quinta-feira, 26 de agosto de 2021

quem nunca raramente sempre ?



quem nunca raramente sempre ?  
recolheu-se a ostra
e mais uma vez recomeçou a recomeçar
e raramente nunca sempre 
fez do casulo uma nova casa 
e recomeçou a recomeçar? 

sábado, 21 de agosto de 2021

o que eu sei não está



o que eu sei não está nas ondas do rádio
onde não cabe levitação ou espanto.
não sei de nada das notícias,
velhos trapos estropiados sem razão,
que nem mais servem para embrulhar peixe
e sem uso são vendidas para fazer a cama dos pets.
em algum momento de tudo isso
as palavras foram tomando outros sabores
bocas que não irei beijar e de que nunca saberei o gosto.
tudo tão pesado
meus movimentos tão distantes de tudo
e para muito além de tudo isso
nada mais sei sobre você

quarta-feira, 11 de agosto de 2021

esse bicho, o humano



esse bicho é o humano
mente e inventa castelos maravilhosos
rouba e dá de comer aos filhos
mata por paixão
escala uma montanha pelo prazer de lá em cima dizer: cheguei!

esse é o humano
que divide um osso com um cão
que chora ao ouvir um poema
que ri da própria desgraça
que esperneia e não é reconhecido

esse bicho, o humano,
que nada, voa, vai ao espaço e à região abissal
pensa e não diz
diz o que não pensa
trapaceia
passa fome
espera a primavera
bebe água da chuva
dança
se engana e enganado engana outrem
o humano do Deus e do diabo
do fogo e da água
é meu bicho favorito
e a ele eu digo
Amém

oh, ausência de razão



quanto mais eu penso
oh, ausência de razão
mais te alcanço