segunda-feira, 29 de outubro de 2018

hora crucial


em qualquer canto da cidade o meu peito se alumia de fogo vento e de outras velocidades
esparramo os versos em cantigas que as crianças ouviram de outra vez em outras ninhadas, aprendi com elas em outras jornadas
a mulher amada meu punhal sorri pois a sabe com os dentes a mostra pronta sempre para os beijos os afagos e disposta a luta sempre e antes todavia de mim e a seu reboque eu vou no galope da madrugada
enquanto as bestas se divertem e já inventam suas mais torpes desculpas eu vou de pique a pique ainda romântico um tanto blasé com meus chinelos de dedo meu pé descalço minhas botas sem cadarço, meu andar trôpego enviesado eu vou de todo o jeito em busca das praias selvagens que foram feitas somente para nosotros
nada mais há que me acabrunhe mais que a vileza dos meus semelhantes de todo de mim distantes
meu choro escondido aprendi na produção de uma vida inventada, mas muito longe da farsa, uma tragédia de poucas cores com uma pitada aqui e ali de pimenta e outras bombas
as hordas farisaicas empresto meu solidário escárnio meu sarcasmo e a certeza do vento, de novo, ao nosso lado

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