domingo, 10 de junho de 2012

Por que sempre chove em São Paulo nos feriados?







Talvez seja uma maldição...

Na terra do trabalho, o lugar que a legenda “tempo é dinheiro” foi transformada em lei, a locomotiva do país, o non ducor duco, toda uma série de estereótipos infelizes abraçados por tantos sem qualquer reflexão, existe a sensação de que sempre chove no feriado.

As reflexões, uma pausa para a meditação, ou a contemplação, são outras coisas que não são especialmente valorizadas pelo senso comum em São Paulo.

Valorizar o conhecimento, é romper a legenda, ir além do estereótipo, ultrapassar os limites da cidade, criar uma ponte para a ilha.

A ilha de conhecimento é a Universidade de São Paulo, isolada do resto da cidade, voltas e voltas em torno dela mesma...

A ciência, e o conhecimento, não podem ficar isoladas, restritas a poucas cabeças, e a repercussão dos resultados das reflexões devem chegar a todos.

Tudo isso, isso posto, segue o link:  

http://www.geografia.fflch.usp.br/inferior/laboratorios/lcb/az/TA016.pdf 

Artigo do professor Tárik de Azevedo, Geografia USP, que escreveu um texto sobre a sensação corrente que sempre chove nos feriados em São Paulo.

Tárik faz parte da nova geração de professores, que veio substituir os totens, Carlos Augusto Figueiredo Monteiro, Tarifa, entre outros, que carregaram o Laboratório de Climatologia durante anos, buscando verbas, trabalhando longe das melhores condições e aparelhos, desenvolvendo alternativas para os baixos orçamentos.

Tárik acrescenta aos trabalhos anteriores, do mestre  Monteiro  e de Tarifa , novas “evidências que corroboram a hipótese de que o ritmo das atividades humanas... é determinante nos processos que ocorrem na baixa troposfera” .

O artigo reúne todas as boas qualidades que são necessárias para a difusão do conhecimento. Partindo do senso comum, das ideias desenvolvidas em elevadores e ônibus, o autor utiliza o conjunto organizado de conhecimentos desenvolvido pelos mestres do Laboratório de Climatologia da USP, avançando, inclusive acrescentando metodologia nova, e chegando a conclusões que reforçam a hipótese da ação antrópica como modificadora dos processos naturais.

Hoje, domingo, não choveu. Com o feriado na quinta-feira a atividade humana diminuiu na cidade de São Paulo,dessa forma a hipótese de Tárik está correta.

Para que não chova nos feriados e aos domingos devemos romper com a maldição do trabalho, diminuir o ritmo da produção diminuir o consumo, promover atividades lúdicas e prazerosas e principalmente, contemplativas e vagabundativas -  inúmeras vezes afirmei que minha atividade predileta é ver a grama crescer. 

Promover a ciência e o conhecimento, criar novas pontes para que o conhecimento, a produção dele, não fique restrita á Cidade Universitária, nem às Universidades, é outra tarefa necessária.

É necessário criar, criar muito, pensar demais, desenvolver meios melhores de viver aqui na Terra.

Fugir da atividade febril e fabril, fugir do estereótipo, fazer  a Geografia servir para alguma coisa.

A ciência se aproxima das ideias de elevador,menos trabalho, a maldição é vencida, então hoje é um domingo de Sol.

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