quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

giant sequoia



que a proteção de Deus seja enorme á todos!

a vida sem mistério



cansei do açúcar 
e do tédio
de shopping center
de mar, estrela
chet baker
samba, cuba-libre
caretice, loucura
e da poesia no alto dos prédios

to sem paciência
e sem klondike
sem poker
sem ás na manga
sem mistura, com água no chopp
sem a companhia do ray vaughan
sem mistério e sem sandice

qual o mistério na vida sem tolice?

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

sob a vaidade



minha vaidade acaba com a mirada no espelho

Toulouse-Lautrec



Talvez meu favorito.
Revelação do mundo, ele o aleijado, olhando essa beleza decadente, testemunha que lança aos séculos estas cores, a deselegância das meninas, o salto, as mãos abertas pousadas no macio das almofadas gastas e puídas pelo amor dos outros.
Os cartazes de propaganda, eu também quero ir lá testemunhar e desenhar dizendo aos outros que essa dor acaba quando eu a lanço ao mundo.

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

andam dizendo por aí

                                                                                                                                                       simão salomão

você não sabe o que eu não sei
nem eu também
o que eu sei
(e o que você sabe)
é melhor ficar por aqui

sábado, 15 de novembro de 2014

a noite estrelada



aqui estou vendo o anoitecer
embora não haja silêncio
- há gritos e estertores
e gozos e folguedos,
ameaças de bombas
e censuras e dedos em riste,
o óbvio de uns e alteridades,
e  a velocidade  a estragar a paisagem
tantas verdades
chegam a gritar pelo retorno do arreio 
e nudezes envergonhadas
e no mais das vezes
anedotas sobre a infelicidade alheia
e toda a culpa é sempre do distante
eu permaneço quieto
- somente a noite estrelada -
e eu estou em silêncio
porque é isso que eu tenho a dizer agora
é o que eu sinto
sinto muito

ladrões diversos


ladrões diversos confessaram
tudo já estava lá só que alguém não furtou antes

a esperança



hoje em dia
eu estou menos em dia
com o calendário
estou ontem
como antigamente se dizia
e se amanhã
vai ser outro dia
num exercício de futurologia
eu entrego a ele
toda a esperança de transcêndencia

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

o meu próximo

Sou semelhante a ele em tudo, mas ele não sou eu.
Ele é um outro, parecido comigo. Fala, mente, chora, ri. Sonha, delira,faz e espera. Ouve.
Eis o meu próximo, distante. Equivalente, covarde. Fracasso que anda.
Um homem, um bicho. Um animal. Nessa natureza errante. Mais um outro.
Um dia ainda te pego.

mais um pouco



mais um pouco desse nada 
e minha vida transborda tudo

interrogação



como sei o que será
só depois de acertar
melhor esperar

como saber o que será 
é ter que esperar
melhor...

o que será?

domingo, 9 de novembro de 2014

a vida não cabe no bolso #



"a vida é nascer, procriar e morrer"
e o que faço com o meu espanto?

de longe tudo é mais bonito



de longe tudo é mais bonito
inclusive o passado
até mesmo nós dois de mãos dadas
e os filhos que nós não chegamos a ter
os funerais que não fomos
as brigas que sequer tivemos
de longe tudo é mais bonito
de repente o céu pode se abrir
e me levar pra sempre daqui

dois velhos amigos #


- estamos atrasados.
- pra quê? a gente nunca faz nada mesmo.
- por isso mesmo.

dois velhos amigos #


- cheguei a conclusão que não posso acreditar em tudo que leio...
- ah é... por quê?
- num site de jogos está escrito que jogar paciência é divertido.

sábado, 8 de novembro de 2014

e o mesmo Tejo



odeio isso aqui
mas não posso viver sem
perder é ruim
até quando é vício

nenhuma novidade
estou mais uma vez de chapéu
pedindo só um olhar
e que você fique mais uma vez comigo

venha até aqui
antes que eu vá embora
sempre tem algum senão
mesmo quando tudo parece certo

tudo sempre por aqui
as mesmas cores
o mesmo Tejo
a respingar o velho tédio

retroalimento



não é o que vejo
é como vejo
e como é com isso que me alimento

não é como faço
mas como é fácil
fazer o que faço com o que vejo

como tudo que está aí
é alimento para ver o que vejo
é assim que faço, tudo é retroalimento





quinta-feira, 6 de novembro de 2014

dead man # 2

eu pensei em fugir
mas não há lugar para onde ir
eu falei em dar o fora daqui
mas é melhor esquecer o que eu disse
esta é minha terra e a aqui é o meu lugar
eu vou lutar

dead man # 1


sou um homem morto
com alguns trocados no bolso
minha vida foi a melhor vida que tive,
apesar do corpo aqui largado
sozinho eu deslizo, enfim desligado de tudo ao redor.

enquanto meu corpo flutua
eu vejo as coisas como elas são,
tive o melhor que pude de mim
lutei comigo e venci, agora estou jogado na rua
cada vez com mais certeza: alguns poucos trocados não fazem diferença não.
tudo que meu braço alcança
é aquilo que meus olhos veem
não, não me venham com aquela estória
de alguns poucos trocados no bolso
nessa eu não caio mais não.
flores e versos
fizeram parte do meu caminho
se hoje eu estou aqui caído
é que isso fazia parte de meu destino
nunca sonhei sair dessa sem arranhão
assim que eu for apenas mais uma lembrança
façam o quiserem com meu corpo
e quanto aos trocados
bem, tomem mais uma em meu nome
e esqueçam minha canção

terça-feira, 4 de novembro de 2014

museu do carinho



O Museu do Carinho existe, e embora receba poucas visitas, está aberto e em funcionamento em alguma pequenina cidade perdida desse continente escolhido e esquecido pelo grande arquiteto dessa imensa bosta.
Os museus existem para recolher,  guardar, registrar, classificar e organizar para as atuais e futuras gerações aspectos relevantes das culturas dos povos.
Aspectos esses, únicos,originais, especiais e representativos de um período.
Antes da era da reprodutibilidade os museus guardavam e priorizavam aspectos singulares, autênticos, únicos, originais, que não podiam ser facilmente reproduzidos, mas aí veio o contemporâneo e os aspectos a serem considerados (de certa forma pois tudo tem que ter uma ressalva) passaram a ser aquilo que pudesse reproduzido, que não fosse único.
Dessa forma, por um lado - vale aqui essa ressalva - o Museu do Carinho guarda, registra, classifica e organiza os numerosos gestos de carinho:
cafunés
e cheiros,  principalmente, mas a lista é enorme:
atirar beijos,
bater os copos,
matar piolhos,
levantar a saia,
fazer as pazes,
espantar mosquitos,
conversar de mãos dadas,
dormir de conchinha,
tirar o chapéu,
salamaleques,
dar licença,
misturar os pés,
desejar bom dia,
por favor,
com licença,
muito obrigado
e inúmeros outros gestos, e palavras, que estão esquecidos, daí a necessidade deles estarem organizados e guardados num museu.
A grande contradição (existe um Museu da Contradição também, mas esse fica na Ásia ou próximo à Estação Finlândia; igualmente existe o Museu da Paz, o Museu do Amor, e outros tantos Museus, onde estão guardadas preciosidades únicas, singulares e autênticas) repito, devo repetir, pois os parênteses(será que existe um Museu dos Parênteses ?) repetem-se com frequência cada vez mais constante ( e irritante), a grande contradição, desconheço se dialética ou aquela que faz parte da lógica formal, é que embora não seja contemporâneo o carinho, embora único,  etc., deve ser reproduzido!
Cada vez mais raro o carinho, único em sua forma delicada, originalmente feito pelo individuo, autêntico em sua profunda sinceridade, luta para ser contemporâneo, ser reproduzido em cada lar, em cada gesto, em cada toque, em cada vista.
A validade dos museus, a luta para ser contemporâneo, com carinho aos Mestres, Walter e Cascudo.

amor



não é para ser falado
fica melhor
ao pé do ouvido

assombrado com tudo



assombrado com tudo 
com qualquer suspiro
qualquer fio 
assobio
pedrinha
desvario
palavra
canção
aceno
rio
ai
fim

domingo, 2 de novembro de 2014

empate



você vem
eu fico

dá-me tuas dúvidas
dou-te minhas reticências

me dá tuas mãos
te dou meus sonhos

é esse o tipo de nó que a gente tem

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

cidades feias

receita pra destruir qualquer tudo:
cimento
barulho
falta de água
ruas cheias de carros
ruas cheias
ruas sem amor
ausência de amor
insensibilidade
solipsismo
ódio desenfreado
ausência de bancos nas praças
ausência de praças
ausência de amor nas praças
ausência
falta de olho no olho
consumo desenfreado
lixo
misture tudo
bata muito
sirva para vinte milhões de pessoas
brinde a estas cidades feias

diálogo no brasil

o brasil não precisa de diálogo, precisa de milagre

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

free soul Spirit



free soul Spirit 
ou seja lá o que for isso
o que eu posso está antes daquela serra
anterior a qualquer árvore derrubada
pássaro antes da asa quebrada

nomadismo 
eu muito bem sei o que é isso
silêncio no alto das montanhas
silvo nas ilhas canárias
enquanto o vento sopra há vida

minha alma livre 
se não é isto é quase isso
nenhuma bandeira no alto do morro
fumo enquanto espero
eu quase não sei o que quero

o amor insiste

terça-feira, 28 de outubro de 2014

o outro



eu sou o outro
o amigo do outro
o pedaço do outro
do outro lado do muro

o salto no escuro
ao abraço do outro
a memória do outro
desse lado do muro

aqui fica o outro
o outro sem dono
e ali também está ele
o outro é o tesouro

bem lá no fundo
dentro do mundo
que é o outro
eu me encontro

o outro é o ouro
ele sou um eu
outro
e nele me reencontro

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

campos de girassol



os campos de girassol recolhem-se quando chega a noite, tudo muda, e não há silêncio no caminhar dos insetos, longas horas, intermináveis farfalhares,insetos caminhando e voando
mas os campos de girassol continuam lá
sopra o Mistral , um vento medonho que tudo arrasta,  e as finas hastes repousam para, na hora certa, voltar ao seu lugar, tudo isso pede muito engenho e contínuo esforço,
os campos de girassol ainda estão lá
noutro dia a chuva,tudo alaga, flutua o inseto, não há mais farfalhar noutro mês o granizo, grossas bolas, buracos na terra, covas de insetos
vem o tempo de inverno e os  flocos de neve caem suavemente para tudo enterrar
e os campos de girassol ainda estão lá
a noite, o Mistral, dias frios, poças d'água, muito diverso o tempo, a neve branquinha
resistir os campos de girassol , resistem,ainda estão lá
vem primavera,volta primavera, vem amarelar
o Sol, amarelo bronze, ouro diáfano, aliança no dedo anular , canário longe da gaiola, amarelo manga fruta deliciosa de se esfalfar, casas caiadas de amarelo da minha infância chácara Loureiro e vila Itororó, o antigo é minha prosperidade, felicidade eis-me aqui inteiro nu em pelo,inspiração, van Gogh, meu irmão que já foi vermelho, luzinha da minha vida inteira é só começar a abraçar,metade da tarde me completa, a colcha de retalhos toda de flores amarelas que a cigana fez inteira pra mim, dourado é o ouro, louras douradas, a vida começa tarde, por do sol, amanhecer, lisboa seus pasteis, a cidade baixa,  berlim alexanderplatz, calor, o rio de janeiro, raciocínio, raios que partam e abram o destino de toda gente, o amor está para gente completar, vem Sol, vem, a tardinha, banho de mar,o sítio, os olhos da morena, Oxum, minha mãezinha, todas as meninas, atenção
os campos de girassol estão lá

domingo, 26 de outubro de 2014

sobre a clara oposição entre a burguesia e a malandragem.


"o oposto do burguês não é o proletário é o boêmio"
Oswald de Andrade

o malandro ainda resiste

"que a aquela tal malandragem não existe mais"
Chico Buarque de Holanda

o malandro se nega a ter seu tempo roubado em trabalhos pesados, sujos, perigosos. em bater cartão, em cheirar pó. ele é perfumado, discretamente perfumado; só quando é abraçado sente-se seu perfume.
um pouco aéreo, etéreo o malandro.o malandro é maconheiro.
o malandro flerta com a condição sempre de ser desocupado.
ele goza seu tempo em atividades prazerosas.
ele gosta de rosas.
ele tem asas.
ele flutua.
o malandro goza.
o malandro não aceita a condição de ser servil, de conhecer o seu lugar. o malandro está no fio, no meio fio.ele flana entre as classes, embora ás vezes atue como flanelinha, embora ás vezes ele ature uma carteira assinada.
nenhum documento assinado tem valor maior que uma palavra que o compromisso do malandro com outros malandros.
o malandro não vota e não é votado, não concorda e não dá corda, e acorda cedo ou tarde, tanto faz, curte o nascer do sol e o por do sol, curte a vida e a natureza simples. principalmente o malandro não trabalha
o malandro não aceita condição subalterna, por isso é odiado.
naturalmente é perseguido, mas sorri.
o malandro deixa a grama crescer, vem o jumento e acaba com a grama. o burguês consegue lucro explorando o trabalho do jumento.
o malandro inclusive deixa as coisas pela metade, nada tem fim, tudo é incomple

terça-feira, 21 de outubro de 2014

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

sábia cantando as quatro da matina



entendo que o sabiá cante porque tem que cantar
e se ele canta na árvore em frente á minha janela
é porque ali pra ele é o melhor é o melhor lugar.

entendo que uma alma triste
que vive escondida em algum canto
almeje ouvir trinados, coisa que traria a ela
algo para continuar

comigo é diferente
não sou essa alma triste
são quatro horas da matina
eu quero continuar a sonhar

por isso eu também assobio
vai cantar na puta que o pariu maldito sábia

o consumo redime a todos


Uma grande rede de supermercados anuncia que amanhã haverá um sem número de promoções.
Pessoas armam barracas, passam a noite em vigília.
Quando a porta do mercado abre é aquela correria.
Para ser o melhor consumidor tem que ter um objetivo claro em mente saber para onde ir, que caminho tomar.. Na corrida pela melhor oferta deve-se seguir direto para a prateleira X, onde se encontra o objeto de desejo - pode ser um biscoito, um molho de tomate, um quilo de qualquer coisa, uma garrafa, um pedaço de pano, etc.
Chegando ao caixa deve-se usar dinheiro de plástico, após ser liberado o débito ergue-se em triunfo o produto.
Assim estamos redimidos pelo consumo.
Assim manifesta-se nossa identidade.
Assim nos identificamos como um igual, igual a eles igual a todos nós.

dia mais quente da história de são paulo



dei uma volta no centro, senti vontade de pedir demissão da vida

o próximo passo

considere sempre a necessidade de dar o próximo passo

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

ajudei um velho bebado a levantar do chão


No alto do morro (subi-lo me deixa de língua de fora) vejo um velho caído no chão. Ele tenta levantar,uma, duas vezes, não consegue. Eu chego perto dele, sento no chão e pergunto se ele está bem.
- Não consigo levantar.
Eu digo:
- Vamos lá! Fique sentado.
Mil e um , mil e dois, mil e três, conto até mil e vinte e sete.
-Vamos lá! Vamos ficar de pé.
Ele segura no meu braço e levantamos.
-Onde o senhor mora?
- Na primeira travessa.
(Graças a Deus, eu penso).
- Vamos lá! Uma perna de cada vez!
Ele está cachaçado, tem as unhas compridas, sujas. Os dentes amarelecidos, a roupa imunda, fedida.Apesar do calor de 40 graus veste casaco. Pergunto quanto anos tem. Só tem dez anos a mais que eu.
Vamos andando beeeem devaaaaaagaaaaaaar. São só uns cem metros.Eu vou abraçado firme no ombro dele.
- É aqui.
- AQUI ONDE TEM ESSE PIT BULL?!
- Não, na minha casa não tem cachorro.
Na próxima casa uma escada de cimento sem acabamento leva a um precipício.
- Vamos Lá! Segura em mim.
Descemos. Eu ponho meu corpo na frente, desço de costas, seguro os dois braços dele,vou vendo cada passo que ele dá. Foi muito fácil.
- É aqui.
Ele começa procurar a chave num bolso, no outro bolso, depois o noutro.
- O senhor está com a chave?
- A porta não tem chave.
Dou as costas, vou-me embora.
Ele não diz obrigado, não sorri, mas a gente não faz essas coisa esperando um obrigado. A gente faz essas coisas pra contar depois.

encontro com famosos # 28 Nelson Triunfo

eu estava na fábrica do Som em 1983 e ele, Nelson Triunfo, estava dançando com um neguinho que deveria ter uns 5 anos e todo mundo vaiava, não é porque fosse funk, mas por que eles eram pretos, e eu fiquei chorando muito porque muitos amigos meus eram imbecis e sabendo que eu nunca tive um lugar e nem nunca teria

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

a terceira margem do rio



eu sou um homem branco, paulistano, classe média.
essa carapuça não me serve.

eu não sou a casca.




quiet nights








- você tem o meu silêncio
- eu tenho o seu silêncio

bonito isso que falamos

o primeiro que puder atira a flecha




o cupido que atira a flecha não pode ele mesmo amar?
quem atira a flecha no cupido?

o futuro



o futuro já era

o seu silêncio


eu tenho o seu silêncio

meu coração parece bola de ping pong

meu coração parece bola de ping pong, prestes a explodir

Paulo Cesar Caju, campeão da Taça Guanabara de 1967



Grande ídolo Paulo Cesar. na foto ele faz o terceiro gol dele na final da taça guanabara de 1967, tinha ele 18 anos

conselho



siga o meu conselho não siga meu conselho