quinta-feira, 7 de novembro de 2013
de repente surgiram flores
de repente surgiram flores
esse tempo, enorme, muito tempo, que a árvore foi um esqueleto, firme, mas sem força ou graça e
de repente surgiram flores
de onde eu estava o que se via era a palidez impressionante da beleza sem vida, da ausência de cor e sabiá e
de repente surgiram flores
nada como a surpresa do náufrago ao avistar e
de repente surgiram flores
como a canção ouvida da boca faminta e
de repente surgiram flores e
ouvi a verdade da boca da cigana e
de repente surgiram flores
nada como um peixe que sem saber, nada.
de repente surgiram flores
e no mais a saudade não aumenta.
de repente surgiram flores
e tudo que eu quero é voltar pra cima.
de repente surgiram flores e
eu pianinho na madrugada.
de repente surgiram flores
ouvi os passos pela janela entreaberta
mas não era ela, não é ela, nunca foi ela.
de repente surgiram flores
e, e, e
o mesmo banco imundo
os mesmos bêbados no boteco estraçalhado
a mesma espera inútil
a mesma tarde sem graça
sempre o eco dos gritos das crianças alienadas
a repetição monótona de tudo
a falta de razão
o amor adormecido
o coração embotado
a face amarrada
a ausência de tato
os olhos grandes cansados, mas
de repente surgiram flores
e a árvore cansada
trará,
afinal que importa o futuro?
de repente surgiram flores
e no mais, Hindi Zara.
de repente surgiram flores
estão todos voltados para elas, mesmo que não as vejam, mesmo que não saibam delas.
de repente surgiram flores e
a vida segue mesmo contra a vontade dos insanos.
de repente surgiram flores
e no mais é quase tudo
que irrompe e,
trágica esperança
- são somente flores meu camarada,mas escorre uma lágrima.
de repente surgiram flores
e no mais é quase nada.
de repente surgiram flores
maldita esperança que me arrasa.
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A cigana me falou das flores!
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