sábado, 28 de abril de 2012

encontro com famosos # 7, Milton Santos


Estávamos na rampa do prédio da Geografia na USP, eu e meu amigo Bira, detonando tudo e todos e dando risadas e fazendo planos.

Vejo o professor descendo. Obviamente, visivelmente, lendo o que ele escreveu, ouvindo-o, sob qualquer aspecto, ele era um Soba, ele é um Soba, pois quem é rei nunca perde a majestade.

O Bira, sempre disposto a uma polêmica, comenta sobre o livro, Por uma nova Geografia:

- Ei, professor. Esse seu livro é cheio de citações , nota de rodapé, é chato de ler!

O Professor Milton Santos sorri e diz:

 - Pule as partes que achar chatas!

Eu, por minha vez sempre buscando a conciliação, pergunto:

-  E o rap, professor?  Achei muito interessante uma entrevista do senhor falando sobre música, sobre música jovem...

O Professor conversa comigo. Diz que tem um filho jovem, fala da emergência da música de protesto da juventude negra, do uso dos samplers, das batidas pre-programadas e até o uso, a apropriação de bases,  de outras músicas, para a feitura de uma outra música.

Falando sobre rap eu me entendi muito bem com professor. Ele era alegre, muito fácil falar com ele. Conversamos ali alguns poucos minutos, e o professor desceu a rampa, pois a sala dele na USP ficava no porão.

O Professor Milton Santos, muitos títulos, muitos livros, muito tudo; humilde, bonito, um guerreiro, uma bandeira, uma fala gostosa de se ouvir, uma pessoa doce, um bom baiano, um intelectual, uma centena de livros publicados, um super herói, o mundo aos pés do Milton Santos, usava uma sala no porão da USP.

O Professor Milton Santos, muitos títulos, muitos livros, muito tudo; humilde, bonito, um guerreiro, uma bandeira, uma fala gostosa de se ouvir, uma pessoa doce, um bom baiano, um intelectual, uma centena de livros publicados, um super herói,  o mundo aos pés do Milton Santos, usava uma sala no porão da USP.

O Professor Milton Santos, muitos títulos, muitos livros, muito tudo; humilde, bonito, um guerreiro, uma bandeira, uma fala gostosa de se ouvir, uma pessoa doce, um bom baiano, um intelectual, uma centena de livros publicados, um super herói, o mundo aos pés do Milton Santos, usava uma sala no porão da USP.

É isso, cinco  vezes para não esquecer:

- O Milton Santos usava o porão da USP!

Milton Santos, responsável pela visibilidade da Geografia, pela Geografia fora da sala de aula, fora do mundinho da USP, uma pessoa acessível, um dos pouquíssimos grandes brasileiros, intelectual, uma pessoa acessível e genial, andando de chinelo e com camisas multi coloridas, um grande homem, não usava o laboratório de urbana da USP.

O laboratório de Urbana era das "meninas". Tá bom.

O Milton Santos não foi estudado como deveria ter sido na  Geografia da USP, não foi recomendada a leitura dele enquanto eu estive lá, a não ser o já citado livro,  e foram dez anos que eu fiquei na USP!

veja aqui muito sobre ele : http://miltonsantos.com.br/site/

Quando eu comecei a dar aulas, no primeiro dia de aula no EJA lá no Heliópolis, eu falei do Milton Santos. Falei  do livro: Por uma outra Globalização. Falei da farsa da globalização, da perversidade dela.

Falei  do otimismo do professor Milton Santos afirmando que os pobres é que tem a capacidade de mudar tudo, de a partir da convergência dos momentos, do acesso as técnicas, mudar o jogo e fazer um novo mundo.

Acho que eu assustei os alunos, que ouviram tudo sem saber direito o que era farsa, perversidade, ou globalização; ou que ali houvesse algum pobre, ou que fosse o pobre que fosse mudar o mundo, ou sobre a convergência dos momentos, ou sobre o que é ser um intelectual negro no Brasil, mas no fim do ano eu ganhei duas camisas deles, e uma festa de aniversário.

Penso que ganhei a  festa e as camisas, e muitos abraços, porque com o passar do tempo eu passei a falar de rap e aí eu e meus alunos  passamos a nos entender muito bem.

Um comentário:

  1. Oi Amigo. As vezes fica difícil falar de alguem que gostamos, que achamos divertido; que lembramos em vários momentos da vida rindo, contando um "causo", cantando um samba... e enquanto vemos tudo isso, essa pessoa querida se transforma [é claro que nos transformamos também. rsrs] e fica mais atraente mais criativa, mais séria, mais madura... Estou adorando "crescer" e "amadurecer" distante porém junto com você...ao mesmo tempo. Continue seguindo, eu também ando observando e aprendendo, com você! Abraços! Katia Valeriano

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