segunda-feira, 23 de julho de 2012

Coerência da política nuclear brasileira


A  política de estado brasileiro em relação ao uso da energia nuclear é um tema que costuma despertar discussões acaloradas marcadas por posições excludentes.

Os setores que condenam o uso da energia nuclear, e afirmam existir incoerência política do Brasil nesse aspecto, desconhecem as aspirações brasileiras no cenário internacional, e seu desejo de manutenção de soberania.

Esses grupos, que criticam a posição brasileira, podemos chamar de ”ecologistas”. São aqueles que através de números afirmam não ser necessário o uso dessa tecnologia no Brasil pela oferta hidroelétrica, além da possibilidade de uso das ditas tecnologias alternativas - eólica, solar, etc.

Outro fator importante na argumentação desse grupo é o risco que as usinas nucleares representam vide os acidentes de Chernobyl e Fukushima.

Os ecologistas, com seu discurso de conservação da natureza, mantem-se por diversas vezes alheio á temas da política internacional, como o da pressão para a manutenção da posição hegemônica dos EUA no cenário internacional.Pressão realizada através de guerras, corupção, lobbies, tratados, etc.

Setores que podemos chamar de “nacionalistas” defendem o uso da energia nuclear como estratégico para o país.

Entendem que o domínio da tecnologia nuclear é fundamental para fazer frente ao domínio americano, e indo além fazem projeções sobre uma futura demanda por energia nuclear.

O Brasil possui a sexta maior reserva de urânio do mundo. Outros países, como a Índia e a China, não dispõe, ao contrário do Brasil, de recursos hídricos, ou eólicos e solares, e mantendo-se o atual modo de vida no planeta dependerão de urânio para o uso de energia elétrica.

O caso brasileiro, de ser signatário de tratado de não proliferação de armas nucleares, mas possuir a capacidade para tanto, não é isolado. Outros países como Itália e Canadá, não construíram armas atômicas, mas seguem, como o Brasil, desenvolvendo pesquisas nucleares e utilizando energia nuclear para fins pacíficos.

A diferença entre os países citados, Itália e Canadá, é que o Brasil é um país de periferia, que na busca de manter sua soberania e inclusive buscar uma atuação hegemônica no cenário mundial, não pode abdicar de um conhecimento estratégico como o do ciclo de enriquecimento de urânio.

A posição brasileira com relação à energia nuclear  -anterior até ao acordo Brasil e Alemanha que proporcionou a criação da Usina de Angra dos Reis - não revela mudanças significativas nas últimas décadas, mantendo-se dessa forma coerente, fiel a determinados princípios que buscam um papel de maior preponderância no cenário interncional.

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