quinta-feira, 29 de setembro de 2016


domani, um lugar que eu amo

mendigos na paulista


uma multidão de vagabundos e loucos, mulheres com o sétimo mês de gravides de mini saia fumando tocos, um monte de malucos do mal na paulista, pedindo comida,revirando lixo, se jogando em cima das pessoas, gritando e rogando pragas, pedindo e pedindo.
psicopatas no último degrau da sordidez humana.
agradeço ao meu pai e minha mãe, aos meus irmãos, e ao meu anjo da guarda; não fosse eles eu provavelmente estaria entre os malucos mendigos da paulista

comando da madrugada.


Aconteceu uma coisa maravilhosa na minha vida: eu vi o o dia amanhecer, tinha 13 anos. Na semana seguinte, craro cróvis, chamei meu mano Marcio, então com 9 anos, para fazer o mesmo: esperar o sol nascer. saudades da Chelo que sempre esteve junto,

#doisvelhosamigos

- qual é o plano?
- o plano é ser feliz.

madrinha emilia


Por algum mistério, ainda bem que existem mistérios, a mão dela permanecia jovem. Apesar do sapóleo, da palha de aço, do carvão, de tudo o que já teve amoníaco, da lenha carregada, do eito, dos 94 anos, a mão permanecia jovem.
E o rosto? O rosto também. Mistério, nenhuma máquina pode vir a responder o mistério. Mistério,o rosto esticava com o tempo. Como uma máscara japonesa, como a tarde na praia, o adeus no portão, o amor da madrugada e um sem fim de coisas belas, o rosto esticava e ainda era belo.
Mas o corpo capengava. Pendia prum lado. Hirto, empedrado, sem sofisticação. Primeiro uma bengala, depois a muleta, agora, derradeiramente, cadeira de rodas.
- Vó, não tem mandinga que cure?
A Vó curava, com reza, chá e benzedura. Mas para ela, agora, não.
- Vó, não tem mandinga que cure?
Ela nem desconversava, olhava daquele jeito de olhar no fundo da gente, com jeito de sabe-o-mundo, aquele jeito de aceitar o fardo, a impassibilidade estoica da madrinha.
Dezesseis filhos, sessenta e quatro netos, vinte e três bisnetos, oito tataranetos. Uma criança a caminho, sem jeito de nominar, que ainda não inventaram nome para criança depois de tataraneto.
Da bisavó escutou estória do cativeiro. E das rezas, das benzeduras e chás.E da mandinga, que vence tudo.
Minas, Depois a Casa Verde, a Barra Funda.
O trabalho, em tanto lugar. Casa de Família, Fazenda, Escola, Clube Militar. Até poço cavou. E fábrica de tecido. E de Cigarro. Vassoura, Máquina de costura, Tear.Se falasse que tinha cozinhado em cima do caixotinho pra alcançar o fogão acreditariam. Madrugou na fila do racionamento em 32 e 44. Trabalhou para o Matarazzo e para o Jafet.
Criou filho dos outros. Criou os filhos dos filhos e os netos dos netos.
- Vó, não tem mandinga que cure?
- Cansei.

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

é preciso esquecer



é preciso esquecer

a memória é duvidosa
e tudo é incerto
equívocos sobre equívocos
tanto caso desnecessário
palavras erradas
caminho opaco
paisagem inútil
conversas supérfluas
papo errado
tanta coisa desnecessária
é preciso esquecer
é disso que eu me lembro sempre
eu daria toda minha inocência para ter minha inocência de volta

terça-feira, 13 de setembro de 2016

ontem , parece que



hoje eu não tô pra mim
coisa que se sente
quando não se está
não se, 
enfim.

foi em qualquer lugar que eu li
sobre os acidentes em paris
acossado aqui e ali
uma porta
um mundo cheio de.

ontem parece que eu caí
mas, tanto que
seus longos cabelos esqueci
quebramos tudo
mas e aí?

como a poeira que o sol trouxe
logo que.

saudades de arroz com pequi
quatro e quatro, doze
de novo o verso
reverso de tudo que eu quis

sertão jovem tudo a queimar
por ti, por ti.

esse piano, esse mar de grumari
as ondas, tudo vindo em gotas
bem casados
bicicletas deixadas por todos os cantos
aqui e ali.

os livros deixados
esperando esperando
oh, oh mercy
quanta dúvida por aqui.

domingo, 11 de setembro de 2016

a borboleta pousa fatigada


definitivamente
nesse preciso e prezado momento em que a folha dobra e a gota cai
ao anúncio dos ventos que trazem tantas más notícias
fogueiras e ausências de encantamentos
minas secas, cadáveres ressurgidos
em oposição a tudo, tudo
tudo que se transforma e esboroa
a borboleta pousa fatigada
tudo assim tão longe do exato e do sem exagero
tudo sem mistérios nos alto-falantes e gravadores
tudo tudo tudo
tão bem decorado e certo
tão anti-estético, não belo
sem brisa, ausência fatal de loucura e de precipício
conversas com surdos, discursos sem estratégia ao inimigo
tudo tão somente
tão somente o convite ao suicídio
em silêncio
a borboleta pousa fatigada
agora
nu em pelo
atrapalhado pela memória de uma milhar de porres e quase overdoses
a cabeça cheia de problemas ainda insolúveis de papai e vovô
na perenização escandalosa desses instantes
na repetição de tudo o mesmo
na completa ausência de jeito
no desengano
sobre o meu desespero
a borboleta pousa fatigada
nos gritos contraditórios cada vez menos eloquentes
nesse balançar de bandeiras
na formação de novos guetos
do apego apego apego
a borboleta fatigada
definitivamente agora
sem mais para onde ir
longo adeus, sono eterno,adeus amada minha
a borboleta pousa fatigada

quinta-feira, 8 de setembro de 2016


cuidado com ela
lá vem a leoa banguela

vem noite, vem e traga
meu trago, 
um vago pressentimento
onda que não vai quebrar
vem-me trazer noticias
que algo de bom vai rolar

nós vamos mudar de ideia

vida selvagem




assisto documentários sobre a vida selvagem.
o leão vai devorar os mais fracos,os doentes, os velhos, fazer o que ele nasceu para fazer; vai arregaçá-los, destroçá-los, destrinchá-los,esquartejá-los, reparti-los, cortá-los,rasgá-los,loganzá-los,, etc. o resto é mimimi.

tchau



nosso pequeno reino de amor
desmoronou,ruiu, acabou, overall.
peça a peça,xeque-mate, rock'n roll;
tudo foi legal, mas se foi, já era, foi mal.
agora outra praia, outro castelo
próximo vinagre, acridoce, mel com limão
lafayette afro rock, sal do himalaia,
quadril esperto, onda, outro violão
é a vida, tudo tão incerto...
quem sabe, anúncio de encontro
no ponto futuro, em outro carnaval.


sou um cavalo manco, mas sou um cavalo

meu corpo é triste




meu corpo é triste

sufoco-me risos, gozos, destinos...
são cortes profundos, memórias ceifadas
colheitas apodrecendo;
e no entanto ainda canta

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

#doisvelhosamigos


-tomara que eu morra antes de você... carregar seu caixão não vai ser fácil...
- pra mim também não vai ser fácil carregar seu caixão ...você acha que vai morrer pesando quantos quilos?

sexta-feira, 2 de setembro de 2016




faz tempo 
que eu não tenho um deja vu
que eu não corro até aí
que eu não sei de ti
faz tanto tempo
nem aí


crânio rachado, fumaça
o morto não pode nada
olhos vazados mirando
o futuro que não há
a bagaça toda arrebentada

os miolos aos pombos
o pau duro, mudo
o corpo não pede 
água
não pede nada

mas eu choro pelo leite derramado

não vai ser um derrota que vai me derrotar

eu me enganei a vida inteira
eu me engano desde a manhã do primeiro dia
doce engano que me faz continuar a continuar

#doisvelhosamigos

- eu não entendo por que você se importa... você não é negro, não é viado, que eu saiba, é paulista, de classe média... você tá ocupado com isso por quê?
- por quê gente é mais que a casca de uma ferida.