Domingo eu gosto de ir a padaria, é uma tentativa de encontar algum conhecido da minha Bela Vista. Hoje encontrei três ou quatro. Não tinha pão de manteiga que a Lu adora. A Camões ainda tem o melhor pão francês daqui. Café com leite e pão com manteiga, uma iguaria para mim.
Depois do pão a igreja.Madonna Achiropita, San Giuseppe, Gesu Bambino, a missa estava concorrida. Entrei na Igreja e ela estava lotada, era a hora do cumprimento. A Achiropita lotada e a primeira pessoa que encontro é um velho conhecido,mais de trinta anos de vizinhança. Ele saiu aqui de baixo e agora mora num ótimo apê no Morro dos Ingleses. Merece, trabalhou muito, sempre foi sério, nunca se envolveu com a bandalheira das ruas.É uma pesoa adequada ao mundo, certinha. Uma vez numa formatura ele tomou um copo de cerveja e passou mal, ficou por ali. Eu estava numa mesa ao lado e estava encharcando, sambei ao meu jeito italiano e fui chegar em casa dois dias depois.
Ele me faz a pergunta do título, perscrutando cada movimento á procura de algum sinal da minha santa ironia, procura ver se eu estou virado, quer saber como eu estou.
Aqui no Bixiga vigora e vigorou o clientelismo, Brasil Vita e Delfim Netto, Maluf, Serra, são os candidatos do bairro.O conservadorismo é a regra. Conservar?
Mas temos a União de Mulheres, a sede da UMES. Há trinta anos o mundo era outro.Existia um grupo nem um pouco coeso de gente do contra, a favor de um mundo melhor, mais justo, onde o lobo e o cordeiro vivessem em harmonia...Eu estava nesse grupo, do lado de fora, mas estava.
Alguém que é contra o racismo, contra a homofobia, a favor dos direitos individuais, da utopia, da ousadia de querer outro mundo - e que expõe isso aos berros - fica taxado de maluco, de comunista e de petista.E essa é minha fama.e o PT foi uma boa oposição e aglutinou diversos setores do contra, ou á favor da mudança.Mas falta criatividade, falta a imperiosa e necessária vontade de mudar tudo.Criar ass condições para que a Civilização Brasileira vingue. Vingeu os escravos, os indios, vingue a terra estuprada.
O acordo com kassabinho é o fim, é o fim.
De novo e mais uma vez, eu digo: eu nunca fui do PT, nunca fui militante. Não gosto de trabalho, de sindicalismo, de igrejinha. Eu sou do contra, eu estou do outro lado, eu não sou daqui.Eu sou o Mauricio Loko.
- E aí você ainda é do PT?
- Não, eu saí.
- Pô, agora que ficou bom você sai?
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