de fora dão palpite.
Heliópolis,Paraisópolis, Colombo, Real Parque, o abecedário
inteiro das favelas. Favela não cabe no dicionário. Quem tá
dentro não fala, os bicos de fora dão palpite.
Toque de recolher na cidade.
O barulho das hélices,
tiroteios, crianças correndo, isso não
é uma novela de televisão.
é uma novela de televisão.
Qual é o nó? O laço entre
policiais bandidos? O vicio da
alegria de um frame? Duas baforadas, Red Label,
energético, “o que é isso tio”?
alegria de um frame? Duas baforadas, Red Label,
energético, “o que é isso tio”?
Marginalidade, miséria,
merda. Sonhos de melhoria de vida.
No consumo todos se igualam a vida não é para os fracos...
Vencer, competir, individuir.
No consumo todos se igualam a vida não é para os fracos...
Vencer, competir, individuir.
Carros em movimento, a
vida sob a perspectiva espaço
temporal das máquinas.
temporal das máquinas.
Como dividir o bolo da
riqueza? Redistribuição de renda?
Nunca foi distribuída. Eu sei que existe o líder servidor,
existe a brincadeira de roda, as canções de Paz, mas a força
dinamitadora da violência é de um entranhamento na alma
brasileira, que parece não ter adversário a altura.
Nunca foi distribuída. Eu sei que existe o líder servidor,
existe a brincadeira de roda, as canções de Paz, mas a força
dinamitadora da violência é de um entranhamento na alma
brasileira, que parece não ter adversário a altura.
O que poderá nascer para
combater a violência?
De todas as maneiras
muitos pobres continuarão nascendo,
pobreza e marginalidade correndo juntas, o espectro do
fracasso ronda o beco.
pobreza e marginalidade correndo juntas, o espectro do
fracasso ronda o beco.
A pobreza maior, de espírito,
dos burocratas, dos que
acreditam nas coisas de cima pra baixo, naqueles que
acreditam no próprio discurso de competência, continuarão
fazendo planos e fazendo.
acreditam nas coisas de cima pra baixo, naqueles que
acreditam no próprio discurso de competência, continuarão
fazendo planos e fazendo.
Os políticos continuarão
costurando acordos para os
programas de bangue na TV, o show deve continuar.
programas de bangue na TV, o show deve continuar.
Enquanto isso, enquanto
os acordos são feitos, os manos
tão morrendo. Até quando isso?
tão morrendo. Até quando isso?
Não tem fim.
move
a carne apodrece até desaparecer
a noite acontece sem o Sol
pois é assim que tem que ser
as coisas mudam
para que o ódio
a trapaça
e a intriga
passem
nós temos que nos mover
da situação mágica de ler um livro
quando eu como um pão
eu estou comendo um pão
quando eu digo não
eu estou dizendo não
quando eu leio um livro
eu estou fazendo muito mais que ler um livro
Assinar:
Postagens (Atom)