Um Amor contem todos os Amores.

Um Amor é o Amor.

faça-me ave

faça-me ave

dai-me asas, espaço aberto

e venha comigo para o céu

o que os filmes de amor afinal revelam

o que os filmes de amor afinal revelam

se não não que o amor, que é único e múltiplo, que o amor, quando finalmente as mãos derradeiramente se encontram e juntas assim permanecem, após os inevitáveis conflitos, das injúrias, do ciúme infundado, da perfídia, do abuso, do desassossego, de mil e uma noites de solidão,

que o amor é um Sol?

o reflexo do espelho

o reflexo do espelho

não mostra a cicatriz

do lado esquerdo do peito

a vida é um fiapo 2

 

a vida é um fiapo

nele me agarro

balanço, mas não caio

a vida é um fiapo 1

a vida é um fiapo

nele me agarro

sem medo de fiasco

primavera alegre I, II, III

 I

ah! primavera alegre

quantas coisa boas

você promete!

II

enquanto tudo vem e passa

ah! primavera alegre

no meu coração tu ficas

III

as florzinhas amarelas

de beira da estrada como que sorriem

ah! primavera alegre!

gramatique

a cena beatnik

o hippie de butique

a severina xique xique

tudo isso foi um aplique 

coisas de gramatique

de titique

memórias que a psique

insiste

uma Frida aberta no peito

uma Frida aberta no peito

amor, amor

ás vezes não tem jeito

a culpa grita

a culpa grita

e eu bailo e rodopio

em frente

em frente

enfrente

acorda-se

acorda-se

come-se

bebe-se

anda-se

ama-se

anoitece-se

esquece-se

 dias iguais

ninguém merece

pena de quem

não vê a tarde

em marte

morar no Bixiga

Bixiga é raiz.

Um monte de gente na rua andando de lá pra cá.

Povão. De chinelo, bermuda, sem camisa. Tiazinha de lenço na cabeça, gente conversando na calçada, carro na contramão.

Criança brincando sozinha, tiozinho de fogo as duas da tarde.

Se não sabe brincar não desce pro play, ou

vai morar do outro lado da Paulista,

ou do outro lado do túnel,

ou pra lá da frei caneca.

meu respeito pra Liberdade, ok.

os dias voam

os dias voam como as folhas que o vento espalha

                  aquele que as recolhe e ajunta
                  sou eu que conta os dias para te amar plenamente

tá tudo tão parado aqui

tá tudo tão parado aqui

sem você a meu lado dizendo

amor

lá fora nublado

(vem chuva)

meu peito cada vez mais isolado

bolor

são essas coisas...

eu aqui ,enrolado,

num drama mal dublado

sem cor

tudo fica assim parado

exilado

assim é que estou

a chuva chegou

(antes avisou)

sem você aqui, acabado,

dor 

fique ou vá embora

fique ou vá embora

de uma vez para sempre

movimento de dar a volta

sem tempo, dei um tempo

 

sem tempo, dei um tempo

esqueci o que tinha para dizer

ficou para o final lembrar

o mais importante:

nosso tempo

viver nossos amanhãs

hoje é o que importa

como

como a fala dos homens

como o falo dos homens

indigestão

encontrocomfamosos#zécelso

Os sentimentos são fogo.

Cineclube do Bixiga, uma semana dedicada a mulher.

Isso era 1980 e poucos.  Imagine morar num lugar que tinha um cineclube, duas livrarias e gente de todo o mundo subindo e descendo a ladeira, pois era o meu lugar.

A sala do Cineclube não tinha conforto, tinha programação. Fazia frio, chovia. Sessão das 20h, poucas pessoas na sala, ninguém da Bela Vista, o Zé Celso estava com o Marcelo.

o filme era Guerra do Fogo.

quero esquecer quem sou

quero esquecer quem sou

outro fato

nova roupa

sair do armário

quero deixar quem fui

confundir os caretas

outro signo

peixe fora do aquário

quero quero

ave valente

ave palavra

um novo dicionário

e o novo de repente me pega pelo pescoço

de novo 

tudo ao contrário

para os outros

para os outros, sorrisos

para os outros, saltos dos viadutos

para os outros as flores de aço

para os outros, beijos malditos, línguas enroladas

para os outros corações aos pedaços, costurados

para os outros o fim da mordaça, gritos arrepiados

para os outros, abraços

para os outros fogos de artificio

para os outros as últimas ameaças o fim da guerra, naco de carne carregado por cães desdentados

para os outros as altas torres beijando as nuvens avermelhadas

para os outros o dia dos papagaios

para os outros cabelos encaracolados

para os outros versos inacabados

para os outros olhares enviesados, dissimulados

para os outros , oh desafinados! ah pobres diabos!

para os outros, ah lá vão eles, corpos distendidos, marchas céleres, autoerotismos, foco e determinados.

aqui a espera inútil: tique e taque

meus olhos

meus olhos

mil olhos

mas tu não me vês

o tempo passa

os dias passam como folhas espalhadas pelo vento

o velho que ora as ajunta num canto das quadras perdidas

suspira

um assobio 2

quanto mais procuro mais distancio

onde está o samba

pra onde ele vai?

persigo

persigo

aquilo que se come

com pão, presunto, ovo e toucinho

um samba 2

quanto mais eu persigo

o samba não vem

é triste estar sozinho

quero o samba

e ele não vem

quero chorar

mas não consigo

o samba é alegria

na tristeza do domingo

um assovio 1

onda vai

onda vem

pra onde o samba levou

o meu amor?

e eu não sei pra onde vou

um samba 1

um samba

mesmo fora da linha

sem régua ou compasso

sozinho na avenida

eu quero chorar 

mas não consigo

o samba está escondido

quem sabe outra canção

um verso do Machado

prum samba afiado

que fale de amor

coração apertado

esse lugar 

Saracura

que visito em sonhos

as vezes acordado

vejo as lanternas

"de qualquer maneira eu canto"

e não estou mais sozinho

do observatório flutuante das graças invisíveis

me dobro

bolinha de papel

rascunho

eu grito

me enrolo

flecha em direção ao céu

pressinto

vômito

eu não sou

anti-menestrel

contemplo o rio

duvido

sobrevivo

engano o amigo

não sou mais o que era

enquanto isso

oh, vivo!

encontrocomfamosos Graco

Trabalhava na biblioteca da ESPM,1988. O estudante era gente boa , simpático. Falo da Turma do Ceará, de música, de ARTE. Comento da superexposição, que uma música tão linda como Noturno perde a força, esgota-se. A música tocava na abertura da novela, tempo que que o IBOPE era 80%. Falava sobe isso com o autor da música sem sabê-lo!

#encontrocomfamosos Fabio Assumpção

 

1990 estava no Shopping Matarazzo fazendo pesquisa... Subindo a escada rolante ouço me chamar;

- Mauricio!

Era o Fabio Assumpção. Havíamos estudado na FIAM. O Fabinho era um pupilo do Paulo de Tarso. Nunca entendi o porque do mulherio ficar fissurada nele.

engano

enquanto tu me enganas

te engano

nesse jogo de enganar

nada há ganhar, desengano

enquanto me engano

engano a ti

emaranhados a nos enganar

empate e desengano

depois do engano

o que vem?

vermelhos

assim como eu

tu te devoras, nos devoramos

aparelhos canibais encarnados escarlates rubros rutilados

vermelhos

o que a alma almeja

que as explosões sejam somente dos botões de flores

que meu coração aos pedaços seja novamente

e no cimo dos montes seu nome seja gritado

que o amor prevaleça

é isso que minha alma almeja 

minha terra

enquanto procuro minha terra

esqueço da minha terra

sonho com essa terra (sempre a minha terra) 

escuto minha voz

como se fosse outra voz,
não diferente da minha,
mas como a primeira voz que eu tinha.
o que eu quero dizer
é que ouvindo essa voz
adivinho mais profundamente
o que eu quero dizer
como se fosse uma voz
diferente da minha
o que a voz diz é
acredite na primeira linha

minha terra

enquanto procuro minha terra

esqueço da minha terra

sonho com essa terra (sempre a minha terra)

explosões

que as explosões sejam somente dos botões de flores

que meu coração aos pedaços seja novamente

e no cimo dos montes seu nome seja gritado

que o amor prevaleça

é isso que minha alma almeja 

último útero a partir

túnel úmido emprestado de ti

lama nas mãos ainda impregna-me

chelsea hotel

new York ou são João

muita coisa

acelera meu coração

sol e lua

vem de uma vez Sol

vem de uma vez Lua

pra sempre sou bicho da rua

haverá futuro

enquanto houver o que de bom lembrar haverá futuro

música e poesia

 Mulher que faz música não é musicista, é música. Mulher que faz poesia não é poetisa é poesia.

Quase nunca eu sou eu

 Quase nunca eu sou eu

 Romeu, beleléu, breu

não tem céu e nenhum lugar meu

acredite em mim

acredite em mim, por favor

preciso de mais tempo do seu olhar

só mais um tempo

o que mais eu tenho que dizer sobre o vento que agora varre o quarteirão e destrói o que custou tanto levantar

o que mais eu tenho a dizer para você me acreditar?

dia após dia o preço por seu olhar está mais caro

e não se pode regatear

e você não me dá nem um tempo a mais para eu explicar

o que passa em minha cabeça

acredite em mim, por favor

se você me amasse como um dia eu pensei que amava

talvez as coisas não tivessem chegado a esse lugar

acredite em mim por favor

se você me amasse como um dia ousou revelar

naquela mesma noite de ventania, quando construímos nosso mundo somente com um olhar

acredite em mim, por favor

noite

tudo ao redor

é noite

tu te fostes

me edito

 

assim é difícil 

procuro silencio

onde só há grito

da Bahia á Floresta

isso é o que me resta

descer a Bahia 

e procurar a floresta