quinta-feira, 31 de maio de 2012

fossemos fogo




Fossemos fogo
outra coisa qualquer
com vontade própria
usurpada extirpada
queimaríamos

Tivéssemos o desejo 
perfurada pelo vento
pelo sopro involuntário
de um desses deuses sem nome
arderíamos

Fossemos fogo
nossos corpos
do torpor se ergueriam
rasgaríamos as vestes
uma luta de travesseiros faríamos

Mas aqui o telefone não toca
seguimos invisíveis
sem sequer sorrir
desintegrados aos montes
feito cinzas que o fogo não tocou

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