sábado, 7 de abril de 2012

encontro com famosos # 6 Padre Bogaz:


O Padre Bogaz ficou por dez anos atendendo a comunidade do Bixiga, aqui na nossa Igrejinha da Achiropita, que eu chamo também de Catedral da Bela Vista. Ele nos recebia na porta com aquele sorriso de Clark Kent e a dignidade moral de um condutor religioso. E eu tive o orgulho de ser cumprimentado por ele, que lembrou o meu nome.
 Esse homem enfrentou muita resistência, pois o pároco anterior foi o Toninho, um santo. Mas ele foi dobrando aquela oposição e ao final de sua etapa cumprida aqui entre nós, ele deixou muita saudade. Eu fui á missa de despedida dele e foi a vez que eu vi a igreja mais lotada, muita gente de pé e cadeiras sobressalentes e encontrei muita gente querida, como a Dona Geni, minha mais que  querida , que me chama de comunista e  disso nós dois nos enchemos de orgulho.

Amanhã é Páscoa; hoje leio o livro do Padre Bogaz, que também é cineasta, além de filósofo e poeta. O livro é "A celebração litúrgica e seus dramas"; nele o padre  fala que o " centro absoluto da vida cristã é o mistério pascal de Jesus Cristo".

Efetivamente eu não sou católico, apesar de toda liturgia sedimentada pelos ensinamentos de minha mãe, pela constante oração que eu repito várias vezes ao dia, pelo respeito que eu tenho pela nossa Madona da Achiropita, por San Giuseppe, e pelo Gesu Bambino. Eu não me ligo é no ritual da missa,isso para não dizer dos crimes da igreja católica. Não faço parte de nenhuma igreja, e gosto de muita gente perguntar se eu sou crente, ou espirita; tudo é mistério.

 
Pouca gente, ou poucas coisas, me revelaram, ou  eu vi fazerem brotar, o mistério. Mas ao assistir a umas poucas missas celebradas pelo padre Bogaz eu presenciei um momento de magia: o milagre da transubstanciação, executado pelo padre. Aquilo, o milagre,e efetivamente a transubstanciação, acontecia. E Jesus estava ali, e nós partilhávamos de sua presença. Uma coisa santa. O padre Bogaz fazia  uma coisa mesmo de Padre.

Na missa de despedida do Padre, que foi para Rio Claro, eu beijei a face dele como a de um irmão e a suas mãos como as de um padrinho. O Padre dignificou a igreja em sua passagem e, com toda a magia da transubstanciação me colocou, como pouquissíma gente, dentro, e a par, do mistério.

Nenhum comentário:

Postar um comentário