quinta-feira, 15 de maio de 2025

Vera Campos, Produtora Cultural, comenta o ensaio Tempos Pornográficos



De uma interessância toda essa pornografia, o sentido, o compasso, o passo, acento, traço da palavra.                                                                "O quer o que pode essa língua?"


 
Vera Campos. (Verdes, semeados, cultivados, amadurecidos e colhidos).

segunda-feira, 12 de maio de 2025

Cebola, artesão, comenta o Ensaio Tempos Pornográficos




Bom dia, Mauricião 

😉🖐 Acabei a leitura 📚 Aqui vai o parecer😂🙏 " Quebrando o mito do narrar, do explicar, indo do pensamento antigo ao moderno, o ser, aqui transformado em autor, se manifesta considerando características próprias. Essa é a proposta, sem explicar ao leitor, este apenas sente formar-se aos olhos, as letras, o volume das frases na mente, e a oração na alma em ensaio" Parabéns Maurício que venha mais criações assim, e que eu possa fazer parte da próxima Leitura 

Paulo Rodolfo, comenta o ensaio Tempos Pornográficos



Prezado Maurício, você é um poeta dos anos 1990 inserido no primeiro quarto do século 21.

O livro trafega por uma ideia, o que é fantástico, pois exige disciplina ao escrever.
Tempos Pornográficos lança um olhar observador sobre a perdição da humanidade neste primeiro quarto de século, mergulhada no descartável, no consumismo, na falta de lirismo e no prazer sem o sentido do prazer.

E é exatamente por isso que Tempos Pornográficos mostra um poeta dos anos 1990 inserido nos tempos atuais, em que a vida efêmera é transportada para uma escrita efêmera, que num tom às vezes dissimulado mostra as nossas feridas. Parabéns, meu velho.

sexta-feira, 9 de maio de 2025

Rosa Clara, restaurante Soberano 5




Mamãe, engraçado ser chamada assim.

- Nunca vou me acostumar, é o que pensa Rosa Clara.

Nunca vou me acostumar com essa rua.
Nunca vou me acostumar com essa criança.
Nunca vou me acostumar.

Ela decidiu ter a criança sozinha. Quer dizer: sempre esteve sozinha?! Quer dizer: o que o "pai" tem a ver com a criança?
Inclusive: - o que qualquer um tem a ver com a minha vida? 
O pai nem sabe que é pai (aliás, não é pai!)

 (Ah, se dona Sinclair soubesse o que eu penso, o que estou planejando, o que vai pela  minha cabeça além das tranças...)

Descobriu a gravidez quando já estava de seis meses. Magrinha era, magrinha ficou, até a criança nascer. Não "gosta" da criança; quer sumir, esquecer "dessa decadência". Teve que aguentar as perguntas da mãe, as reclamações, os comentários da rua; nunca mais entrou no restaurante. 

Sonha em ser estilista, "o nome é uma estrela". Talvez volte ao teatro, talvez. Talvez o cinema, que a rua é cheia de técnicos, produtores, atores e atrizes. A mãe, Sinclair (nome diferente, "estrela", estrela de "boa sorte") foi atriz, e fez um ou outro filme onde mostrou os peitos e partes da bunda. Mas, principalmente, Rosa Clara quer sumir, é um pensamento recorrente.

Rosa Clara pensa tudo entre parênteses, aspas e reticências; assim pensa Rosa Clara.

Rosa Clara pensa em vestidos de noiva.
Vestidos em cores diferentes. Cores ousadas para vestidos de noiva: Rosa Chá, Azul da Prússia, Verde Cana, Pérola, Laranja da China. Off White. Branco prateado.
Vestidos com gola alta, e sem gola. Vestido com calda enorme e sem calda. 
E os buquês? De arruda, comigo-ninguém-pode, flores mortas, Espadas de são Jorge.
Armadura, a noiva entrar de armadura.
De roupa de aviadora.
Branca de Neve.

Os pensamentos vem em cascata, quando percebe Rosa Clara já mudou de caminho, está de novo perto do restaurante, perto dos artistas. A criança dorme, e ela sonha. A rua estrepitosa, as calçadas esburacadas, os vagabundos da esquina. O letreiro: Soberano.

Rosa Clara fez "seis meses" de teatro; o povo achava que ela levava jeito. Fazia papel de mocinha; desse tempo veio a mania, ou hábito, de usar trança. Em teatro se chama "physique de rolê".

Rosa Clara tem orgulho do tempo de teatro, "quase" seis meses. "Pensa" que aprendeu muita coisa. "Sinclair", a mãe, foi atriz; como todos da rua não deixam de lembrar. De uns tempos pra cá (os últimos dez anos) Sinclair entrou em outra fase: "outros papos", "outras ideias". Fala pouco com a filha, aliás passa dias sem ver a filha e a criança:  parece que se esconde. 

Rosa Clara, retoma um pensamento: não se acostumar. Não se acostuma com muitas coisas: com o nome próprio " Rosa Clara", com a rua onde mora, com os vizinhos. Com a criança. Não se acostuma com "os vagabundos da rodinha", " aquele homem nojento" "aquela puta" "o velho idiota" "a puta" "a  vadia" " a biscate". "o Artista".

Acha extremamente decadente a Rua do Triunfo. Em algumas placas ainda está escrito: "Triumpho". Rosa Clara acha ainda mais decadente. O símbolo maior é o restaurante, " Soberano", onde todos se encontram, onde passam a tarde, a noite,  a madrugada  e a vida. "Muito decadente".

19 anos e cansada dessa agonia. 

O pai da criança. O "pai" da criança! Rosa Clara faz um esforço danado para esquecer o nome dele. Mas é olhar para a criança e lembrar do pai (quase esqueceu o nome).
Ele é desses que é artista. Tem nome de americano no cartaz do filme (nome pequenininho) Faz sempre o mesmo papel: amigo do galã. Sabe Deus porque  a criança foi nascer justo dele.

Quando fez dezoito anos Rosa Clara deu para toda a rua, para todo mundo do restaurante: 
 "vagabundos da rodinha", "aquele homem nojento",  "aquele velho idiota", técnicos, produtores, atores e atrizes. Não gostou de mulher, achou decadente.

E justo dele... (a cara da criança é a cara do pai) Feios. A criança e o pai são feios.

Rosa Clara sonha com o Rio de Janeiro, começar vida nova. Rosa Clara quer sumir. Virar estilista. Se virar, deixar a criança numa esquina (ou no restaurante?)

 (Uma passagem pro Rio não custa nem cinquenta contos)

Entra no prédio. (Que decadência!)  O Carrinho de bebê não têm criança.  Esbarra no casal que trepa no elevador (o homem é "aquele homem nojento")

- Que decadência!






quinta-feira, 1 de maio de 2025

neste momento

 

neste momento, que tudo muda
e as estrelas ficam em qualquer lugar
meu coração bate devagar

sexta-feira, 11 de abril de 2025

terça-feira, 8 de abril de 2025

terça-feira, 21 de janeiro de 2025

não veio



a chuva avisando que vinha o dia inteiro
e o céu da cor das botas de pedreiro
não veio, uma marretada nos meus planos desfeitos

sombra



sombra presente
dança atrás
da minha retina

cada coisa em seu lugar



nuvens se aproximando sob esse céu invulgar
as sombras vem chegando
esse é o mundo: cada coisa em seu lugar

arranjo de margaridas



arranjo de margaridas
de longe
as mãos não tocam nelas

esqueço tudo


 
esqueço as maritacas 
a sombra que tudo vai cobrindo
fico na espera de te ver sorrindo

passarinhos se aproximam



uma hora em silêncio
os passarinhos cada vez mais se aproximam
no meu peito espero que façam ninhos 

da piscina



os gritos vem da piscina
por isso sei que são de prazer
não de agonia

tons do verde



tons do verde dependem
da luz solar
meu coração do teu olhar

quinta-feira, 9 de janeiro de 2025

aqui





a gente não pode ficar pra trás
disse alguém lá na frente
mas aqui, é indiferente

terceira estação



terceira estação
caminhando, subindo e descendo
sempre a felicidade de ir e voltar

boom



inédito para mim
este calor, esta emoção.
onde havia abismo
agora age
tambor
que ora escutas
antes da chuva
antes que fujas
não tenhas medo
desse trovão