quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

minha opinião



minha opinião não vem
dos artigos de jornal
de fofocas de revistas
das mensagens contraditórias
que se anulam na rede social
minha opinião vem
da memória do abismo

endireitar



a maioria quer uma revolução para endireitar tudo.
eu nunca estou com a maioria.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

cabeça de negro



cabeça de negro
decapitada
cabeça de negro 
dixavada
cabeça de negro 
a prêmio
cabeça de negro
coroada
o concreto funde tudo
e a cabeça de negro
é só a lembrança da fumaça

domingo, 23 de fevereiro de 2014

as cidades sem um beijo



os céus e as luas de paris
aquelas noites que estive atrás de ti

a chuva e o mormaço de londres
aquelas tardes sem amores

o sereno e cheiro antigo de ouro preto
aquelas madrugadas, nada de sereno

as montanhas e o sóis em puebla
aqueles dias que você não estava nem aí

as cidades sem um beijo
nós dois correndo
simples assim

eu não estou sozinho



eu estou longe de mim também, mas estou perto de casa. estou longe de toda confusão, ouço os gritos, mas parece que não é comigo, se eles não chegam até mim, o que eu tenho com isso?
estou protegido dentro da minha casca, da minha armadura, no gesso pélvico, no meu desconhecimento de Libras, ouvindo Mozart celebrar um rito antigo.
se você quiser ficar na minha casa eu não sei o que digo, por isso não me pergunte
onde fica a minha casa, eu estou perto dela, a um sopro entre nós dois que nos mantém vivos.
eu estou longe de você, eu acho que não consigo mais ficar só, junto ao seu umbigo eu estou longe do precipício, de volta ao inicio.
eu estou longe de mim também, assim como você, saciados na matéria, ficamos juntos em espírito, mas a minha casca, minha outra máscara, meu outro  espírito, não quer mais ficar só, olhando o próprio umbigo. Adão não tinha um, nem tinha casa, nem casaca, nem casca, não estava longe de si, nem tinha consciência de nada, e não dizia palavra, não tinha nem com quem trocar, nem a dúvida do precipício.
eu estou muito longe de Adão, muito tempo sozinho.
minha casa, minha cara, estou muito longe de tudo, a um sopro, eu sei que há uma troca, de cordas, até alguém tocar o violino, seduzir o espantalho, prender os mascarados, tudo aquilo que nos mantém sozinhos  está preso, escondido dentro de algum coração bandido.
de qualquer forma,  a minha casa, minha cara, minha máscara, meu desconhecimento, meu descobrimento de tudo isso, me leva a um sopro, a presença tua, a tua desordem, o meu embaraço, o nosso contrário, a lógica da pesquisa cientifica, ao novo fogo Prometeu, a futura ausência, a minha casa, tão próxima de tudo, a minha falta, a tua ausência, os black blocs, o buraco negro da alma, a minha cara na lama, um passo do abismo.
estou a um passo disso tudo, e não estou sozinho.

eu estou longe de mim também



o cerrado está sendo destruído, formação do complexo agroindustrial, mas está a 3 mil km longe casa!
os black blocs estão na praça ramos, mas estão há 3 km de casa!
a vizinha está sendo espancada, mas é no outro apartamento!
ok, ok, ok
eu estou longe de mim também

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

a vida não cabe no bolso # 392



o improvável acontece, mas não posso provar.

vira lata



Eu não tenho um cachorro,ele é que me tem. Em algum lugar por aí.
Tudo flutua, e eu erro por aí, por aqui e em todo lugar, eu erro na rua, adoro deambular. Igual ao cão vagabundo.
Ninguém tem nada, não é possível ter alguma coisa, quanto mais um cachorro. Algumas pessoas tem nuvens, outras diamantes, outras quinhentas cancões , outras criam cães pra fazer lucro. Deixa pra lá. Ter um livro? ter um casa? ter um amor? ter um cachorro? Ter um cachorro de rua? Ele é que me tem.
O cachorro da foto é um cachorro da rua, e de rua.
Ele passa e não te olha, ele passa e te olha, e te segue, ele abana o rabo, ele te segue por aí, ele fica na dele e você ama o bicho.
Eu sou um cara da rua e de rua, embora sempre volte pra casa. Embora os outros não achem isso quando me olham, mas porque os outros não acham isso eu sou de rua, ou antes de qualquer olhar eu já estava na rua. Muita gente não dá a minima pra cachorro de rua.
Já fui chamado de vira lata por gente sensível, que me olhou direito.
Eu passo e olho e faço de conta que não é comigo, ou eu queria que fosse comigo, eu roo o osso.
Se liga que eu to só te sacando, se algum cachorro te sorrir, siga desconfiando.

domingo, 9 de fevereiro de 2014

vivo ou morto



assim, com dinheiro ou sem dinheiro é a mesma coisa, mas é melhor com dinheiro.
assim, com democracia ou sem democracia é a mesma coisa, mas é melhor com democracia.
assim, com companhia ou sem companhia é a mesma coisa , mas é melhor com companhia.
assim estar vivo ou estar morto é a mesma coisa, mas...

a experiência brasileira




essas experiências que estão sendo feitas no Bananão,
de colocar milhares de pessoas dentro de um espaço confinado (METRO), de promover a ideia que ter é mais importante que ser (SOCIEDADE DE CONSUMO) de promover a ideia de que os milagres acontecem, cura de doenças,todo mundo tornar-se empresário (IGREJAS EVANGÉLICAS) de que: "isso é minha vida"(TIMES DE FUTEBOL) entre outra experiências que estão acontecendo aqui são muito interessantes para os psicanalistas, antropólogos, etc. mas para quem é um pouco sensível isso está sendo triste pra diabo.

solitude




o tempo lá fora não interessa
eu caminho,por onde eu caminho
qualquer caminho me servirá.


eu vou sozinho
mas eu nunca estou sozinho
uma vez que se ama
o amor nunca nos deixará

sábado, 8 de fevereiro de 2014

goodbye yellow brick

sou um estrangeiro, em qualquer lugar. desde sempre.
eu busquei amar essa terra, mas isso aqui não é pra mim.
eu não estou dizendo adeus, pois não tenho de quem me despedir.
juntem três ou quatro de vocês, derramem um trago na minha, e cantem algumas canções de marinheiro. 

a vida não cabe no bolso # 390



a vida não é uma metáfora, nem um sonho dentro de um sonho.
a vida é uma merda.

uma noite de trabalho intenso




na cidade as pessoas, após serem atingidas por qualquer coisa que eu não sei o que,mas que queimava a pele, estão jogadas no chão.eu, entre outros, as reanimam, mas temos que fugir. numa galeria comercial estou a salvo. lá fora cai uma chuva torrencial. com minha malandragem furto guarda-chuvas, e passo inclusive a enganar aqueles que tem que ser enganados, vendendo guarda-chuvas a eles. não consigo enganar a todos, tenho que fugir, debaixo do aguaceiro.
moral da história:
- quem sai na chuva vai se queimar.