terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Ninguém diz que eu sou português, mas eu sou um pouquinho.

Meu bisavô Joaquim Loureiro nasceu por volta de 1840, aos pés de Braga. Não sabemos ao certo a cidade, ou aldeia. 
Ficou órfão de pai aos treze anos e embarcou num navio para o Brasil. Chegou ao Rio de Janeiro e ali labutou por cerca de dez anos. Um patrício o convidou a trabalhar numa fazenda de café em Rio Claro, estado do Rio de Janeiro, próximo a Angra dos Reis.
Quis casar com a filha do dono da fazenda, Ernesta Pereira, mas Quincas era pobre. O casamento não foi autorizado.
Quincas e Netinha fugiram uma noite para um quilombo e lá tiveram sua primeira noite de amor. Mas o fazendeiro, pai da minha bisavó, não daria sossego a eles e eles não poderiam  ficar no quilombo. Tiveram que fugir e assim fizeram.
Junto com eles estava Tiana, que serviu de pombo correio na fase do namoro, era negra Mina, negra de casa. Fugiram margeando a estrada de ferro. 
Numa viagem de meses chegaram a Amparo, porque o nome era bonito.
Lá compraram um chácara nos arredores da cidade e tiveram sete filhos. A minha avó, Ernestina era um deles.
Esses filhos tinham um regional. Minha vó tocava bandolim, meu tio Irineu pandeiro, meu tio Benedito violão e minha tia Marcília cantava.
Minha mãe, a Consuelo Loureiro Bueno, filha da Ernestina, não nasceu de olhos verdes. Todos os os filhos do Loureiro tinham os olhos verdes.
Minha mãe adorava ser descendente de portugueses.

Ninguém diz que eu sou português, mas eu sou um pouquinho.

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