quinta-feira, 21 de junho de 2012
a vida
você sabe o que é a vida
enquanto você lê as notícias na banca de jornal sobre os crimes passionais onde o amor nunca esteve presente
e algumas notas sobre os bandidos que corrompem bandidos sequiosos desde a juventude pelo momento de serem corrompidos
e vê as fotos sobre a decadência fisíca de astros de televisão que acreditaram que eram astros por possuírem o padrão fisíco daquele momento em que foram astros
sobre tudo isso, em cima da banca de jornal,
um passarinho fez um ninho.
você esquece as notícias
tropeça naquilo que você chama mato, que vai se transformar em flor, e deve ter um nome catalogado talvez por Lineu
esse projeto de flor encontrou uma brecha, arrebentou o cimento da cidade para encontrar o Sol
que você também busca nessa segunda-feira nublada quase inverno
enquanto você procura entre o milharal de carros uma saída para o outro lado da rua
seu olhar cruza o olhar do rapaz de corte de cabelo militar que fuma sofregamente um cigarro e não sabe lhe sorrir
o Sol brilhou no sorriso do rapaz que toda manhã te vê passar do balcão do bar onde ás vezes você compra cigarro, mas você hoje não comprou cigarros
está apressada angústiada com a agenda da semana
as centenas de planilhas te esperam, tudo aquilo que ficou acordado, planejado
será executado, vai acontecer
as reuniões da secretaria que você não ficou sabendo
aconteceram
tudo foi um sucesso e logo mais ás onze horas vai acontecer outra reunião
os comunicados foram enviados
tudo ainda está de pé
o telefone toca mais uma vez
tudo está encaminhado
a aranha que caiu da teia durante uma rajada extraordinariamente forte durante a madrugada voltará a tecer seus fios
demorará a tarde inteira para subir até a janela do sexto andar, onde está a teia dela,são centenas de teias, ela terá que encontrar o caminho que ela mesmo teceu
a teia dela fica na sua janela
onde está o seu lugar de enxergar o Sol
que hoje apareceu somente no sorriso do rapaz do balcão que te viu passar
mas na janela, o que você poderia enxergar são
muitos pingos da chuva de diversos tamanhos
alguns definitivamente grandes
que seguram-se ou mantem-se ou equilibram-se ou permanecem ali
nos galhos das árvores
tudo passa tão rápido nesse dia tão comprido
logo você vai embora e hoje não verá o Sol
pois o rapaz do balcão vai embora antes de você passar de novo perto do bar onde hoje você não
comprou cigarros
- é melhor parar de fumar
você procura andar rápido para pegar o ônibus que te leva de volta para casa e pisa em cima do mato, então aquele mato nunca será flor
e o passarinho deixou o ninho que fica em cima da banca de jornais que aliás já está fechada
mas você não iria olhar mais nada ali
você corre para descansar e sonhar com o trabalho
as centenas de planilhas, a agenda, tudo que aconteceu e vai acontecer
tudo que ficou acordado, tudo que tem que acontecer, você só pensa em dormir
sozinha em casa você procura um cigarro na bolsa
mas não há cigarro, não houve Sol, não houve sorriso
eu não sei o que é a vida
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