sábado, 7 de abril de 2012

As imagens e as Ciências Humanas



O presente texto pretende refletir o teor do diálogo realizado com colegas das disciplinas de Ciências Humanas (Filosofia, História e Geografia) no 2º Encontro Presencial REDEFOR /área CHT.

Um dos objetivos do encontro era reconhecer as aproximações e diferenças na área das Ciências Humanas, para isso fizemos a leitura de dois fragmentos de textos, um de Susan Sontag, O mundo-imagem, e outro de Boris Kossoy, O significado das imagens: além da verdade iconográfica.

O outro objetivo era relacionar o tema proposto com ações em sala de aula e prática docente.

O uso de imagens é amplamente disseminado no cotidiano das aulas das disciplinas das Ciências Humanas: eles assumem a importância de documentos, por exemplo, na disciplina História; são usadas nas aulas de Filosofia para abordar os diferentes pontos de vista possíveis ao observar determinado fenômeno; e dentro da Geografia o uso da imagem é ainda mais disseminado. Que a Geografia quer ser mais que um mapa pendurado na parede todos nós sabemos, porém aos olhos do senso comum nossa disciplina é confundida com a elaboração e interpretação de mapas, que são privilégio da Cartografia. Dentro da Geografia as imagens, sejam os mapas, as fotografias aéreas, as imagens de satélite são os importantes aportes para visualizar a espacialização dos fenômenos.

Os textos citados afirmam a importância das imagens e o quanto somos dependentes delas.

Dos sentidos humanos talvez seja a visão o qual mais dependemos; o fragmento do texto de Susan Sontag é aberto com a afirmação de que “A realidade sempre foi interpretada por meio de informações fornecidas por imagens”. Abrimos os olhos ao despertar, e dessa forma acordamos para vida. Os exemplos humanos da dependência da visão são muitos: “Imagens! Imagens! Imagens!” Assim começa o pequeno grande livro de Jack London, Antes de Adão. London fala nesse livro de nossos ancestrais, os primeiros antropoides, que descendo das árvores extasiavam-se com a quantidade de informações, imagens, e o tormento em como decodificá-las.

O que se trata nos textos é isso: o que está além das imagens? “o significado é imaterial; jamais foi ou virá a ser um assunto visível” (KOSSOY); dessa forma surge à importância do professor que dentro do processo ensino-aprendizagem, indicaria uma imagem, auxiliaria o aluno a entender o que está “ausente” na foto, como contextualizá-la, como codificá-la, como apreendê-la.

Por outro lado a imagem tem a força de uma relíquia, “um vestígio material do tema” (SONTAG). O uso do registro através das imagens, que transforma a realidade em imagem, é uma das características da nossa era; Susan Sontag fala do fracasso do pensamento cientifico e humanístico que não criou “deserções em massa em favor do real”.

O avanço tecnológico, a disseminação da internet, das máquinas fotográficas, são ferramentas que, dentro da realidade da escola pública, serão cada vez mais usadas. Cabe ao conjunto dos professores a imensa tarefa de, usando os suportes tecnológicos de reprodução, usá-los de forma a auxiliar-nos a entender e desvendar os papeis das sociedades no nosso planeta.

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