sábado, 5 de novembro de 2016

escrevo


escrevo,ora te escrevo 
embora estas linhas, creio 
não te sirvam, assim penso 
desde que, 
caminhos separados, 
memória daquela tarde 
em que juntos 
cada um partiu para um lado 
sem aceno 
nem último desejo 
somente mal estar 
escrevo, assim te escrevo  
estas linhas ,embora, 
pareça-me cada vez mais 
tango desesperado 
chuva em feriado 
luto fechado 
gato preto estatelado 
fudido, atropelado 
escrevo, mas a chuva 
embora as linhas 
não cheguem 
a avenida a separar tudo 
carros estacionados 
trânsito congestionado 
ali mais longe 
um grande muro 
branco caiado 
a espera das linhas 
que, ora, te escrevo 
embora estas linhas 
cá comigo penso 
sirvam pra quê? 
escrevo embora a certeza 
teu coração pequeno 
cada vez menor o tempo 
capaz que um capote pegue bem 
ainda que não percebas 
escrevo 
embora 
disco riscado 

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