segunda-feira, 30 de julho de 2012

no Brasil não existe racismo





morava numa  favela
era um marginal
falava mal
comia lixo
não entendia o que estava escrito
jamais seria um doutor
se lesse estatísticas saberia da probabilidade de morrer  antes dos 25 anos
saberia o número de negras que não recebem anestesia no parto
saberia o não  número de negros nas universidades
muitos números ele poderia ler se soubesse ler números
tudo isso não é nada:
era negro e não sabia

domingo, 29 de julho de 2012

maudri





é do jogo de armar
cair levantar


é do caminhar no arame
ultrapassar o liame


nada diferente da vida da gente
recomeçar adiante



sexta-feira, 27 de julho de 2012

dersu uzala

                                    emanuela lucaci

quando penso em amor a vida
especialmente lembro de Dersu Uzala
o jeito paciente de seu caminhar
a maneira como ele maneja o arco
a integridade absoluta de seus atos
demonstra que o trabalho
não é coisa para ganhar dinheiro
é o jeito de viver a vida

medo de amar - nana caymmi




                             medo de amar- vinícius de moraes


meu coração cético
escuta Nana
e deixa de duvidar

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Coerência da política nuclear brasileira


A  política de estado brasileiro em relação ao uso da energia nuclear é um tema que costuma despertar discussões acaloradas marcadas por posições excludentes.

Os setores que condenam o uso da energia nuclear, e afirmam existir incoerência política do Brasil nesse aspecto, desconhecem as aspirações brasileiras no cenário internacional, e seu desejo de manutenção de soberania.

Esses grupos, que criticam a posição brasileira, podemos chamar de ”ecologistas”. São aqueles que através de números afirmam não ser necessário o uso dessa tecnologia no Brasil pela oferta hidroelétrica, além da possibilidade de uso das ditas tecnologias alternativas - eólica, solar, etc.

Outro fator importante na argumentação desse grupo é o risco que as usinas nucleares representam vide os acidentes de Chernobyl e Fukushima.

Os ecologistas, com seu discurso de conservação da natureza, mantem-se por diversas vezes alheio á temas da política internacional, como o da pressão para a manutenção da posição hegemônica dos EUA no cenário internacional.Pressão realizada através de guerras, corupção, lobbies, tratados, etc.

Setores que podemos chamar de “nacionalistas” defendem o uso da energia nuclear como estratégico para o país.

Entendem que o domínio da tecnologia nuclear é fundamental para fazer frente ao domínio americano, e indo além fazem projeções sobre uma futura demanda por energia nuclear.

O Brasil possui a sexta maior reserva de urânio do mundo. Outros países, como a Índia e a China, não dispõe, ao contrário do Brasil, de recursos hídricos, ou eólicos e solares, e mantendo-se o atual modo de vida no planeta dependerão de urânio para o uso de energia elétrica.

O caso brasileiro, de ser signatário de tratado de não proliferação de armas nucleares, mas possuir a capacidade para tanto, não é isolado. Outros países como Itália e Canadá, não construíram armas atômicas, mas seguem, como o Brasil, desenvolvendo pesquisas nucleares e utilizando energia nuclear para fins pacíficos.

A diferença entre os países citados, Itália e Canadá, é que o Brasil é um país de periferia, que na busca de manter sua soberania e inclusive buscar uma atuação hegemônica no cenário mundial, não pode abdicar de um conhecimento estratégico como o do ciclo de enriquecimento de urânio.

A posição brasileira com relação à energia nuclear  -anterior até ao acordo Brasil e Alemanha que proporcionou a criação da Usina de Angra dos Reis - não revela mudanças significativas nas últimas décadas, mantendo-se dessa forma coerente, fiel a determinados princípios que buscam um papel de maior preponderância no cenário interncional.

23 de julho



tons violáceos no céu
acordes de sol do primeiro movimento de Haydn
hoje o dia amanheceu assim


        amor sem suor é amor sem sal

pressinto muita coisa



                                       luiz avelima

eu pressinto muita coisa mas não sinto quase nada
na antesala da alvorada
ficou presa uma lágrima

domingo, 22 de julho de 2012

Por uma vida menos ordinária #78

Lá como cá,

indigestão.

http://renatopompeu.blogspot.com.br/2012/07/eua-policia-mata-um-negro-cada-36-horas.html#.UAwK-ElFuGo.facebook

O massacre a qual a população negra é submetida aqui no Bundão, ou Bananão, é o mesmo de lá.

Ao destino do balcão ou da faxina apresenta-se a iniciativa de agir contra o patrimônio. Ou fazer o jogo da classe média e tornar-se mais uma pecinha da engrenagem dessa grande bosta que é a vida civil brasiliana.

O caminho da arte é o caminho. Porque é o sangue e são as vísceras postas a funcionar.

Por isso o uso do corpo, do sopro, do pau, da bunda, da ginga, do chute colocada, ás vezes na cara, tiririca capoeira, é o caminho natural, mas deve-se romper com o status quo, inventar um novo corpus. Para existir.
Para existirmos enquanto civilização.

Mas no Bundão, como sabemos não existe racismo; o que existe é entrada de serviço, cabelo ruim e uma gente vagabunda que não corre atrás de nada. E ai daquele que reagir, esse será o maldito.

Por quê eu falo essas coisas? Para humanizar o ser humano e poder me reconhecer como humano. Para escutar o que estou falando eu grito.

Pois é preciso um novo mundo, impreciso é como fazê-lo. Mas é o que temos, a vontade de um outro mundo. 


os prédios são caixas registradoras
contabilizando as mercadorias
outrora gente

as pessoas são encaixotadas
pela conveniência própria
que aceitam sem regatear

vende-se tudo vive-se nada

o que me interessa
é tudo que não passa pelo departamento comercial

quarta-feira, 18 de julho de 2012

curviana




quando sopra a Curviana
não me lembro da Roxana
pois o poeta já nos falou disso

quando sopra a Curviana
minha alma de fogo
me lembra que eu existo

quando sopra a Curviana
não é a lembrança das velas infladas
mares que eu não naveguei
ex namoradas, que eu não tive
quando sopra a Curviana
desculpe poeta
meu peito inflama

sentir-me vivo
plenamente vivo
o fogo a queimar-me
as ventas
vivo
quando sopra a Curviana

no meio da viagem




estamos no meio de uma viagem
que não tem começo nem fim
o que acontece é
como um sonho
brevidade jiló arroz integral ou quindim
sal amargo
pra quem fez a opção ruim




a saudade é um buraco sem fundo



chamemos rito de passagem
a noite do dia do homem comum
que descobre com o frio
a importância do outro

terça-feira, 17 de julho de 2012

destino clandestino




muito familiar
diante do mar
querer voltar

a certeza porem é intestina
minha cabeça
sempre vai estar fora do lugar


será ?

se não é minha
essa sintaxe
que insiste colocar
essa sintagma
no meu falar...

um bando de gente aqui está



fecho as cortinas

sois vós que não escuto
e me arremessa
a um futuro impreciso

sem pestanejar

muitos Sóis a iluminar
um arremedo 
de passado precioso

e o barulho intenso

nesse presente
sem sentido
arremete medo

nunca foi tão necessário caminhar



domingo, 15 de julho de 2012

a rose morreu

                                             dos alunos da yara lee


a Rose morreu.
Eu fiquei sabendo ontem.
Eu não tenho nínguem para falar que a Rose morreu.
A única pessoa que eu poderia falar  que a Rose morreu era o seu Remy, mas o Remy, meu amigo Remy, morreu também.
Aos domingos o seu Remy ligava para mim, conversávamos, quero dizer, ele falava às vezes por 30 minutos. Apesar da diferença de idade, ele podia ser meu pai, e dele ser de direita e eu de esquerda, éramos amigos.Eu gostava muito do seu Remy.
Eu não conhecia a Rose direito, nem o seu Remy - eu não conheço nínguem direito, nem a mim mesmo.
O que eu sei de mim é que eu não  gosto do fim das coisas, ou de como as coisas terminam, ou melhor: eu não sei teminar as coisas.
Eu sei começar. Eu quebro o gelo, eu sou um picareta. Eu quis ser um picareta.
Embora nínguem conheça a Rose, o seu Remy, ou eu: o picareta Mauricio Miele, todos estamos no mesmo barco a vagar, e o fim de um é um pouco o fim de todos.
Eu acho o nome Rose muito bonito. Uma flor mesmo morta continua transmitindo beleza.
Good night Rose

as coisas antes do beijo
e os lugares depois do beijo
durante o beijo
o sonho

sábado, 14 de julho de 2012




perdemos todos
quando ficamos à parte
no esconderijo que criamos
para não envolvernos
nos espelhos
que revelam
o nosso não ser

quinta-feira, 12 de julho de 2012

lá no fundo existe alguma coisa



preenchendo os vazios com gordura refinada e óleo queimado
vamos indo
com nossas certezas infundadas
baseadas em conversas surdas e repletas de nada
mais ordens disparatadas
ausência de delicadeza
e um desconhecimento profundo daquilo que é
vamos indo
são nostalgias sem fim
e anseios de convencimento mútuo
de que estamos vivos
por existir um passado comum

mas existe no meio disso tudo
algo preciso

enquanto vou à deriva pelas ruas do Brooklin
passa perto de mim
o voo de um pássaro
que me olha de lado
enxergando numa lágrima
o que nem mesmo eu sei de mim

quarta-feira, 11 de julho de 2012

oremos



oremos aos que enxergam a vida em preto e branco
pois que virão colorido
oremos aos que enxergam a vida em tons de cinza
pois que virão em multitons
oremos por um pouco mais de cor em nossas vidas
pois que merecemos a felicidade
oremos pela beleza desse fim de tarde maravilhoso
pois que merecemos a alegria nossa de cada dia
oremos pela integração cósmica
pois que a coincidência de inúmeros detalhes curiosos
que nos uniram
e fazem da vida esse acontecimento mágico
e de que somos testemunhas todo dia
alimenta nossa esperança de tudo se acertar
oremos
pois todos enxergarão colorido, em multitons, todos serão felizes, todos serão alegres, todos estarão integrados cosmicamente, as coincidências serão ainda mais frequentes
as cascas se abrirão e vibraremos todos como os bentevis e as borboletas
pois que esse é o nosso destino

Graças , há Deus

favela express




corações a mil
a margem de tudo
agem
nada pode segurar
a força do quadril

domingo, 8 de julho de 2012

sábado, 7 de julho de 2012

a volta do parafuso



muitas voltas
milhões de volts
estamos de volta
ás voltas
com a nova volta
do parafuso solto

não existe a porca
que aceite
a volta desse parafuso

e é aí que a a porca torce o rabo
que o cachorro abana o rabo
buscando o osso
que cabe no bolso do patrão
isso é o fim
e aí não há volta

a volta
é somente
ficar por si
consigo
longe dos pregos
longe dos vigias
longe da polícia
que existe dentro de si

a gente consegue
nem que seja na última volta

I'm the Silver Surfer



eu andei na chuva
andei no sol
sorri e fiz sorrir
vivi e estou vivo
isto não basta
não acaba aqui
a vida segue
independente de mim
de nós
de laços
de fitas e encenações
não faz parte de plano
não há plano nenhum
tudo me escapa completamente
tudo flui
e eu vou nessa onda:
I'm the silver surfer

let it be or let bleed ?



let it bed
let it be or
let it bleed?

come together
come with me
like a sunrise

life
is not what others
or what we think it is

a life without daring
or without poetry
is nothing

quinta-feira, 5 de julho de 2012

6/8



no alto do morro
na água do poço
no copo de leite
na falsa murta

na raspa do tacho
na baba do ovo
no canto do povo
na cantata de Bach

dentro do caroço
no bêbado vômito
na filô da USP
na mesa de bar

embaixo do tapete
entre os dentes do pente
em jaguariúna
no jardim américa

no bilhete de amor
ao reles do chão
no banco do ônibus
nos jogos de azar

no rinoceronte
em belo horizonte
nos meios da gente
no Canadá

no meio de tudo
no longe do nada
em muito lugar

no olho do tigre
no caco de quartzo
e dentro do carro
distante do mar

na cabeça do prego
no mais alto edifício
e no frege do hospício
e em Xangri-Lá

bem perto do osso
em frente ao abismo
na franja do bispo
na ilha de Paquetá

no buraco do dente
no desenho da moda
dentro do avião
no cd pirata
na letra de tango
no samba rasgado
no copo de pinga
na caneta roubada
na estrela sem luz
no dia de sol
na fumaça do beck
in sunshine reggae
na luz que oscila
no caldo de cana
no mais doce manjar

eu te procurei
e OH
quando te encontrei
você era absolutamente diversa do que eu estava procurar