segunda-feira, 4 de junho de 2012

Qual a solução para os problemas africanos?



twin seven seven

Muito se discute sobre quais as razões para que exista miséria, fome e toda uma série de desgraças e doenças na África.

As afirmações racistas devem ser combatidas firmemente, e a elas deve-se dar punição correta e justificada pela verdade de que somos todos iguais, não havendo diferenças entre os seres humanos.

A explicação de que as dificuldades da atualidade têm suas raízes em disputas tribais cai por terra com o estudo do inicio do processo de subdesenvolvimento africano. Quando o colonizador chegou dividiu, para dominar. Construiu uma configuração artificial, não respeitou as etnicidades, e manipulou-as. Com a saída do colonizador os grupos continuaram manipulando os grupos étnicos, estimulando guerras civis com a intenção única de chegar ao pode e lá locupletar-se. É sabido também que os ex-colonizadores, na forma das grnades empresa multinacionais, continuam manipulando os dirigentes para manter suas vantagens.

Excluída a alternativa preconceituosa e a do senso comum, emerge a possibilidade de procurar na História, no encontro das civilizações ocidental e africana, e no desenrolar desse processo, as raízes para os seculares problemas e os percursos para suas soluções.

Com o fim da colonização, o africano tinha toda uma estrutura montada na administração, nos modelos econômicos, mas era uma estrutura voltada para a exportação de país colonial. Encontrar um novo papel para seu país foi um grande desafio para os jovens países livres africanos.

Com o fim da colonização havia a insuficiência de quadros técnicos, de pessoas com formação superior, e de pessoas experientes e com conhecimento de como governar. A colonização deixou muitas marcas, mas principalmente deixou marcas na alma africana.

Frantz Fanon, psiquiatra e ativista estudou a psicopatologia da colonização. Em seus estudos relatou casos de esquizofrenia, personalidades cindidas, divididas entre o papel que o colonizador disse que era dele, realizando uma dominação psíquica, não sendo demasiado a expressão lavagem cerebral.

Os problemas que ocorrem na África são fruto desse processo histórico, que ocasionou o rompimento do modo de vida africano.

Esses problemas serão solucionados com o apoio de todos, promovendo uma mudança no que deu errado, alicerçado em base tradicional africana. "Há certas tradições que não merecem ser celebradas" lembrou o príncipe Hamlet; dessa forma nem toda tradição é positiva. O que precisa ser valorizado na tradição é a vida, o equilíbrio e o bem estar de todos, mulheres, velhos e crianças, do ser humano e de toda forma de vida.

Talvez tenhamos chegado num grande impasse. É possível que o modelo capitalista tenha chegado a uma encruzilhada e exista outra possibilidade de mundo, diferente do proposto pelo capitalismo.

Um resgate da sabedoria ancestral, o retorno a uma visão de mundo que propugne o equilíbrio, associado a modernas técnicas não agressivas e apoiadas a um compromisso ético com a vida pode ser usada na África, para a emancipação dos povos e bem estar de todos.•.

As sugestões para a solução desses problemas sugere sempre a interferência de organismos financeiros internacionais, o apoio de ONGs, um olhar de fora, ainda o olhar do colonizador, para os problemas africanos. Os problemas da África superam o território africano, são problemas da humanidade, mas precisamos de um novo olhar.

O texto ”Construindo alternativas: a produção agroecológica através da Mandala”, de Valéria de Marcos, professora de  Geografia Agrária da USP, é um exemplo disso. É uma pesquisa sobre alternativas para a produção agrícola na ótica do desenvolvimento local autossustentável.

As práticas defendidas no texto são métodos alternativos de agricultura em respeito ao ambiente, utilizando a permacultura e a agroecologia.

Usando como exemplo o processo de organização e funcionamento da mandala em assentamentos no Brasil, a autora destaca aspectos relacionados ao cultivo, rotina de trabalho, viabilidade econômica e forma de escoamento da produção.

O Brasil é muito próximo da África, nossos problemas de desenvolvimento, ou falta dele, de corrupção, são similares. Devemos ampliar os processos cooperativos; muito temos a aprender uns com os outros.

A África deve deixar de ser continuamente um laboratório de atrocidades, e transformar-se num lugar de novas possibilidades de valorização da vida. Olhar os fenômenos de dentro, compromissado com a vida e amparado pelo conhecimento, é uma saída honrosa para enfrentar os problemas na África.

Nenhum comentário:

Postar um comentário