quarta-feira, 14 de março de 2012
aquele cãozinho
Aquele cãozinho.
De olhar triste e desamparado, seguiu-nos por quatro quadras, descendo e subindo o vale da Saracura. Nos acompanhou até a porta de casa.
Provavelmente machucado, estava sujo e descarnado,mas sorria.
Estava dormindo quando o enxergamos. Quando nós passamos ele levantou e veio atrás da gente. Plec, plec, as patinhas nós ouvíamos, naquela noite linda, em que a brisa soprava, fazia calor e havia estrelas no céu.
Saímos da faculdade, Mãe África o curso que fazíamos, e estávamos com a cabeça cheia de boas ideias, nos amando cada vez mais, em profunda reverência mútua, às pessoas, a memória e ao futuro, e as pessoas nas ruas Augusta, Paim e Treze de Maio estavam se divertindo, bebendo e cantando.
Chegamos em casa fechamos a porta, o cachorrinho nos olhou pela última vez, nós choramos e nunca mais aquele cãozinho nos deixou.
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Será um presente dos deuses conseguir ser tão fiel a um fato e captar o que não conseguimos dizer? Como vc consegue isso tão bem?
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