domingo, 29 de maio de 2011

Uma Bela Vista que não sai da minha cabeça

Saudades do meu Bixiga, da minha Bela Vista, que nunca existiu fora da minha cabeça.
Onde eu aprendi a andar de cabeça erguida
e a  dar bom dia aos passantes e, ao entrar em qualquer casa, pedir licença
e a ser muito duro, e a não vacilar
e saber que não sou só eu que estou olhando aquele rebolado

No Bixiga eu aprendi a mentir bastante também, a chamar os outros de morfético, e a falar: a buceta da sua mãe, a dizer gosto muito dele: ele me deu essa calaça e essa camisa, a praguejar,falar todas essas barbaridades e esquecer isso no minuto seguinte.
Nesse Bixiga, que nunca existiu fora da minha cabeça, eu nasci, fui criado e servido, e hei de morrer, sonhando com a Bela Vista, sonhando com o retorrno de tanto amor sonhado.

Live at The Sleeping Lady cafe, Fairfax CA on February 5,Wayne Horvitz






Aqui, da plateia, me agrada tudo: a  falta de plateia, um meu espelho dançando, uma boina de banda.

Band a Part, Paris é uma festa. E a Califórnia é logo ali.


A ausência de grandiloquência  de spots, de autógrafos no final, de roupa de artista, de caras e bocas, a simplicidade de ver gente tocando.

Tudo isso me agrada. Minha vida segue,garota eu vou pra ...                                                       

sofrer sem fim

Será que nós somos tão poucos?
Os "bolsonaros" da vida mandam no país quando  falam, quando  vaiam, quando  matam, mas principalmente os "bolsonaros" da vida  mandam no Brasil quando mantem o silêncio habitual por tudo.
Nós gritamos, nos desentendemos.
Temos nossas lutas comuns - pela liberdade, pela paz, pelo amor, pela vida. Mas nos desentendemos muito, eita sofrer sem fim

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meu disco riscado
e um nó na garganta
mas a esperança resiste

terça-feira, 24 de maio de 2011

seria a boiolagem um efeito da globalização?

Estava eu com minha lousa (poderia servir qualquer outra cousa) estrela vulgar a a vagar, a divagar, escrevendo bem devagar, sobre o conflito árabe-israelense, as fronteiras e territórios, coisa aliás desinteressante, como alíás tudo.
- É pra copiar?
- Fique á vontade... (mas quem é que me entende? quem me escuta? quem me lê?)
E assim alguns por piedade, compaixão, educação,ou algum outro sentimento nobre(?) copiavam. " Após a destruição do templo, os judeus espalharam-se pela Europa, formando comunidades. Até 1947, data em que a ONU estabeleceu a criação de um estado palestino e um judeu na região, muito sofrimento passou o povo judeu. Enquanto isso, naquele território, onde antes os judeus moravam, os árabes passaram a viver."
Assim de cabeça, mil erros ocorreram. Ou, precisamente, não sei quantos.
Sei que uma pessoa querida, perguntou: - E o kit gay?
Ultimamente estão a ocorrer diversas polêmicas, vazias, que servem para eu cumprir a dolorosa missão de preenchimento das horas - á que todos estamos submetidos - "o livro que ensina português errado na escola", " a marcha da maconha", o "o churrascão de gente diferenciada", " palocci e a falta de ética" isso para ficar em conversa de gente civilizada, e não distrações do final de semana, como a "professora e seu salário de merda", " as crianças afogadas em itajubá", ou conversas totalmente mundo créu, tipo o "curintias" ou "os bambi" ou "você assistiu o faustão?" ou "o casamento da princesa", ou " você viu o que aconteceu com fulano?" Estou me envolvendo em polêmicas, fato inteiramente novo, pois não tenho paciência para discussão, gosto de conversar, de aprender. -  Quem discute ou é por que não entende o "outro", ou tem ponto de vista inconciliável.

Sim,então a polêmica do kit gay. Com a palavra os alunos:
- eu não quero que meu filho aprenda a ser viado!
- é a família que deve tratar desses temas.
- uma criança de 12, 13 anos não tem maturidade para escutar esses assuntos.
- mas precisa mostrar filme?!
- se Deus quisesse que houvesse viado, ele teria criado dois homens e não Adão e Eva
- a educação precisando de tanta coisa e vão gastar dinheiro com isso!

Com a palavra, eu, no meu estilo suave e delicado de ser...
- Nessa classe deve ter um ou dois viados...,
- segundo cálculos feito por doutores e psicólogos, 10 % da população é homossexual. os proprios médicos dizem que não é doença ser gay!
- Que qualquer pessoa faça o que quiser com o buraco que Deus lhe deu.
- Se uma pessoa quer atender pela porta dos fundos, se quer bater uma mixirica, arranhar um bombril, ela deve ter direito de fazer isso, inclusive na rua!

Sim é possível desconstruir cada um dos argumentos com argumentos mais elevados, tipo, eu também fiz isso , fazendo o gênero "professor", ou alguem "ponderado, equilibrado, se sentindo" :
1 - quanto custa uma inserção no programa de tv que apresentou o tema?
2 - a família não está preparada para discutir esses assuntos, a prova são os assassinatos e as agressões cometidas contra os homossexuais.
3 - os filmes não vão ensinar ninguem a ser viado, o objetivo e ensinar a ter respeito aos homossexuais.
4 - se o problema é a idade, façam um abaixo-assinado, um movimento dizendo que educação sexual, e respeito a diversidade sexual, só deve ser proposto em escolas á partir dos 14 anos.
5 - O preconceito contra os homossexuais é o mesmo contra o negro, o nordestino, o pobre o portador de necessidade.
5 - Não é doença, ninguem se cura de homossexualidade. Agora se algum pensa que isso é pecado, ou que Deus criou Adão e Eva, então não é possivel conversar mais nada; voltemos ao tempo medieval e esperemos a segunda vinda.

E assim a balburdia seguia, prosseguia, em cada nova classe, como se não tivesse uma anterior - uma sociedade sem classes, eu jamais deixarei de sonhar , desculpem a digressão, mas eu entrava numa outra sala e o tema voltava, ou eu o provocava...

Enfim, de onde menos se espera, aparece uma opinião:
-Talvez a gente tenha que viver uma vida inteira pra entender a nossa sexualidade!
e outra, de quem eu esperava:
- Os outros são a maioria!
e outra, de uma pessoa querida, tão fina e delicada:
é a gente não sabe de nada mesmo!

segunda-feira, 23 de maio de 2011

tu

tudo que poderia ter sido
tu que poderia ter se
que poderia ter
poder-te
por-te
te

o lobby


ai ai ai estava eu numa aulinha de eja falando sobre o lobby judaico nos eua
ai ai ai ai - isso e sem tocar na coalizão fundamentalista cristã(jerusalem capital do mundo, segunda vinda de jesus) ai ai ai
e vem o lobby da editoras de livros ai ai ai sobre o "ensinar errado nas escolas" "ensinar o portugues errado" ai ai ai. e gritos, etc etc etc.

 Quem leu o livro sobre a polêmica sobre a norma linguistica?
Aqui o link da Carta Capital sobre a polêmica:


http://www.cartacapital.com.br/politica/nao-ha-uma-lingua-so

Uma introdução sobre o assunto:
"O fogo pesado disparado contra o livro Por Uma Vida Melhor, de Heloisa Ramos, distribuído pelo Ministério da Educação para a rede pública, faz parte do arsenal da reação conservadora a políticas, apenas ligeiramente progressistas, adotadas nos dois governos Lula e, agora, no governo Dilma Rousseff."


Alguns trechos do livro


"Há momentos em que surgem dúvidas sobre a grafia das palavras (se têm acento, se levam um s ou dois...), sobre a pontuação, o emprego de maiúsculas etc. Às vezes, somos dominados por uma insegurança que nos impede até mesmo de saber ao certo qual é nossa dúvida.
A norma culta existe tanto na linguagem escrita como na linguagem oral, ou seja, quando escrevemos um bilhete a um amigo, podemos ser informais, porém, quando escrevemos um requerimento, por exemplo, devemos ser formais, utilizando a norma culta.
 Vamos analisar outro aspecto: a relação entre alguns elementos do texto. Releia o trecho acima, atentando à expressão “impedem o de criar seus filhos”. Impedem quem de criar os filhos? A quem se refere a palavra
“o”? Pelo sentido que o texto... tem, você provavelmente responderá que “impedem os pais”. Como a expressão “os pais” já foi usada anteriormente, o autor não precisa mesmo repeti-la; ele pode empregar um pronome no lugar dela. Repare que a expressão “os pais” está no plural, por isso deve ser substituída por um pronome plural, como vimos anteriormente; no caso, “os”, não “o”. Observe: O desemprego dos pais, a falta de moradias, alimentação e educação os impedem de criar seus filhos dignamente. Daí a grande violência da sociedade."



Nesses trechos observo muito cuidado e respeito á realidade do aluno, - observe a escolha do tema: a relação entre violência e desemprego - e muitas recomendações sobre a importância da norma culta, e a hora certa de utilizá-la.
Sei é que sou, sem modéstia, ótimo em prosódia. Sei é que  é muito dificil o entendimento. Sei é que a norma culta serve para diferenciar o populacho do andar de cima. Sei é que a língua é viva e modifica-se.
Mim não faz nada.
Nós podemos fazer muito.

virtual?

ah como o relógio voa, quando se está com amigos.
que virtualidade que nada, isso aqui é real? ou não ?!

mais uma da minha janela

no vale da saracura, até onde minha vista alcança
o voo do urubu, que plana sem plano, de boa , sem fazer força,
subindo e descendo conforme a maré, voa fácil
entre 7 raios de sol, contados, sobre o treme treme da paim.
enquanto eu puder enxergar beleza e graça, mesmo com tanta feiúra e desgraça  do meu canto eu canto

sábado, 14 de maio de 2011

churrasco de gente diferenciada



Fomos ao churrasco, estava sem molho... 

É claro que a gente escura, que entra pela entrada de serviço, e mora nas quebradas, M' boi mirim e Brasilândia  e serve café e carrega caixas, e abre portas, e atende telefone, e diz: sim sinhô, a sinhazinha não está, ela foi á academia; a gente escura e baiana que é balconista, "o mundo sempre vai precisar de balconistas", os serventes não foram. E quem esperava que eles fossem?

A gente diferenciada somos eu e você, baby.

Nós somos gente diferenciada porque entendemos a piada e somos lindinhos,ok?

a gente é brasileiro e quer mais é se divertir, bater um bumbo na praça, tomar uma cervejinha e encontrar gente bonita.

a gente é diferenciado porque está fazendo campanha virtual no Face.

a gente é diferenciado porque a gente sofre com o sofrimento alheio.

a gente é diferenciado porque a gente pode conversar - um dia a gente se entende - e sem estender muito o papo, a gente tem que se entender por telepatia! (Adoro aquela passagem do Woodstock; o povo cantando no rain, no rain, e chove e chove... aí o povo vai brincar na lama!)

adoro Higienópolis, andei muito lá: Albuquerque Lins, a avenida mesmo, rua Rio de Janeiro, subindo e descendo. um dia meninas de um prédio me chamaram de baianão, noutro dia meninas passaram de carro e gritaram: ei camarão (meu cabelo vermelho). Nuns dias faz frio e noutros bate o sol, mas o que eu quero lhe dizer...

Esse é o Brasil, brasileiro: M' boi mirim, 3 horas pra chegar no centro,4 horas pra chegar em Higienópolis.  Quando o metrô vai chegar lá? Será que 3 mil e 500 assinaturas colocam o metro lá?

No Brasil, brasileiro tem algumas assinaturas que valem muito mais que milhões de outras assinaturas.

As relações assimétricas do Brasil, brasileiro,  isso é o que está em discussão. Não é sobre o povo, sobre democracia representativa, sobre transporte, sobre espaço público, sobre quem pode ou não pode se manifestar, falar em nome dos outros.

O problema é: Alô Gláuber Rocha: "será que a burguesia não pode ceder, em nome de uma nova utopia? 

"pausa para reflexão."

quarta-feira, 4 de maio de 2011

coisa sem nome


coisa sem nome
distância entre o que eu penso e faço
onde eu te acho?

coisa sem nome
distância entre o que eu posso e sou
onde é a morada de my soul?

coisa sem nome

em que buraco eu te esqueci?
no beco escuro?

na tarde nublada?
na noite sem lua?
no vão de escada?

coisa sem nome
em que desassossego eu te perdi?
na rotina?
no mesmo caminho que sempre eu faço
da geladeira ao quarto?
no parque dom Pedro do chão engordurado?
em alguma gaveta de armário?

coisa sem nome
em que estranho mundo tenho seguido?
pulando as linhas
relaxando o passo
esticando o arco
fazendo minhas as dores de quem eu esbarro?

coisa sem nome
deixe de coisa
me de um abraço
e me deixe caminhar a seu lado.