sexta-feira, 11 de novembro de 2016

agarrado ao Machado


sento no lugar que havia pra sentar, de costas para onde o trem ia me levar, tenho medo da cinetose, mas não posso evitar a fissura de terminar o livro. não me pergunte quantas vezes eu li esse livro.
na outra estação entra um cara, meio viado, mas hoje em dia, como mamãe já dizia, todo mundo é meio viado.
estava a ler o capítulo que eu mais gosto, está ali, quase ali, quase eu li, o mistério, mas o mistério, bem compreendido, nunca termina, em algum lugar do passado, fica esboçado, por metáforas, o mar, minha vida, como um marujo conta o seu naufrágio?

fecho o livro. o cara tem um escorpião tatuado na mão, coisa de cadeeiro, ou como papai já dizia, são quase todos uns porcos com essas tatuagens, fala:
- Ah! Dom Casmurro... esse Escobar, mas não vou falar, você ainda não terminou o livro...
- Esse é aquele livro que nunca termina.

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