sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013
esticar a carne no varal
ascender ao patíbulo com as mãos em apelo, chamando...
derramar a cabeleira em sua volta, deixar partir, quem sabe o que fazer?
acender uma lâmpada, esticar uma brasa, o foco do raio
laser
crispar os olhos como a única ação possível
chorar de mentira, lágrima carregada pela ventania
sempre sorrindo, sempre sorrindo
mesmo com a maquiagem toda esboroada
as unhas cortadas rente
feito uma funcionária bem comportada
subir ao quadragésimo andar de joelhos
esparramar-se sorrindo
plasmar-se ao vento
achar uma seda na inundação
sair correndo nua na Consolação, gritar seu nome, estourar um beck no túmulo da berenice
correr, correr sem peio
como da última vez no Méier, antes da chuva, depois da
colisão das nuvens
escutar esses discos que só você gosta, estender os fones, tudo pra você
discutir a genialidade imbecil de Wittgenstein, picar os
textos, picotar o ventre
rasgar o peito
defumá-lo
por tudo pra fora, esticar a carne num varal
mas você não se toca
você não vem
você nunca vem aqui
tão inútil meu grito e minha beleza
que eu até sorri
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