O
presente texto pretende refletir o teor do diálogo realizado com colegas das
disciplinas de Ciências Humanas (Filosofia, Sociologia, História e Geografia)
no 4º Encontro Presencial REDEFOR /área CHT.
Um dos objetivos do Encontro foi uma reflexão sobre a transformação do aluno de Ensino Médio em sujeito de sua formação, bem como as atividades de Cultura e Extensão Universitária poderiam colaborar com as escolas de Ensino Médio para se atingir esse objetivo.
Naquela
ocasião, como forma de orientar nosso trabalho, foram usados dois textos. O
primeiro deles de Wautier, com foco para a proposta de François Dubet sobre as
três lógicas de socialização. E um texto
sobre o papel da área de Cultura e Extensão Universitária, da Professora Maria
Arminda Arruda.
Na
presente atividade, foi nos solicitado responder a duas questões em formato de
proposta de ação no Ensino Médio, usando para isso a experiência do diálogo
realizado no encontro e a leitura dos já citados textos:
Como,
na Escola, consolidar o aluno do Ensino Médio como sujeito de sua própria
formação, mobilizando para isso a compreensão de que três lógicas de ação agem
na formação da identidade do aluno?
Poderiam
ações junto à comunidade local, a exemplo de ações de extensão e cultura,
favorecer esse processo? O que pode fazer a Escola para isso?
Segundo o texto, a experiência social
é o resultado de uma articulação aleatória entre estas três lógicas: a integração, onde o ator é
definido pelos seus vínculos com a comunidade, onde o externo é coercitivo, a
ordem é reproduzida, e existem papeis que são esperados de ser executados, não
acontecendo isso ocorre o desvio; a estratégia,
onde o ator é definido pelos seus interesses no mercado, aqui o máximo do
individualismo, uma perspectiva liberal, as ações soa um meio para atingir
determinados objetivos e a subjetivação,
onde o ator é um sujeito crítico frente uma sistemática de alienação, e em
determinado momento o ator toma consciência e da um passo além, assumindo
controle da própria vida. (WAUTIER, 2012).
São lógicas autônomas e não
hierarquizadas. São três lógicas, três tipos de explicação da sociedade, e
todos nos deparamos com elas, ao mesmo tempo. Porém emerge dessa leitura a
convicção de que entre elas seja imperativo que procuremos, para que haja um
mundo mais justo e solidário, a formação de um aluno crítico.
Na difícil tarefa de fazer com que o
aluno passe a ser sujeito crítico, surge a figura do professor, que busca ele
também ser sujeito crítico, assumir o controle de sua vida.
Para isso o professor deve ser
curioso, e despertar a curiosidade, saber que é necessário dominar determinados
conteúdos, que são imprescindíveis para poder formular hipóteses ou críticas,
ser ele mesmo um eterno aprendiz, buscar sempre o estudo, a leitura; permanecer
atento a importância das transformações de suas condições de trabalho, e dessa
forma estimular aos alunos que façam o mesmo.
Na sala de aula, durante sua prática
cabe ao professor a tarefa principal de não se constitui em agente autoritário
e propor ações que despertem a independência dos alunos e coloquem sentido
naquilo que acontece na relação ensino-aprendizagem.
Tais ações sugerem, entretanto, relações
individuais. “O” professor e “o” aluno conseguem, com muito custo e luta
assumir o controle de suas vidas.
Aqui ocorre, então, a necessidade de
expandir esse movimento, pois só assim ele poderá ser pleno, e isso deve ocorrer
através de ações junto a comunidade, através de ações de extensão e cultura.
A Professora Maria Arminda em seu
texto afirma que “o dilema da área de
cultura e extensão resulta de uma dificuldade de pensá-la para além da estreita
divulgação e da simples prestação de serviços e de atendimento de demandas,
mas, em especial, da necessidade de distingui-la do domínio do mercado”.
(ARRUDA, 2012).
A única
maneira de extrapolar o individualismo, ir além da proposta de tornar-se
sujeito da própria vida, é fazer isso junto a comunidade.
Na sua
crítica a professora Maria Arminda Arruda assegura que a universidade “não
cumpriria seu papel de formar cidadãos para o mundo em movimento, caso não
democratizasse e difundisse o acesso à cultura, êmulo da ultrapassagem das
profundas desigualdades sociais”. (ARRUDA, 2012).
Da mesma
forma a escola não pode cumprir seu papel de difusor da cultura e
transformadora da sociedade, se ela não ultrapassar os muros e buscar
integração e articulação junto a comunidade local, promovendo ações que
discutam o valor da independência e de uma consciência crítica do mundo.
Bibliografia:
ARRUDA,
M. A. Políticas Públicas de Cultura e Extensão Universitária (págs. 9 a 14).
Disponível em:
http://www.prceu.usp.br/revistausp4.pdf. Acesso em: 4 set. 2012.
WAUTIER,
A. M. Para uma Sociologia da Experiência. Uma leitura contemporânea: François
Dubet.
Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/soc/n9/n9a07.pdf. Acesso em: 4 set.
2012.
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